polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

sexta-feira, agosto 29, 2008


Infelizmente não deu.


Bem que eu queria fazer uma coisa muito especial hoje,
mas infelizmente não deu. O tempo que me sobra
mal dá para dormir e descansar.
Então até 10 de outubro.


Polaco da Barrerinha



quinta-feira, agosto 21, 2008



Sexta-feira, dia 29 de agosto,
3 anos de aniversário
do POLACO DA BARREIRINHA.

Na sexta-feira próxima, dia 29 de agosto, vocês não podem perder
a coluna do Dalton Machado Rodrigues e nem as loucuras do Polaco da Barreirinha.
Postagens de comemoração aos 3 anos de existência do
BLOG POLACO DA BARREIRINHA. Espalhe essa boa nova
para todos os seus amigos.

Dia 29 a festa é aqui, no Polaco da Barreirinha.

sábado, agosto 02, 2008


Bola perdida


“O mundo é uma bola/ eu sou meio quadradão/ me dê um A de esmola/ eu devolvo um palavrão.”



Meus compreensivíssimos leitores, escrever uma crônica semanal é como dar voltas em torno de si mesmo, tentando tirar leite de pedra, para renovar a fórmula que os leve à alegria da redescoberta e à graça da novidade através do já conhecido. Na verdade, é um exercício onde o uso de novos adjetivos e um certo malabarismo na construção das frases incitam a imaginação a percorrer, com olhos inéditos, velhas paisagens. Confesso que sinto um enorme prazer em driblá-los e obrigá-los a ler e reler para que haja a compreensão total e, principalmente, para que se divirtam tanto quanto eu quando escrevo. Nem sei por que coloquei este assunto na pauta. Ah sim... lembrei. O Paulo Leminski, em 1985, quando fez uma brilhante matéria no jornal Correio de Notícias sobre o livro de poesias OSS, em determinado trecho, saiu-se com esta pérola: “Poesia não se faz só com palavrinhas, mas com palavrões.” Certo, certíssimo. Poesia é conversa entre pessoas inteligentes, como disse Ezra Pound. E pessoas inteligentes não têm preconceitos e nem falsos moralismos. Mas isso não tem importância.


OS FALACIANOS SÃO GENTINHA DO MESMO SACO.


Faço aniversário hoje e os amigos verdadeiros já me deram os mais apertados e sinceros abraços, além de me cobrirem com os mais imerecidos elogios. Confesso a vocês, meus iluminadíssimos leitores, 60 anos são uma longa história. Não sei se já disse a vocês que sofro as mais cavas humilhações desde os 6 anos, quando comprei fiado meu primeiro doce-de-abóbora no armazém do seu Boleslau. Minto e já me corrijo. Não era um doce de abóbora e, sim, uma gelatinosa e elástica maria-mole, arrepiada de coco por todos os lados. Lembro que lambi até os dedos de tanto prazer. Mas não era isso o que eu queria lhes dizer. E, sim, que não sei por que me sinto nostálgico, sorumbático e macambúzio no dia do meu aniversário. É uma espécie de melancolia romântica que me faz repensar e refazer certas perguntas frívolas e infantis, como: “Quem sou? De onde vim? Para onde vou?” Mas isso não tem importância.


- Uma página já se foi e o cara ainda tá nessa, puta que o pariu! Esse animal de teta é caso de polícia mesmo. Não tem jeito, Ribamar. É facada no cérebro, tiro na boca, chumbo derretido na orelha.


- A gente podia cozinhar o filho da puta no azeite quente. Mas vamos deixar pra amanhã, hoje, o cancro sifilítico tá de aniversário. 60 anos na carcaça já faz estrago que chegue. E, convenhamos, Geraldo, o cara já tá bem castigadinho. Ahahahaha...


- Tá mesmo. Ahahahahaha... Viu o terninho novo, a gravatinha porreta, camisa chique no último, sapatinho supimpa?


- É o velho sátiro gagá deu uma renovada no guarda-roupa, pelo menos não está fedendo. Parabéns, múmia paralítica. A gente te deseja muitos anos de morte. Ahahahahah....


- Ahahahaha... O tempo é nosso aliado, Dalton. Estaremos lá para conferir e jogar uma pá de cal sobre este assunto. Mas antes aceite esse presentinho como prova de nossa admiração.


Geraldo me entrega o estranho pacotinho e, curioso, abro-o com o peito arfante e já sinto as lágrimas querendo vazar rosto afora. Mesmo depois de aberto o pacote, minha curiosidade aumenta. São sete livrinhos minúsculos, com pouco mais de um centímetro cada um, onde na capa se lê: “A História da Inteligência Brasileira, volumes I, II...etc.. Como não tenho uma lupa, não consigo ler o nome do autor. Mas, sedento de saber, me lanço no fogo incorruptível de suas páginas. Qual o quê? Um a um, vou folheando e perscrutando na busca frenética de, pelo menos, uma frase lapidar, uma expressão espirituosa e o que encontro? Nada. Apenas páginas sem alma e sem envergadura.


- Ahahahahah... Feliz aniversário, bobalhão!


- Agora que você conhece seu cérebro por dentro, insigne escriba do satanás. Eu e Geraldo vamos fumar e comemorar a nossa brilhante idéia.


Os dois, de braços dados, saem e me deixam a sós e a pensar com meus botões de futebol de mesa. E, sem querer, me vejo novamente, nas ruas do bairro Campina do Siqueira, menino de todo, calção sujo, olho remelento e a incessante cachoeira de ranho bem debaixo do meu nariz. Avelino, Nelson, Beto, Dorval, Ronaldo, Robertão, Chico, Hamilton, Sérgio, Paulo, Daniel, Júlio, Wallace. Nosso time, nossa vida. E, de repente, não mais 10 anos, mas 60. A flor da idade rapidamente se transformando em espinhos e, novamente, em flores, em belezas eternas, acumuladas no dia-a-dia da existência. 60 anos. E o mesmo guri solto no peito sonhando com os passarinhos, com os inverossímeis lambaris de outrora, com o gol de placa que nem Garrincha marcou.

Geraldo e Ribamar, hoje, estão certos. Certíssimos. Minha alma, pelos meus olhos, os espia e ri. O riso áspero que faz chacoalhar minhas já nem tão elásticas juntas e meus ossos nem tão compactos. A realidade é vã, a filosofia inútil, e, por isso mesmo, imprescindíveis. Mas isso não tem importância.


NÃO HÁ MAL QUE SEMPRE DURE,

NEM BEM QUE NUNCA ACABE.


O que eu queria mesmo lhes dizer é que o mundo está cheio de Ribamares e Geraldos, se não fisicamente, pelo menos, espiritualmente. É que é muito mais fácil destruir do que construir. A galhofa, o chiste, a piada, a bazófia, a gozação têm lá seu papel no convívio e no relacionamento e até acho isso tudo muito divertido. Mas, confesso, não pode ser só isso. Tem momento pra tudo. Pra chorar, rir, se enternecer, aprender, ouvir, falar, trocar idéias e crescer. Bom, que vá! Quando a igreja muda de padre, parece que Deus não é mais o mesmo. Até a gente se acostumar com a nova idéia leva um tempo. Como diz um taxista amigo meu: - “Se correr o guarda multa, se parar o banco toma.” Mas isso não tem importância. O que eu queria mesmo lhes dizer é que ontem explodiu uma bomba aqui na redação. Os mais apressados, já lançaram as mais controversas teorias: “É um atentado de membros das Farcs infiltrados no govervo!” Outro: “A direita se prepara para um novo golpe!” E mais um: “Isso é uma estratégia do Lula para exigir um terceiro mandato!” Mas, passados alguns segundos do mais absoluto desconcerto, eis que se revela a causa da purulenta explosão. Ribamar, frente ao seu espelhinho cor-de-rosa, conferia o resultado de seu esforço supremo em direção à arte de espremer. Com os olhos esbugalhados, uma viscosa baba semi-bovina escorrendo pelo canto da boca sobre a gravata e 11 quilos de sebo e pus espalhados sobre teclados, mesas e papéis. Sem dúvida, um recorde. Presenciávamos, todos, admirados, mais um feito de nosso office old, já laureado por uma página no Guiness. E que, com tantas fotos e testemunhas, fatalmente haveria de conquistar mais prêmios por esse feito. Quando o esquadrão swat da limpeza entrou na sala, com baldes antitanques, vassouras nucleares, sapólios radiativos, detergentes antiaéreos, escovas de precisão e panos de variados calibres foi que todo mundo se deu conta do que realmente havia acontecido. O pus e o sebo, aos poucos, mas, rapidamente, foi exterminado e o exército, em seguida, se retirou. Não sem antes pousar para os flashs da máquina de Geraldo que, extasiado, berrava manchetes para o dia seguinte: “Brasil assume a ponta!”, “Brasileiro é o melhor do mundo”, “Curitiba dá mais um exemplo para o mundo!” E outras mais idiotas ainda que fiz questão de esquecer.

Mas isso não tem importância.


EXISTE UM VAMPIRO

EM CADA UM DE NÓS.


O que eu queria mesmo lhes dizer, meus interessadíssimos leitores, é que o Trevisan chegou à noitinha, ontem, lá em casa. E, com o dentinho de ouro, saliente sob o bigodinho, partiu com tudo sobre a travessa de minhas deliciosas broinhas de fubá mimoso. E, vesgo, tratou de secar o litro de licor de ovos em talagadas inadmissíveis. E, espojando-se todo sobre minha rede, arrotando, despejou:


- O Torcedor quebrou o espelho, hoje, no hospital.


- Por quê?


- Brigou consigo mesmo.


- O tio está louco mesmo.


- Põe louco nisso. Escute só. Eu fui cedinho levar-lhe umas frutas e pães frescos. Você sabe como ele é enjoado para comer. Entrei no quarto, exatamente, no momento em que Gertrudes saía.


- Quem é Gertrudes?


- Aquela que é enfermeira do teu tio, uma gostosa tratada à pizza e rocambole.


- Ah, tá!


- Entro no quarto e o Torcedor ainda salivava, relembrando os momentos do bole-bole.


- Ahahahaha...


- Ele me ignora completamente. E, com a cara hirta, tatuada de batom, vai até o espelho e, furibundo, desconcerta: - “ Não foi gentil de sua parte ficar me espiando! Um verdadeiro cavalheiro não se presta a esse tipo de vulgaridade. Considere encerradas nossas relações e peço-lhe que se retire!”


- Puta merda, é mais sério do que eu pensava. Mas e daí?


- Porra, você faz cada pergunta... Você já viu alguma imagem sair do espelho e ir dar uma voltinha lá fora? Se flagra, né, Dalton! O teu tio repetiu em tom um pouco mais alto e mais severo: “Quero alertá-lo de que o senhor me lembra alguém com quem tenho profundas desavenças, e, sendo assim, peço-lhe, mais uma vez e antes que eu me irrite, que se retire!” A imagem no espelho não se intimidou. E continuou, ali, apenas refletindo.


- Boa essa!


- Boa, o caralho! O Torcedor, diante da impassibilidade do outro, ou melhor, dele mesmo, pegou uma cadeira e partiu o espelho em mais de mil pedaços, aos gritos: - “Aprendeu? Aprendeu?”


- Que loucura!


- Loucura é pouco pra definir o que veio a seguir. O Torcedor pegou um caco e, com um ódio que nunca vi, espumava: - “Você está ainda aqui, é, covarde?” E pulou sobre os cacos, pisoteando-os e cortando-se todo. Chamei a emergência, os caras imobilizaram o Torcedor, deram-lhe uma injeção e levaram-no para a sala de curativos. Quando passou por mim ainda resmungava: “Ele me feriu. Ele foi mais rápido.”


- Puta que o pariu. O troço tá foda, mesmo.


- Quando saí de lá, ele estava melhor e já tinham trocado o espelho. Sabe Deus o que vai acontecer quando ele acordar.


- Bom, o tiozinho já tem idade para cuidar de si mesmo. Me passe a mensagem do Machado de Assis que você pegou no terreiro do pai véio Chico Fantasma.


- Aprendeu, hein, animal!? Já estava aqui pensando comigo mesmo que tipo de piada eu ia fazer com tua mãe, se você me fizesse a mesma pergunta idiota de sempre.


- Rê rê rê... Macaco velho não põe a mão em galho podre! Me dá, aí!


- O Chico Fantasma disse que é para abrir o envelope, depois da 1 da madrugada, quando você sentir uma leve rajada de vento no rosto. Entendeu?


- Eu sei lá, às vezes, me parece que todo esse misticismo é uma... O Trevisan sai sem deixar o menor vestígio, me deixando a falar sozinho. E não diz nem tchau. Fico a pensar com meus botões de futebol de mesa, mas a noite é tão densa já, que meus pensamentos também escurecem. No entanto, pouco a pouco, as estrelas que carrego na alma vão pipocando, uma a uma, num pensamento aqui, noutro acolá e, de repente, constelações de palavras me assaltam e rio, o riso farto e inquestionável dos que estão de bem com a vida. Mas isso não tem importância.


O ROBERTO PRADO

NÃO É BEM CERTO

OU O MUNDO É QUE ESTÁ LOUCO?


O que eu queria mesmo lhes dizer, meus realistíssimos leitores, é que sou um assombrado com a vida e seus desdobramentos. Ontem, às 4h53, o telefone tocou. Minha doce esposa Dona Zenóbia fez um muxoxo e virou-se. Rápido como um gato saltei da cama e atendi:


- Fala, Roberto!


Do outro lado da linha, o silêncio pôs minha alma em pânico. Insisti:


- É você, Beco?


Nenhum som para acalmar minhas atávicas ansiedades. Com a voz trêmula e já sofrendo os primeiros arrancos triunfais de minhas inquietas entranhas, faço a última tentativa:


- Desembucha, animal!


- O silêncio encoraja o torturador, nunca o torturado. Certo, Dalton?


Sem entender absolutamente nada, me predisponho a continuar a conversa:


- Certíssimo, Beco.


- Como o homem arruína mais as coisas com as palavras do que com o silêncio, não seria melhor refletir muito antes de abrir a boca?


Humilhado pela clarividência divina de tal afirmação, me quedo em silêncio. E ele descasca:


- O silêncio é um dos argumentos mais difíceis de se rebater. Prefiro que você diga alguma coisa.


Essa insistência faz com que um frio fino fio de suor provoque um tremor em minha espinha. No peito, o coração sobressaltado quer vazar pela boca, mas agüento o tranco:


- Beco, o silêncio é o momento em que as idéias se adaptam umas às outras.


- Eu lavo as minhas mãos em relação àqueles que imaginam que falar seja conhecimento, que silêncio seja ignorância e que indecisão seja arte, Dalton. De qualquer forma, feliz aniversário.


Minha alma, num arrebatamento quase divino, não se contém:


- Obrigado, Beco! Mas o silêncio é apenas... O desgracido desliga e não me diz nem bom-dia. Enxugo o suor abundante da testa e de minhas axilas. E, aos poucos, vou voltando ao normal. Saio à varanda e o dia vai se assanhando, mas a escuridão ainda é densa e apenas os pássaros acordando vão se espreguiçando pelas sombras dos galhos. Vou para o cozinha e preparo o café de sempre. Encho minha xícara de meia-tigela, levo uma menor para Dona Zenóbia e, felizes, sorvemos até a última gota. Súbito, ela me abraça docemente:


- Feliz aniversário, meu amor querido! E longamente me beija. Um beijo que nem em minha fálica juventude eu havia experimentado. Sabem de uma coisa, meus amorosíssimos leitores?, as palavras de amor só deveriam dizer o que dizem duas bocas juntas assim. Mas isso não tem importância.


O NELSON RODRIGUES É UMA BESTA IMORTAL!


O que eu queria mesmo lhes dizer é que, não sei bem qual o motivo, fico melancólico no dia do meu aniversário. E ontem não foi diferente. À noitinha, eu papava as deliciosas broinhas de Dona Zenóbia e mandava, goela abaixo, goles inquestionáveis de licor, quando me lembrei do dia mais triste da minha vida. Era pouco mais de meio-dia quando recebi a trágica notícia: Nelson Rodrigues morreu! Confesso a vocês, meus solidaríssimos leitores, larguei o telefone e, sem saber o que fazer ou para onde ir, caminhei loucamente como um bêbado trôpego pelas ruas de Curitiba. Uma vontade de estar ao seu lado, de ver-lhe a graciosa face uma última vez, de tocar em suas mãos, mesmo frias, e sentir o antigo calor de nossa eterna amizade e demonstrar-lhe, mais uma vez, minha incomensurável admiração. Nelson faleceu de manhãzinha, no dia 21 de dezembro de 1980, como um passarinho, ou melhor, como um santo de vitral atravessado de luz. Eu lembro que naquela manhã o poeta Thadeu Wojciechowski, o legítimo polaco da barreirinha, havia me ligado e me intimou a comparecer em sua festa de aniversário de 30 anos, no dia 24 de dezembro. Mas não fui, pois a depressão que se abateu sobre mim, durou meses e só terminou após os quase 60 dias que passei aos cuidados do grande Dr. Leo Cardon, um analista genial que dispensa maiores análises e comentários. Mas isso não tem importância. O que eu queria mesmo lhes dizer é que era um domingo. Fazia sol e o Nelson mergulhava na escuridão sempterna dos espaços infinitos. No fim da tarde daquele dia, Nelson faria treze pontos na loteria esportiva, num "bolo" com seu irmão Augusto e alguns amigos de "O Globo". Nelson, um pobre como eu, não viu nem a cor da bolada. Mas dois meses depois, Elza, sua esposa, cumpriu o seu pedido de, ainda em vida, gravar o seu nome ao lado do dele na lápide, sob a inscrição: "Unidos para além da vida e da morte. É só". Uma frase que inspiraria milhares de brasileiros a ver no amor, e apenas no amor, a redenção da humanidade. Mas eis o que quero lhes dizer, a fina ironia do destino marcaria meu espírito, a ferro e fogo, para sempre. Nelson, um humilhado como eu, pobre como eu, ganhou na loteria esportiva 8 horas após a sua morte. Morreu para traduzir-se em arte. Morreu. Mas isso não tem importância.


O ANTI-JOGO É A BOLA DA VEZ?


O que eu queria mesmo lhes dizer, meus vivíssimos leitores, é que o campeonato brasileiro é por pontos corridos e vai que é um upa. O Coritiba fez a sua melhor exibição na quinta-feira e, acasos inexplicáveis do destino da bola, perdeu. Perdeu, mas perdeu de pé. Aliás, pé e cabeça de dois ex-coritibanos. Tcheco cruza e encontra Marcel que, mesmo marcado por dois, consegue cabecear e mandar a bola para dentro da rede. Uma injustiça. Mas quem foi que disse que o futebol é justo? Não é mesmo. Nem aqui nem na caixa prego. E o Grêmio, à base de patadas e paralisações, conseguiu os 3 pontos. O resultado impediu o avanço da equipe na tabela, mas não foi pior graças à bela vitória fora de casa diante do Náutico conseguida no domingo anterior, com gol de Keirrisson no finzinho do jogo. Mas o que de melhor aconteceu esta semana foi, sem dúvida, a participação da torcida coxa no jogo diante do Grêmio. Um espetáculo digno de uma final de copa do mundo. A galera coxa-branca faz arrepiar até aqueles pelinhos onde se fixam as badalhocas. Confesso que tremi de emoção quando, ao final do jogo, a torcida inteira aplaudiu e ovacionou o time coxa mesmo com o gosto amargo da derrota atravessado na garganta. Amanhã, o Coxa pega o Peixe, desesperado e na ZR, na Vila Belmiro e, na quarta, o Vasco em São Januário. Se o coxa jogar 70% do que jogou contra o Grêmio, ganha os dois jogos fora. Se facilitar, perde os dois e pode até ser goleado. O Maringas que o diga.


O Atlético, até que tentou ser feliz, mas não deu. A torcida já está indo de carrinho de mão para carregar os bagos. Todo mundo de saco cheio com o Roberto Fernandes. Mas, a meu ver, o técnico não é todo o problema, pois tem feito das tripas o coração para dar ritmo e consistência tática ao time que, amanhã, no Joaquim Américo, faz a primeira de duas partidas seguidas em casa. Petraglia, como é comum nos regimes totalitários, já deu a ordem: Rafael Moura estréia nem que a vaca tussa ou a vaca do Roberto Fernandes vai para o brejo. É isso aí, quem pode, manda e não pede. No domingo passado, o rubro-negro quase perdeu para o Figueirense que, como eu previ na coluna anterior, não é de se matar com a unha. O empate ficou de bom tamanho pelo que o Atlético jogou. Na quarta, como eu também previ, o Vitória fez valer seu nome e barrou as pretensões do Atlético de se afastar da ZR. O jogo desse domingo começa às 18h10. E o Botafogo vem de uma boa vitória sobre o Goiás. É um time muito experiente e perigoso. A torcida atleticana, apaixonada como poucas, está confiante, mas com um pé atrás. Se perder, o time vai para a ZR e o Roberto Fernandes vai para a... Bem, cada um imagine o que quiser. Na quarta, às 20h30, tem o imprevisível Náutico que também está por baixo, mas alterna boas partidas com outras nem tanto. O Atlético jogando em casa é indiscutivelmente o favorito.


O Paraná jogou muito bem com o Corinthians, mas levou duas dentadas e não conseguiu reverter o placar. O Dentinho mostrou por que é considerado umas das revelações alvinegras. Teve duas chances e guardou as duas. Daqui a pouco, no Campanella, o Paraná pega o São Caetano. Uma parada pra lá de indigesta. Tudo pode acontecer. Vitória, empate e derrota. Qualquer um deles será um resultado normal. Na terça, a chance de se recuperar contra o Gama na Vila Capanema. A torcida, que fez um belo papel no jogo de sábado passado, bem que poderia repetir a dose e empurrar o time. O Gama tem jogadores experientes e se vencer se iguala ao Paraná em números, de hoje, de pontos ganhos. É esperar pra ver, futebol, o time vem jogando, porém, sorte é fundamental. Mas isso não tem importância.


O CHICO FANTASMA, ÀS VEZES, ANDA

PELAS RUAS COMO UM CIDADÃO COMUM.


O que eu queria mesmo lhes dizer, meus inquietíssimos leitores. E digo-o agora é que, na quinta, à uma da madrugada, após uma leve rajada de vento, abri o envelope psicografado pelo pai véio Chico Fantasma. Mas, antes de abri-lo, me ocorreu que tudo isso pode ser uma loucura, uma cínica e deslavada loucura. Explico melhor. Às vezes, encontro o Chico Fantasma andando, pelas ruas, como um cidadão comum. Somos amigos há, pelo menos e sem exageros, 400 anos. Minto, acho que já perdi a conta.

Mas vamos ao fato. O Chico é um ser tão controverso que, muita vez, me pego a pensar se ele é real mesmo ou é uma das minhas ilusões de ótica. Decididamente, nosso último encontro esteve mais para sobrenatural que para a simples realidade. Eu estava parado numa banca de revistas lendo as manchetes, quando sinto um leve toque no ombro: - “Chico Fantasma, que surpresa!” E ele, em silêncio, apenas tirou os óculos escuros e me olhou, profunda e vagarosamente. Confesso, senti o sangue gelar nas veias. E, petrificado, fiquei imóvel por muito tempo, mesmo após ele ter desaparecido sem dizer nada. Mas isso não tem importância. O envelope, eu dizia, era prateado e sob meu nome havia a marca do anel do bem do Chico Fantasma. Retirei a mensagem e, como se estivesse diante do seu olhar, senti minha espinha ser percorrida por uma lâmina congeladora. Tremi, mas as elegantes e bem traçadas linhas de Machado de Assis eram inequívocas e inquestionáveis: “Dalton, a morte não é um empecilho. Pense nisso com carinho. Ass.: M. A.” Isso dito assim, em plena madrugada, ao pio longínquo de uma coruja, provocou em mim as mais recônditas fantasias sobre a vida além-túmulo.

Mas isso não tem importância. O que eu queria mesmo lhes dizer é que o Polaco da Barreirinha está partindo para uma longa viagem de 60 dias. E, portanto, eu e o blog do Polaco iremos tirar umas férias forçadas. Mas acho que merecidas. Afinal, foram mais de 400 páginas escritas nestes quase cinco meses. Vou aproveitar e passar mais tempo com Dona Zenóbia, minha doce esposa, que também vai tirar férias. Voltamos na primeira sexta-feira de outubro. Até lá, poupem-me, pois de mim também cuida o Chico Fantasma.



Dalton Machado Rodrigues.

daltonmrodrigues@gmail.com