polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

domingo, abril 30, 2006




CEP 80.000-000


Tudo que no papel revelo
É memória do que desejo.
Fecho a carta com o selo
E remeto ao meu endereço.

( Thadeu, Edson e Otávio)

Tanka, minha rottweiller, quando tinha 6 meses.





Cachorro também é gente.


Calor. O sol é a bola da vez.
Hoje foi o dia mais quente do mês.
Até meus cachorros pediram água,
Quando sentiram secar-lhes a baba.

Mas não falaram em bom português
Ou eu é que não entendi talvez.
Os dois vidrados olhando pro nada,
Como uma pessoa hipnotizada.

Mas olhando pra onde olhavam
Eu vi o que viam, paralisado.
Os raios solares incendiavam

O horizonte de cabo a rabo.
Ficamos os três entre um au e um oh,
O sol agora é um tombo só!

Antonio Thadeu Wojciechowski

sábado, abril 29, 2006





profissão de fé


esse recipiente que eu ocupo
é vaso ruim mas um dia quebra,
assim como acontece com tudo:
o que foi, o que é e o que era!

nada permanece, não me iludo,
o que me entristece, o que me alegra,
o que me faz falar ou me põe mudo,
o que me segura, o que me acelera.

mas se o corpo é morada e ruína,
na alma vejo a luz que o céu inflama
e a imagem e semelhança como sina.

nenhum inferno ou diabo me dana,
todo pensamento purificado
tem um deus por trás, na frente, ao lado!

Antonio Thadeu Wojciechowski


sexta-feira, abril 28, 2006





Eu e mais ninguém


Madrugada. Ninguém na rua. Só eu,
Pensando em versos, caminho em paz.
O céu está limpo. Como um camafeu
Preso, a Máquina Pneumática jaz.

Ter constelações e não ser capaz
De amar, de lembrar o que se perdeu
E infinitamente querer mais
Do que a emoção que essa noite me deu.

Ser poeta, equívoco da criação,
Caminhar à noite como um zumbi,
Sozinho ser mais que uma multidão.

Ah! uma dor assim eu nunca vi...
Dói e essa lágrima que vem de fora
É toda a beleza que garoa agora!

Antonio Thadeu Wojciechowski



quinta-feira, abril 27, 2006





saúde?!


ao querido amigo Rodrigo Ponts


tem dias que eu encho o caveirão até vazar
me sinto uma ilha cercada por todos os lados
latas, garrafas, copos e tocos de cigarro

às vezes, lembro do Marcos, do Leminski,
amigos que amei e bebi e fumei até morrê-los
todos poetas em tudo, nesse tudo agora mais

é tão difícil não tê-los mais por perto
o camelo traz em seu corcovado
um cristo pregando no meu deserto

tenho essa sede que não pára
antes que o corpo caia como um copo que cai
e é assim que minha vida vai

não ter tristeza suficiente para mais uma lágrima
nem alegria para um brinde contagiante
apenas esse arrastar como se eu já estivesse mais adiante

tenho de parar de beber, de fumar, de estar sempre no limite
caso contrário sou mais um dessa estirpe rara extinta
mas isso não é o pior que pode acontecer, acredite

antonio thadeu wojciechowski



quarta-feira, abril 26, 2006




Polaco da Barreirinha, na lente de Albert Arcoverde, ontem no Wonka.

um bom poema é sempre bem-vindo



o terceiro

a estranheza,
com as suas garras de dúvidas afiadas
com seus medos de dentes pontiagudos
dilacera o espaço exíguo
do amor confinado à lembrança

a estranheza,
ao ser pressentida,
já mordeu sem doer
já arranhou sem lamber
infinitas vezes a mesma ferida

a estranheza,
é como um felino a mais
numa jaula onde só cabem dois.


Fraga

terça-feira, abril 25, 2006

Convite pra hoje




Thadeu no Wonka, hoje, 23 h.


hoje entro com tudo lá no wonka
violão, poemas e sabe deus o que mais
adoro declamar, cantar, acho demais,
a adrenalina sobe e eu meto bronca

tem gente que até fica meio louca
não participou de outros recitais
eu, vocês sabem, não durmo de toca
e isso desde outros carnavais

poesia é conversa inteligente
não vou lá pra fazer sala a ninguém
nem faço nada antecipadamente

tudo sai de mim do jeito que vem
e se você acha que agüenta o rojão
vale a pena vir pra festa então!

Conto com a presença .
Antonio Thadeu Wojciechowski



segunda-feira, abril 24, 2006

Um bom dia pra todo mundo



Um belo dia...


acordei mais cedo que de costume,
lá fora o céu ranzinza anuncia chuva,
está frio, o outono mostra seu azedume
e eu uma camiseta a mais sob a blusa.

faço um café bem forte, quase rude,
que, quentinho, cai como uma luva.
ah...ficar feliz faz bem à saúde...
sorrir também, até o semblante muda.

é... estou bem aqui na barreirinha,
apesar de pouco trabalho e curta
a graninha, isso não me desanima.

tenho feito tanta poesia, música
e lido tantos livros geniais
que nem sinto mais falta dos meus ais!


Antonio Thadeu Wojciechowski

sábado, abril 22, 2006

Mui Bueno, Wilson

O Wilson Bueno que, como um Átila, pouco a pouco, vai conquistando continentes, escreveu este belo texto abaixo para o livro do Dante Mendonça. Fiquei realmente envaidecido com a dedicatória. Obrigado por esse gesto e por estar, com os seu livros, projetando esta empolacada Curitiba aos olhos do mundo.
Com um forte abraço do Polaco da Barreirinha.

WILSON BUENO/ ESPECIAL PARA LIVRO DE DANTE MENDONÇA

Não haverá mais polacos?


Tenho para mim, que é sempre tempo de homenagear os polacos, esta gente que conosco construiu boa parte da mais recente história paranaense. Amo os polacos e tenho por eles uma empatia que, como dizia minha saudosa Helena Kolody (uma “quase-polaca”...), se perde “na trevosa noite dos tempos”.
Foi com eles, os polacos, que a família, recém-chegada do Norte pioneiro, migrantes de cara encardida e modos bugres, aprendemos a fazer as compotas de pepino, além do chucrute em folhas de parreira que embora não seja uma iguaria tipicamente polaca, eles dominavam à perfeição.
Nas discórdias, comuns nas vilas proletárias de então, nos xingavam - “negrada!”; nós, de nosso lado, cuspíamos o insulto escabroso - “polacada azeda!”... No fundo, e na superfície, em tudo éramos iguais. E a nostalgia bate espessa a cada vez que, por um motivo ou outro - agora, foi uma comovente exposição no Museu Paranaense, chamada Raízes do Paraná -, me vejo às voltas com eles, os polacos. Misturou-se nossa vida de tal modo à deles que, por vezes, me sinto um polaco inteiro...
Por certo não é índio, nem bugre, o sentimento em que me flagro, com freqüência, a chorar pitangas e amoras. Também me vem deles, dos polacos, e sinto isso quase como uma matéria táctil, o incurável lirismo que já me integrou o perfil e o jeito - irreversivelmente.
Não para menos, leitor: ao tempo em que, crianças, ainda existiam os filhos de legítimos polacos vindos da velha Polska, me criei com eles, rolando nas brigas infames no chão de terra da Visconde de Nácar; ao lado deles estudei nas escolas públicas; com eles, o jogo do bafo das balas Zéquinha.
Além, claro, do privilégio de conviver, da adolescência até o último dia de sua breve vida, com, dos polacos, o mais insigne - o poeta Paulo Leminski. A quem eu chamava de “Pablo”, como a seu irmão, outro polaco inolvidável, que, sendo Pedro, passou a se chamar “Piotr”, entre os íntimos.
Com ambos revirei as noites cachorras da Curitiba daquele tempo e pusemos, mais de uma vez, nossa vida ao avesso, não é mesmo Jaime Lechinski? Ou me desminta aí poeta Thadeu Wojciechowski! E juntos compusemos sonetos, canções, haicais. E nos passeios e escaladas ao Marumbi, melhor do que nós ou a memória de nós, que o digam mochilas, violões, estrelas...
Olho lá longe, e em meio à lembrança de meus mortos queridos, o que vejo lá é mais que um quadro de Andersen invadido pelo entardecer de Curitiba. Na memória antiga, vislumbro, como a uma fotografia, a velha “ômama”, lenço na cabeça, sentadinha numa solitária cadeira posta no quintal, o avental sobreposto ao comprido vestido até os pés - estes, por sua vez, enfiados nas meias e nos chinelos. À volta dela, muito eretos, rindo, sujinhos, as franjas cor de milho, quatro ou cinco polaquinhos - endiabrados.
Olhar lá atrás, assim, é quase uma lágrima.

(Ao Thadeu Wojciechowski)

Wilson Bueno

sexta-feira, abril 21, 2006




Eu gosto tanto da Luana.


ao amigo Helder Linhares

to precisando muito do teu colo
pra esconder meus olhos da escuridão

to precisando do teu beijo de me ninar
de arrumar meu travesseiro
de me cobrir
de me vestir de noiva

porque só você mesmo pra me cuidar
pra me tirar da mão o copo
pra me chamar pra dançar
pra devolver meu fôlego
e limpar as lentes dos meus óculos

to precisando da tua calma fria
da tua dor pungente
da tua mão
tua não-alegria

to precisando de você aqui
pra me fazer cafuné
e me deixar chorar sossegada

to precisando da tua moto
indo me buscar num bar
dois capacetes numa mão
e isso tudo na outra.


Luana Vignon




Uma homenagem genial para o Marcos Prado. Clic e confira.

quinta-feira, abril 20, 2006

Dias desses fui entrevistado no programa Enfoque da TV Educativa, via satélite para o mundo. É legal isso. Com a divulgação do meu email e endereço do blog, cresceram as visitas e as correspondências. Mas isso não tem importância. O que importa mesmo é o fato de eu não ter deixado escapar a oportunidade de apresentar a esse público 3 nomes que, ao que tudo indica, ainda vão dar o que falar: Alexandre França, Luiz Leprevost e Fernando Koproski. Na verdade, eles não são 3 são 4, porque cometi uma falha imperdoável ao me esquecer do talentosíssimo Ivan Justen (prometo, na próxima eu esqueço dos três e lembro só de você). Não sei se isso é relevante, mas eu me sinto na obrigação de falar das pessoas que de uma certa forma me abastecem, recarregam minhas pilhas. E principalmente dos novos que ainda não têm espaço na mídia para divulgar seus trabalhos. Agora o Leprevost, pra sorte nossa, está lá no Rio. E dia 23 de abril, às 19 h, na Livraria da Travessa – TRAVESSÃO – vai lançar seu livro de poemas ODE MUNDANA, numa grande festa regada a vinho e Funkeiras da Bunda Redonda. Você aí, é você mesmo, vai lá, pois é dia de São Jorge e pode pintar o dragão da tua vida. Eu ainda não sei se vou, mas o Chacal, Zoiúda, Roque, Saraiva, a Tia Leda, Cláudia, Peri, o Mário, o Loxas e o Xunda com certeza estarão lá. Ô, Chacal, dá um toque no chacalog. A poesia do rapaz pega na veia. Bom, é isso aí. Tchau e bênção, do polaco da barreirinha.


Para os que não leram ainda o livro e não sabem o que estão perdendo,
aí vão três poemas sobre o único assunto que interessa a todo mundo.



amor impróprio

sete flechas de cupido
me pegaram para são sebastião
sete pragas do egito
a um homem bastarão

e agora, josé, como é que eu fico
todo vazado de paixão?
eu que era tão bonito
perdi pro tempo a feição

tantas me fizeram feliz
quantas foram as que eu quis
ninguém se sente mais traído
do que eu o estúpido cupido


história de amor perdido

amor é marca indelével
cicatriz pavorosa no espírito
como ferida em hemofílico
no corpo que não mais é meu

todo mundo tira da reta sua culpa
mas no julgamento só dá réu
não tem um que se salve e vá pra céu
é o que dá cutucar amor com vara curta



história de amor perdoado

você não tem perdão
mesmo assim está perdoada
dizem que sou machão
que resolvo tudo na porrada

isso é só do punho pra fora
em mulher não se bate nem a pedido
que dirá com o espinho da rosa
mas fui o primeiro a saber apesar de marido


Se vc quiser comprar o livro, veja em post anterior a melhor forma de fazê-lo.

quarta-feira, abril 19, 2006


Meu grande amigo Guilherme Silveira Dias vive me dando motivos
para eu gostar ainda da mais da vida e do que faço.





poeminha com profunda indignação sobre as nefastas e escandalosas roubalheiras nesse brasil nos últimos 506 anos


é difícil falar com propriedade sobre a ladroagem
a não ser que roube valiosos momentos
de minha preciosa vida
para transformá-la em ourina


Thadeu e Édson


segunda-feira, abril 17, 2006

Feliz dia do amigo pra todos vocês.

Cláudio Fajardo, Carlos Careqa e Thadeu, no Bar Palácio, by Rafael.


Amigo é pra essas coisas

Todo dia é dia, toda hora é hora,
Meus caríssimos amigos! Na minha
Casa, a porta aberta diz onde mora
A intenção sincera que, como um ímã,

Além de atraí-los, já sem demora,
Há, também, de, em nossa companhia,
Alegrar-se toda a partir de agora.
Cheguem mais! Vamos aquecer o clima,

Com canções, bebidas e alguns poemas.
Jogo um naco de carne na brasa
E, pronto. Está feito o estrago!

Podem falar ao mesmo tempo. Serenas,
As discussões não estariam com nada.
No grito, certo só o arranca-rabo!

Thadeu


leio sempre que posso
mas não tanto quanto gosto
é um grande negócio ler
todo bom autor sem querer
acaba virando meu sócio
é que as boas idéias ensinam
divertem, educam, brincam
mas o melhor da obra prima
vem quando a leitura termina
tenho a alma a salvo do perigo
e no mundo um grande amigo


Thadeu

domingo, abril 16, 2006

Dia desses, o Rodrigo e o Ferreira me pediram um texto sobre samba e futebol. Dei uma pesquisada na Internet e em alguns livros e achei algumas coisas interessantes, sobre a origem do carnaval, do samba e desse dia de Páscoa, após 40 dias de quaresma. Um pouco de história não faz mal a ninguém.


Samba, carnaval e Quaresma de onde veio tudo isso?


Haja alegria! Carnaval é carnaval e o resto do ano serve para os preparativos dessa que, com certeza, é a maior manifestação cultural do nosso planeta azul. Unindo todas as artes e o folclore, festejado durante quatro dias (isso pelo calendário oficial porque, na prática, já ultrapassa duas semanas em alguns locais) o carnaval faz todo mundo balançar e cair na folia pra valer. Me incluam fora dessa. Alegria e animação são a tônica dessa verdadeira loucura que toma conta da alma e do corpo dos brasileiros. Cada um faz o que pode pra ver quem mais sacode, nas ruas, salões ou nos sambódromos.
As origens dessa festa se perdem no registro milenar da História da Humanidade. Na verdade, essa discussão já deu muito pano pra manga, no entanto, a ausência quase que total de documentos e registros de época praticamente inviabiliza qualquer tentativa de se dar uma versão final para o assunto. Alguns historiadores teimam em afirmar que a comemoração tem suas raízes em alguma festa primitiva, realizada em honra ao início da primavera. O certo é que há quase uma dezena de milhares de anos, a turma do funil já pintava o rosto e o corpo, deixando-se levar pela fuzarca da boa. Na Grécia antiga, a coisa não era diferente e Dioniso, o deus homenageado, inspirava a turma a botar pra quebrar e cair de boca nos comes, bebes e matar a pau outros apetites. Mas, os romanos querem pra si a paternidade (esses romanos são uns loucos!) e afirmam que o carnaval surgiu durante o período do grande império com as festas em homenagem a Saturno - o Deus do tempo. Essas Saturnálias, como eram chamadas, eram protegidas por Baco, o deus do vinho, e o grande negócio era cair na gandaia, ou melhor, na orgia total. Pelos relatos da época, o carnaval de hoje em dia é coisa de freirinhas se comparado ao que esses caras aprontavam. Se bem que tem ainda quem se escandalize com algumas fantasias mais ousadas dos nossos desfiles e bailes. Mas isso não tem importância, a verdade é que todo brasileiro adora dar seus pulinhos e jogar confete.

A Igreja também dava seus pulos.

Muito liberal, o carnaval era coisa do demo aos olhos da Igreja, que, mesmo pulando de raiva, teve que criar o calendário das festividades, com receio de perder fiéis, dinheiro, prestígio e não poder controlar a euforia da turba ignara. Daí nasce a quaresma, estabelecendo que os quarenta dias antes da Páscoa deveriam ser apenas para orações e jejuns. O nome e a data da festa também mudaram, chamada então de Carnevale - adeus à carne - e a ser festejada antes da quaresma. Pronto, agora todo mundo pode putear à vontade e depois tem 40 dias pra pagar os pecados.

Aqui o carnaval deu samba de verdade.

O carnaval dá suas graças por aqui no século XVIII, via Portugal, onde era chamado Entrudo, ou seja, introdução ao período da quaresma, desde o século XV. As comemorações eram bastante alegres e pitorescas, se bem que de gosto duvidoso, pois além de água, lama, tinta e lixo, o pessoal fazia guerra com excrementos humanos e de animais. Imaginem a merda. Por sorte nossa, a festividade já chegou aqui um pouco mais civilizada. Batizada de Rancho, era uma mera cópia das festas francesas, onde carros com alegorias e muito luxo desfilavam ao som de óperas. Mas isso era coisa pra rico e gente empoada de nariz pra cima. O povão queria mesmo é botar o bloco na rua, então, a coisa ficou mais pra Entrudo do que pra Rancho, até a sua total proibição pela nobreza e igreja. Tudo acabou. Os bailes em locais fechados não tinham a mesma graça, e, no início do século XX não se falava mais em Entrudo. A consolidação do carnaval no Brasil aconteceu em 1917, no mesmo ano da gravação do primeiro samba brasileiro "Pelo Telefone". Com sucesso rápido e estrondoso, o samba ganhou definitivamente as ruas.
Nascido da influência de alguns ritmos europeus e africanos, foi sofrendo modificações por variadas contingências como econômicas, sociais, culturais e, mesmo, musicais. Denominado "semba", foi também chamado de umbigada, batuque, dança de roda, polca, lundu, chula, maxixe, batucada e partido alto, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente. Na verdade, todos esses ritmos foram se misturando até se transformar no samba como conhecemos.

"Nos primeiros tempos da escravidão, a dança profana dos negros escravos era o símile perfeito do primitivo batuque africano, descrito pelos viajantes e etnógrafos. De uma antiga descrição de Debret, vemos que no Rio de Janeiro os negros dançavam em círculo, fazendo pantomimas e batendo o ritmo no que encontravam: palmas das mãos, dois pequenos pedaços de ferro, fragmentos de louça, etc.. "Batuque" ou "Samba" tornaram-se dois termos generalizados para designarem a dança profana dos negros no Brasil." (Henrique Alves, no livro Sua Ex.a o samba.)

Mário de Andrade aponta para outras origens tanto para o termo como para a dança. Segundo ele, bem poderia vir de "zamba", tipo de dança encontrada na Espanha do século XVI, além de mencionar o fato de que "zambo" (ou "zamba") é o mestiço de índio e negro.

Samba que é samba tem a alma de bamba

No Rio de Janeiro, então capital federal, a história do samba se dá quando acontece a transferência da mão-de-obra escrava da Bahia para o plantio do café no Vale do Paraíba. A abolição da escravatura e o declínio do café, que se seguiram, acabaram liberando grande leva de trabalhadores braçais que somada à volta dos soldados em campanha na Guerra de Canudos elevou significativamente o número de trabalhadores na capital federal.
Muitos desses soldados trouxeram consigo as mulheres baianas, com as quais haviam se casado. Essa comunidade baiana , na sua maioria formada por negros e mestiços, foi morar em bairros próximos à zona portuária, onde havia necessidade do trabalho braçal. Em pouco tempo, as festas, as danças e as tradições musicais foram retomadas, incentivadas sobretudo pelas mulheres, quituteiras em sua maioria e versadas no ritual do candomblé. Foram elas as grandes responsáveis pela manutenção dos festejos africanos cultivados naquela redondeza, onde predominavam lundus, chulas, improvisos e estribilhos.
Entre elas estavam tia Amélia, mãe de Donga, tia Prisciliana, mãe de João da Baiana, tia Veridiana, mãe de Chico da Baiana, tia Mônica, mãe de Pendengo e Carmen do Xibuca, e a mais famosa de todas, tia Ciata, pois foi em sua casa, que o samba viria a ganhar forma, que, finalmente, se adaptava ao compasso do desfile de um bloco carnavalesco. No quintal da casa de tia Ciata, a festa era permanente, por ali passaram ritmistas, compositores e verdadeiros mestres da música popular.

Qual é o verdadeiro samba?

Donga: Ué, samba é isso há muito tempo:

O chefe da polícia
Pelo telefone
Mandou me avisar
Que na Carioca
Tem uma roleta para se jogar...

Ismael: Isso é maxixe!

Donga: Então o que é samba?

Ismael:
Se você jurar
Que me tem amor
Eu posso me regenerar
Mas se é
Para fingir, mulher
A orgia, assim não vou deixar

Donga: Isso é marcha!"



Na verdade, a aparição do samba se deve à acomodação de diversos gêneros musicais que se sucederam ou se "complementaram" ao longo do tempo. O exemplo da discussão acima, registrado por Maria Theresa Mello Soares, no livro O sambista que foi rei,
ilustra claramente o tipo de confusão gerada pelos novos ritmos populares do início do século XX.

A polêmica Pelo telefone.

O samba é tão cheio de manhas e malandragens que já nasceu de uma safadeza. Ou melhor, de uma apropriação indébita de composição musical que teve como protagonista Ernesto dos Santos, ou melhor, o Donga. A autoria de Pelo telefone - tango, maxixe ou samba, na época não se definia bem a sua classificação - gerou ruidosa polêmica no meio artístico carioca, provocando atritos, discussões e inimizades. Na verdade, aconteceu o seguinte, em muitas reuniões de samba de partido alto que ocorriam no terreiro de tia Ciata, que era freqüentado por sambistas, músicos, curiosos e jornalistas, a criatividade corria solta. Todo mundo dava seu palpite e assim nasceram algumas canções com muitos autores. Estavam sempre por lá Donga, Sinhô, Pixinguinha, João da Mata, Mestre Germano, Hilário Jovino e Mauro de Almeida. Este último teria escrito os versos dessa criação coletiva intitulada originalmente de Roceiro, executada pela primeira vez como tango em um teatro da rua Haddock Lobo, em 25 de outubro de 1916. Vendo a repercussão da música, Donga não hesitou em registrá-la em seu nome com o título de Pelo telefone, aparecendo então como o único autor e gerando toda a confusão que por muito pouco não acaba em pancadaria. 1917 é um marco na música brasileira de raízes populares e urbanas, graças a esse lançamento, considerado por muitos o primeiro samba oficialmente registrado no Brasil. A partir de então, o samba - que já se anunciava pelo lundu, maxixe, polca, tango e a habanera - individualizou-se, adquiriu vida própria, tornando-se definitivamente um gênero musical.
Segundo Renato Vivacqua, no livro Música Popular Brasileira: histórias de sua gente “um fato até então inédito acontece: os clubes carnavalescos, que nunca tocavam a mesma música em seus desfiles, entraram na Av. Central tocando e cantando Pelo telefone".

Escolas de samba


"As escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro por volta de 1920. A crônica do carnaval descreve o cenário então existente na cidade de forma nitidamente estratificada: a cada camada social, um grupo carnavalesco, uma forma particular de brincar o carnaval. As Grandes Sociedades, nascidas na segunda metade do século XIX, desfilavam com enredos de crítica social e política apresentados ao som de óperas, com luxuosas fantasias e carros alegóricos e eram organizadas pelas camadas sociais mais ricas. Os ranchos, surgidos em fins do século XIX, desfilavam também com um enredo, fantasias e carros alegóricos ao som de sua marcha característica e eram organizados pela pequena burguesia urbana. Os blocos, de forma menos estruturada, abrigavam grupos cujas bases se situavam nas áreas de moradia das camadas mais pobres da população: os morros e subúrbios cariocas. O surgimento das escolas de samba veio desorganizar essas distinções." , afirma a historiadora Maria Laura Cavalcanti.


O Estácio, tradicional bairro de bambas, boêmios e tipos perigosos - o índice de vadiagem na região era grande devido ao excesso de mão de obra e a escassez da oferta de trabalho - situava-se geograficamente perto do morro de São Carlos e também da Praça Onze, local dos desfiles, o que facilitava a troca cultural.
O livro Música Popular Brasileira: um tema em debate, de José Carlos Tinhorão é esclarecedor: "Esses bambas, como eram conhecidos na época os líderes dessa massa de desocupados ou trabalhadores precários, eram, pois, os mais visados no caso de qualquer ação policial. Assim, não é de estranhar que tenha partido de um grupo desses representantes típicos das camadas mais baixas da época - Ismael Silva, Rubens e Alcebíades Barcellos, Sílvio Fernandes, o Brancura, e Edgar Marcelino dos Santos - a idéia de criar uma agremiação carnavalesca capaz de gozar da mesma proteção policial conferida aos ranchos e às chamadas grandes Sociedades, no desfile pela Avenida, na terça-feira gorda."

De fato, foi um drible a la Garrincha nas autoridades, realizável apenas por aqueles que cedo aprenderam a conviver com a repressão, tendo que buscar soluções viáveis para a sua existência cultural. Assim, a Deixa falar do Estácio entrou na avenida naquele ano de 1929 como um bloco, totalmente legitimada e protegida pela polícia, ao som de um ritmo saltitante e uma nova batida, capaz de provocar a euforia de qualquer folião: a batucada. A novidade foi um sucesso tão grande que já no ano seguinte apareceriam cinco novas escolas. E partir daí acontece o que a gente já sabe.

"O estilo antigo não dava para andar. Eu comecei a notar que havia uma coisa. O samba era assim: tan tantan tan tantan. Não dava. Como é que um bloco ia andar na rua assim? Aí a gente começou a fazer um samba assim: bumbum paticumbumpruburundum.". Depoimento de Ismael Silva dado ao jornalista Sérgio Cabral.

Quantos sambas o samba é.

Tem samba pra todo tipo de gosto. Os principais são:

. Samba carnavalesco - sambas criados e lançados exclusivamente para o carnaval
. Samba raiado - o mesmo que chula raiada ou samba de partido-alto.
. Samba batido - variante coreográfica do samba existente na Bahia.
. Samba de morro - autenticamente popular surgido no bairro do Estácio e que teve na Mangueira, um dos seus redutos mais importantes a partir da década de 30.
. Samba de terreiro - não incluído nos desfiles carnavalescos. Cantado fora do período dos ensaios do samba-enredo, servia para animar as festas de quadra.
. Samba canção - nascido na década de 30, foi lançado por Aracy Cortes em 1928 com a gravação Ai, Ioiô, de Henrique Vogeler. Foi o gênero da classe média por excelência e suas letras eram quase sempre românticas. A partir de 1950, teve grande influência do bolero e de outros ritmos estrangeiros.
. Samba enredo - criado pelos compositores das escolas de samba cariocas em 1930, tendo como base um fato histórico, literário ou biográfico. É o tema do samba-enredo que dá o tom do desfile em suas cores, alegorias, adereços e evoluções da escola na avenida.
. Samba choro – nasce a partir do fraseado instrumental do choro. Entre os primeiros do gênero estão Amor em excesso, de Gadé e Walfrido Silva, em1932; e Amor de parceria, de Noel Rosa, em 1935.
. Samba de breque: variante do samba-choro, se caracteriza por um ritmo acentuadamente sincopado com paradas bruscas chamadas breques, designação popular para os freios de automóveis. Essa paradas servem para o cantor encaixar as frases faladas, conferindo graça e malandragem na narrativa. Luiz Barbosa foi o primeiro a trabalhar este tipo de samba que conheceu em Moreira da Silva o seu expoente máximo.
. Samba-exaltação - samba de melodia longa e letra abordando um tema patriótico. O maior sucesso do gênero é Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. A ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral que deve conter elementos grandiloqüentes, conferindo força e vigor ao nacionalismo.
. Samba de gafieira - modalidade que se caracteriza por um ritmo sincopado, geralmente apenas tocado e tendo nos metais a força de apoio para o arranjo. Influenciado pelas big-bands americanas, serve sobretudo para se dançar.
. Sambalada - de ritmo lento, surge nos anos 40 e 50, similar ao bolero e a balada, foi tido como um produto da manipulação das grandes gravadoras que tinham apenas finalidade comercial.
.Sambalanço - estilo intermediário entre o samba tradicional e a bossa-nova, do qual Jorge Ben Jor é o grande expoente.
. Sambolero - tipo de samba-canção comercial fortemente influenciado pelo bolero, que teve o seu apogeu na década de 50. Imposto pelas grandes companhias de disco.
. Samba jazz - gênero comandado por Carlos Lyra e Nelson Luiz Barros e mais tarde cultivado por outros compositores ligados à Bossa-Nova que buscavam soluções estéticas mais populares como resposta ao caráter demasiadamente intimista de João Gilberto. Abriu espaço para o nascimento da MPB, através dos festivais de música promovidos pela TV Record de São Paulo, durante os anos 60.
. Sambão - considerado extremamente popular e comercial, o gênero conheceu seu momento de glória nos anos 70, quando se pregava a volta do autêntico samba tradicional.
. Samba de partido moderno - modalidade contemporânea do gênero liderada pelo compositor Martinho da Vila, que mantém a vivacidade da percussão tradicional do samba aliada a uma veia irônica na temática de suas letras.
. Samba de embolada - modalidade de samba entoado de improviso. Segundo Câmara Cascudo, citado no Dicionário Musical Brasileiro de Mário de Andrade, os melhores sambas de embolada estão em tonalidades menores.
. Samba-rumba: tipo de samba influenciado pela rumba, ritmo caribenho em voga no Brasil na década de 50.
. Samba-reggae : misturado aos ritmos da Bahia, com forte influência da divisão rítmica do reggae.
. Samba-pagode, variante comercial do samba popular, caracterizado pelo mau gosto e facilidades temáticas.

Há alguns anos atrás escrevi uma letra homenageando alguns sambistas, que posteriormente foi transformada num sambinha porreta pelo Walmor, Trindade e por mim.


Aos mestres com carinho

Samba que é samba
Quando vem na inspiração
Aumenta no meu peito a percussão
Já vem sambando como um bamba

O samba quando vem
Vem que é um rufo
Cai, como cai um samba do Ataulfo
O Nelson sai catando cavaquinho
Não tiro o Cartola da cabeça
Nem o Paulinho da Viola

Vamos querendo que anoiteça
A primeira estrela em nosso céu
Vai ser, vai ter que ser Mestre Noel

Thadeu

É isso aí, tchau e bênção.

quarta-feira, abril 12, 2006

Solda, by Eliana Borges







a noite
fragmenta
molda

o dia
alimenta
solda


Thadeu

o Solda sempre dá Sol


O meu amigo Ernani, que tem um texto sensacional, cheio de malícia e poesia,
está convidando todos vocês para o lançamento do seu novo livro
O PONTA PERNA DE PAU.
Encontro todo mundo lá.






Semana passada, fizemos duas canções. Aliás, 2006 tem sido um ano muito generoso nesse sentido. Já são 28 novas canções, fora as ameaças. Bom, aí vão as letras para vcs se divertirem também. Na “Deveras supimpa”, para o pessoal que não é de Curitiba entender, aí vai uma ajudazinha: a) Lago Azul - recanto de laser, parque aquático; b) Pedalinho - pequena embarcação que se locomove com um pedal, geralmente para duas pessoas;
Barigüi - um dos principais parques aquáticos da cidade, muito freqüentado nos finais de semana; jacarés e piranhas - malandros e putas; Riachuelo, rua do centro histórico de Curitiba, onde acontece de tudo um pouco, tráfico, trotoir, entre elas.




eu sou muito bom pra mim

não dependo do gosto de ninguém
nem vem que não tem
sou só um compositor ZEN
sem vergonha de cantar a mim mesmo
como uma cigarra também
se canta toda e vai além

o povão é que está certo
com um violão na mão
dá para pregar nu no deserto

(thadeu e walmor)




deveras supimpa

fim de semana eu vou passear com você
só coisas legais para nós fazermos
por exemplo: mergulhar no lago azul
pedalar pedalinho no parque barigüi

fugir dos jacarés
e piranhas da Riachuelo
ou de outros manés
que vivem por aqui

lá vou eu
lá vai você
lá vamos nós
com toda a nossa turma

(thadeu, walmor, marcelo, vera e catarina)




poeminha para um comentário bem humorado do Fraga

um amigo me fez gargalhar
amanheceu
antes do dia raiar

thadeu









villalobos é um fumo do bom, heitor
a língua de eva
serpenteou adão
não fora essa serpentina
não haveria carnaval
martinho da vila iria pro pau
noel não teria natal
carlos cachaça beberia vodca
zeca pagodinho que ainda não estrova
pensaria melhor
paulinho da viola atual rei do samba
apresentando uma prova
diz que o samba não é rock
e o resto é bossa-nova

édson et thadeu


segunda-feira, abril 10, 2006

pra falar de amor

a mosca metamorfoseia
a larva de sua lavra
e todos os filósofos juntos
no amor que me norteia
não valem uma palavra

mas sem mudar de assunto
amor te amo tanto, tanto
nenhum livro quebra o encanto
nenhum sábio sabe quanto
um sabiá sabia no seu canto

Édson e Thadeu


Peça já o seu exemplar!
Deposite R$ 25,00 (R$ 20,00 do livro e R$ 5,00 despesas correio) na Caixa Econômica Federal – ag. 0374, conta-corrente 20597-7, em nome de Antonio Thadeu Wojciechowski e passe o número do documento para thadeupoeta@yahoo.com.br , com seu nome e endereço completos.OU SE PREFERIR:Deposite R$ 25,00 no Banco do Brasil – ag. 2801-0, conta-corrente 9.076.958-9, em nome de Sérgio Conti Moraes e passe o número do documento para sergio_conti@ig.com.br (lembrar que é sergio_conti) com seu nome e endereço completos.

EU CURTO POEMA CURTO E VOCÊ?




o poeta
desarruma

o leitor
arruma
cada uma!




***



o poema tem grilo
tal pai
tal filho




***



1 vate
ilumina tudo




***



oração
sem
objeto

meu
prato
predileto




***



longos losangos
palavras agudas
a cada duas obtusas



***



a canção que soa
tem o coração do vento
que me sopra à toa




***




meu coração de colinas
vai condor ao teu encontro




***



tec
tec
tec
etc...




Antonio Thadeu Wojciechowski

quinta-feira, abril 06, 2006





Brazil, o país do passado, do presente e sem futuro

Ando indesculpavelmente chocho,
Como um jogo terminado em oxo.
É que um homem sem trabalho e ganho
Não sente prazer nem em tomar banho.

Um cara assim vira um poco moco,
Um zero à esquerda, um zé trôço,
E se me sinto tal qual um estranho,
Não vejam aí um ser se queixando

Ou querendo sentir mais do que sente
Realmente. Não, não é, com certeza,
A fracassada desculpa que mente

E jamais põe as cartas sobre a mesa.
O que me deixa puto é saber
Quanto mais cobro mais fico a dever!


Thadeu



Inesquecível a barbárie que a gente aprontou no Curaçao. Já se foi quase uma década
e ainda não vejo nada mais radical na minha frente.


a primeira cicatriz a gente nunca esquece


ponha um band-aid no buraco da bala
e pare de se fazer de vítima
perdeu uma perna use a outra
e vê se te manca
justiça de cego é olho por olho
e de banguela dente por dente

nem tudo que vi acreditei
nem todo crime depende da lei
procure a felicidade perdida num tiro certo
e prove que você é um alvo esperto

(thadeu, marcos prado, cobaia, edson e edilson)



quarta-feira, abril 05, 2006


arvorezinha
a arte do bonsai quanto maior
mais pequenininha
(thadeu)







QUE LOUCURA!


Se ao finito tempo dessa vida
um pouco mais de sonho e loucura
por um ouvido entrasse e, sem saída,
ali ficasse até a total cura,

quem sabe o homem em outra via
veria o que não vê e o que procura!
Se em toda a parte Deus deu a medida,
por que poetas, santos, loucos, mura?

Fosse igual à mistura o mistério
onde os extremos convivem, tudo bem!,
ainda havia graça nesse vem

e vai. Mas como rir se o mundo sério
fecha as portas e os vínculos que tem
e todos nota dez só tiram zero ?


Thadeu


sábado, abril 01, 2006


O Solda surpreende sempre e cada vez mais. Tem link dele aí ao lado. Confira.



É comigo mesmo


Madrugada de primeiro de abril.
Assombrado com o passar dos anos,
Tento avaliar perdas e ganhos
Mas... ora bolas onde já se viu?!

A vida não tem só esse perfil.
Somar ou diminuir convenhamos
É para quem já entrou pelos canos
E pelo jeito nunca mais saiu.

Feliz e crente que estou me agradando,
Abro a janela do quarto e, sorrindo,
Dou de cara com o dia que vem vindo!

Tudo bem, mundo velho! Digo e, quando
Ouço o que disse, é como se ouvisse
Alguém que me dissesse: - eu não disse?


Thadeu