polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

quinta-feira, março 26, 2009



É hoje que eu só volto amanhã.

Como é lindo!


Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.
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Saboro Nossuco
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reflexões à beira do abismo


o mundo sempre foi pequeno para as minhas voltas
um sistema solar qualquer eu tirava de letra
toda uma filosofia ruía com apenas uma gargalhada
mas depois que envelheci, me nasceram âncoras nas pernas
agora nem sei mais de onde me sai esse cheiro de naftalina
só meus olhos continuam desenvolvendo músculos
enquanto meu cérebro engorda pelo excesso de sonhos
e o espelho me mostra a cara de pau cheia de cupins



thadeu w



meu primeiro amor


no tempo amargo, casa alguma me vestia
até a calçada recusava-me janelas
entupido de dores, me espelhava nelas
e assim um ano se ia em um único dia

triste melancolia que de sal me nutria
me lembro muito bem das vozes paralelas
e do contorcionismo nu à luz de velas
dos meus fantasmas de autoantropofagia

flores levei solenemente ao cadafalso
morto, morri mais sete vezes, tudo em vão
o meu primeiro amor foi jogado para o alto

ela me disse mil em um único não
e eu saí raspando a cara no chão de asfalto
tentando achar pedaços do meu coração



guardador de vaca

quarta-feira, março 25, 2009

Hoje é o último dia. Confira abaixo, hora e local.
Claudete em cena é tudo de bom.
Junto com a filha, então, é bombom.


A Claudete me ligou cedinho, hoje.
Mas ela já sabia que eu estava atolado de serviço.
Não vou poder ir, mas quem pode, não deixe de ver.
Pelo que eu ouvi falar, é primoroso o trabalho.



Mata o véio, mata.

Depois de se formar em primeiro lugar, ganhar o prêmio Marcelino Champagnat e levar como prêmio a bolso de estudos de 3 anos para a pós-graduação, a Paola, além de passar no exame da OAB ( o resultado saiu ontem), foi nomeada assessora especial do Ministério Público e já está exercendo a função. Parabéns, minha filha e todo o sucesso do mundo.

Thadeu W




Os 3 malocas (na foto Edílson, Capetão e Sérgio) em ação ontem. O Renato Quege como sempre registra tudo em tempo real.
Veja mais. Clic aqui.


Quer mais? Clic aqui.


O outono não mora mais aqui

Frio. Muito frio. A noite vem com vento.
Da janela de casa, posso ver
A rua e as folhas em movimento,
Procurando um canto pra se aquecer.

O outono em Curitiba é raro,
Há inverno e veranico de maio.
Enrolado num cobertor, escrevo,
sem vocação pra estátua de gelo!

O céu pesado agora vem abaixo,
Não sei se nuvem, neblina ou fumaça
Imprime fantasmas na vidraça
Ou sou eu com meu bafo que a embaço.

O conforto da casa me anima,
Esfrego as mãos para aquecê-las,
E sopro-as, e cubro-as, e sento em cima,
Até senti-las novamente acesas.

“Agora é nossa vez!” Gritam os pés.
Ágil, troco o chinelo por pantufa
E digo pra mim mesmo: tudo dez.
Enquanto o cobertor me encaramuja.

Lá fora, as nuvens azulam de vez.
O céu mostra sua cara estrelada
E eu, atento como um gato siamês,
Leio as estrelas sem entender nada.

Quem sou? De onde vim? Para onde vou?
Mil vezes pergunto e mil vezes calo
Sem resposta, como quem perde um gol
Quando tinha tudo para marcá-lo.

Agüenta, coração, agüenta firme.
O amor ainda é a forma mais sublime
De entender o que é inexplicável
E, sentir, o verdadeiro milagre!

O dia não tarda a amanhecer,
Um galo longe canta sem parar
E, aconteça o que acontecer,
O poema já deu o que tinha que dar!


Thadeu Wojciechowski
25/03/2006



Amor no lixo?


É triste a pobre condição humana,
feixe de músculos, nervos e ossos,
que sob a ação do tempo reclama
alma e continuidade para os nossos

sonhos, projetos, ilusões. Bah! Quanta
ambição, quanto egoísmo e destroços!
A febre da imortalidade dana,
seca a água cristalina de outros poços,

que não foram escavados ainda.
É que o amor, origem verdadeira
de toda idéia abstrata, não finda

e, sem fim, a vida fica mais linda.
Sendo assim, amar de qualquer maneira
é viver. O resto é tudo besteira!

Thadeu Wojciechowski







poema à moda chinesa
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ou tudo é imagem
ou tudo é forma
ou tudo é cor
ou tudo é som
ou tudo é palavra
ou nada é
porra nenhuma

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Vinícius Alves
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Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.
Saboro Nossuco


Se você anda meio apagadão, sem brilho, só há um remédio:
Black, o mestre da iluminação.
Se não der certo, então, sua única salvação será o Mestre Saboro Nossuco,
e dele pro inferno já é meio caminho andado.


Como é lindo!



Ainda é tempo?

Para quem se perdeu diante do espelho

Nem uma vida inteira de desculpas
Vai dar graça à tua face, minha cara.
Teus pecados mortais, as mil culpas,
Que te afligem agora, a dor não sara.

Tua beleza se foi, vieram as pústulas
Do tempo e contra elas nada salva,
Nada pode. A dívida são multas
Que a vida cobra à tapa na tua cara.

Cinqüenta anos passaram e não viste
Nada, que não fosse o espelho em tua frente.
E se a imagem que vês hoje te fere,

É porque tua alma, de dedo em riste,
Vê em ti, apenas a sombra indiferente
A tudo que ela amou e sentiu na pele!


Thadeu Wojciechowski



GRANDES MULHERES PEQUENOS NEGÓCIOS


Antigamente só encolhia no frio
Atualmente acontece um negócio estranho
Fiquei pequeno ou você que cresceu de tamanho ?


Só tenho alegria no exame de próstata
Tremo de medo quando você se aproxima
Sussurando: no fundo sei do que você gosta


Sonho que estou cercado num beco
Por um bando de gatas manhosas
E acordo suado por um orgasmo seco


Dos amores que tive, só não perdi o que tenho por mim
Mas isso não basta pra você, não é mesmo ?
Temo que mais uma vez chegamos ao fim



Sérgio Viralobos, Edilson Del Grossi e Plinio Gonzaga
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Quer mais? Clic aqui.


Vai ser uma festa daquelas. O último a chegar é o último.

terça-feira, março 24, 2009


Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.
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Saboro Nossuco



TUDO QUE RESPIRA QUER COMER.
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Taí a capa do novo CD do Careqa.

Não ouvi, mas já adorei.


Como são lindos!




Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.

Saboro Nossuco




Como é linda!


Há exatos 2 anos, o Comedor de Ranho escreveu este texto para o encerramento do blog dos 3 malocas,. Vale a pena ler de novo.



O Joio do Trigo.


Se eu dependesse de vocês pra qualquer coisa,
Morria à mingua, seco e estuporado.
Não pagam minha luz, meu gás, minha bebida,
E querem se intrometer na minha vida.
Não cagam e não desocupam a moita
E ainda acham que eu sou o único desgraçado.

Ok, vocês perderam! Eu, somente eu, venci!
O Malocabilly sustentou-os até aqui,
Vamos ver o tamanho do vazio na alminha
Nos próximos trezentos e sessenta e cinco dias.
Nenhum sinal será dado nessa tua telinha,
Nada desses alegres versos e suas alegorias!

“Provo dessa maneira ao mundo odiento,
Pelas grandes razões do sentimento,
Sem os métodos da abstrusa ciência fria
E os trovões gritadores da dialética,
Que a mais alta expressão da dor estética
Consiste essencialmente na alegria!”

Talvez a estrofe acima do nosso Augusto Poeta,
Seja a afirmação vitoriosa de tudo que sentimos
E nem sempre conseguimos colocar em versos.
Mas se tem uma coisa que temos como certa
É que vocês nunca saberão quando mentimos
Ou damos voz a nossos instintos mais perversos!

Comedor de Ranho



OS 3 MALOCAS ESTÃO DE VOLTA.


Depois de exatos 2 anos de silêncio, o Sérgio Viralobos, o Edilson Del Grossi e o Chico Capetão resolveram botar novamente a boca no mundo. Vá lá e confira.

Vá tomar O banho.



O Careqa nem bem terminou de lavar a louça aqui em casa
e já está cheio de novidades.
E ao que tudo indica vem aí uma nova pérola.
De qualquer maneira já deixo aqui registrado que
não ouvi, mas já gostei.



Chegou!


O novo CD de Carlos Careqa.
Tudo que respira quer comer.


Comemorando 25 anos de carreira.
Produzido por Mário Manga.


Canções inéditas com as participações de:

Mônica Salmaso
Tatiana Parra
Fernando Vieira e Camilo Carrara
Maria Alcina
Marcelo Pretto
Skowa
Zé Rodrix
Toninho Ferragutti
Juliana Perdigão e Gabriel Levy
Raul de Souza



Nas boas casas do ramo!



www.carloscareqa.com.br
www.myspace.com/carloscareqa


Sábado, 28 de março de 2009,

a partir das 11 horas, no Restaurante e Bar

do Passeio Público.

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O endereço é um “revival” do Pasquale dos anos 70, com bolinho de arroz e aperitivos pra feijoada sabatina. Biografia não autorizada da cidade, o livro é divertido desde a capa: a foto é de um churrasco no buraco, que só poderia ter acontecido em Curitiba.
Conta das tradições, das críticas que a cidade já teve e tem, das manias dos curitibanos e de como, no fundo, todo mundo adora Curitiba, com seus melhores defeitos e piores qualidades. O livro de 288 páginas tem a apresentação de Jaime Lerner. Tiago Recchia desenhou o prefácio, capa de Eduardo Cerqueira Leite e a editora é a Bernúncia.

sexta-feira, março 20, 2009


Vez em quando, Saboro passeia pela Barreirinha, como se andasse nas nuvens, pronto para chover e voltar ao chão para dar de beber às cebolinhas, avencas, margaridas e aos pássaros e bichinhos de Deus, entre tantas coisas que neste mundo têm sede. Dia desses, aconteceu de eu estar lendo o livro do Professor Thimpor, sentado à sombra de uma árvore, quando vi Saboro olhando para as árvores e rindo. Não pude deixar de fechar o livro e observá-lo. Ele ia abraçando as árvores, uma a uma, e de abraço em abraço, chegou a uma clareira no meio do bosque. Abriu os braços e olhando para o céu, parou. Parecia esses caras que ficam parados nas esquinas, pra descolar um troco como estátua viva. E ali ficou, completamente imóvel, durante horas. Quando finalmente se moveu, cuidei de me aproximar:
- Mestre Saboro, meditando um pouco?
- Sim, mas só pensamentos de árvore.
- Sobre as árvores, o senhor quis dizer, não é mesmo?
- Não, sobre as árvores só quando tenho pensamentos de nuvem.
- ...?
- Mas é quando tenho pensamentos de vento que mais me divirto.
- ...??
- Você já teve pensamentos de água?
- Só quando me dá sede.
- Devias ver como és por dentro.

Polaco da Barreirinha



Numa dessas noites quentes, Saboro nos contava alguns diálogos de discípulos e mestres, em que nem sempre o mestre é o mestre.

1.

- Mestre, o caminho para a iluminação pode ser percebido durante a caminhada?
- Nem pense nisso.
- Quer dizer que podemos estar na trilha errada e não perceber?
- Nem pense nisso.
- De repente, uma vida inteira dá em nada.
- Nem pense nisso.
- Mas pode acontecer, não pode?
- Nem pense nisso.
- É isso, Mestre, a miséria humana é a maior entre os seres vivos porque temos consciência dela.
- Nem pense nisso.
- Mas, é verdade, Mestre, nossa insignificância perante o universo me dá arrepios, somos menos do que um grão de areia, o menor dos menorzinhos.
- Nem pense nisso.
- Pelo contrário, Mestre, temos que pensar muito sobre isso.
- Pra quê?
- Pra saber!
- Saber pra quê?
- Para diminuir o meu, o teu e o desconforto dos outros diante da vicissitudes da vida.
- Serás um bom mestre.
- Nem pense nisso.


Saboro Nossuco


2.


- Khuan Shi, vou ilustrá-lo sobre a maldade humana, hoje.
- Por que, Mestre Lin?
- Para que conheças os caminhos que a alma humana pode tomar.
- Conhecê-los me tornará imune a eles?
- Não.
- Então não quero saber.
- Queres me ensinar o que eu devo ensinar, Khuan Shi? Perguntou o mestre furioso.
- Bem que precisas.
- Insolente! E deu-lhe uma bofetada no rosto.
- Esse é um dos caminhos que querias me mostrar?
Mestre Lin ajoelhou-se então diante de Khuan Shi:
- Obrigado por teres me transformado em um mestre verdadeiro.

Saboro Nossuco


3.

Mestre Wu era cheio de manias e todos no mosteiro já as conheciam decor e salteado. A que todos achavam mais graça era a de não pisar em nada vivo. Até mesmo as folhas no chão mereciam sua compaixão.
- Poxa, Mestre, nãos achas que exageras um pouco ao evitar pisar sobre elas?
- Quanto achas que é um pouco?
- Ah sei lá! Só vejo que não relaxas quando passeias.
- Essa é outra questão. Concentremo-nos na primeira. Roubar um centavo ou um milhão, diferencia o ladrão?
- Não. Roubar é o que transforma alguém em ladrão, não a quantia.
- Perfeito! Vamos a outra questão. O fato de eu estar cuidando para não pisar nas folhas é por que não sei o que está sob elas. Na verdade, é uma demonstração de respeito que dou à vida e a todas as coisas.
- Estarias desrespeitando se acaso fosses cego, como Mestre Bo?
Mestre Wu fez uma longa reverência e iluminou-se todo.

Saboro Nossuco

4.

Mestre, as certezas nos ajudam a viver?
- Sem dúvida.
- Mas, Mestre Bo, nos disse que é sempre bom duvidar de nossas certezas.
- Sem dúvida.
- Mas então como elas nos ajudam a viver se temos que duvidar delas?
- Diminuindo o tempo para se chegar a uma decisão ou conclusão.
- Essa diminuição de tempo na reflexão não poderia nos levar a uma falsa conclusão?
- Sem dúvida.
- Então, como explicas tua certeza?
- Como algo instintivo.
- Tipo sentindo?
- Sem dúvida.
- Mas isso não enfraquece a certeza, mestre?
- Tenho que meditar mais sobre isso.
- Sem dúvida.

Saboro Nossuco



Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.
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Saboro Nossuco
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canção passada no futuro


engatarei a primeira marcha
e rapidinho sairei acelerando
cruzarei um vulto em meu caminho
e saberei que serás tu

ó glorioso futuro, que um dia
eu terei daqui pra frente
não esquecerei do meu passado
pois tu serás assunto encerrado



(thadeu w, rodrigo, ferreira e magoo)






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Oba! Vamos todos lá, tomar todas
e bater boca com os macacos.

Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.

Saboro Nossuco


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Edílson, Marcos e eu, no tempo em que se amarrava
carne com lingüiça.
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adoniranóia

enquanto minha má fama não atrapalhe
será que possi ficar mais um minuto
com você , my darling?
ou no more time?

se eu perder esse ônibus
jamais vou te piscar um olho
sei bem como vou indo
longe de mim ver você sorrindo

se não, pode ter certeza
isso não vai ser eterno
ainda vamos acabar juntos no inferno
atrás de um copo de cerveja

(thadeu w e marcos prado)



a rainha do rádio

a rainha do rádio
roeu a roupa do rei de Roma
que caqui que o Kiko quer?
Kiko quer caqui-café

macaco mané acabou na maca
a rainha do rádio tá fora de ritmo
a rainha do rádio não conhece meu íntimo
que bicho que te mordeu?

o jogo do time nosso é o time teu
vocês era os sem camisa
nós era os sem calça
e quem escolhia os times era os capitão


(Thadeu, Beco, Walmor, Rodrigo, Trindade e Edilson)



171 por todos, todos por 171

vou levar meu assunto
pra você chegar junto de mim
tem uns papos estranhos rolando na área
que não tem nada a ver

abobrinha recheada de xaveco
dá sopa pra malaco levar peteleco
conversa mole em orelha dura
dá chance ao azar até que fura


(Thadeu, Bira, Chico e Édson)


Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.

Saboro Nossuco


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O Tao está em tudo e não está prosa.
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Quem não lê, só fica por dentro do que está por fora.

Saboro Nossuco

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Amanhã, festa de aniversário do Ivan Justen.


monte carlo

ela sempre sai de casa olhando pro chão
mas isso não quer dizer humildade
muito menos é sinal de opressão
ela só não quer olhar nos meus olhos
.
imagina monte carlo
seus cassinos, seus carrões
vive sonhos milionários
mas nenhum inclui nós dois

hoje muita gente está olhando pro chão
das calçadas do centro da cidade
não estão olhando pra onde vão
e não querem olhar ninguém bem nos olhos
.
temem ver desmascarados
segredos imaginários
os desejos mais culpados
e os pensamentos otários
..
ela
ainda não sabe
fundalmentalmente importante
pra sua felicidade
.
eu
também faço parte
fundamentalmente importante
pra sua felicidade

.

quinta-feira, março 19, 2009


MESTRE SABORO NOSSUCO
A estranha arte de homenagear.


Há em mim uma forte noção do que seja ser alguém como Saboro Nossuco. Mas, muita vez, me escapa o seu total desapego a qualquer objeto ou idéia, deste, daquele ou do outro mundo. Também me atordoa a sutileza com que define, separa ou nomeia as coisas. Saboro me encanta, me diverte, me anima e, por que não?, me redime e me eleva. Outro dia, passei horas e horas no quintal de seu modesto templo na barreirinha. Saboro lidava com suas crias: pés de alface, rúcula, cebolinha, pepino, salsinha, ervilha torta, beterraba, couve-flor, repolho, couve-manteiga, tomate, radite entre outras verduras. Com paciência canina, Saboro retirava com as mãos os pequenos matos que tentavam se infiltrar entre as delícias. Duas horas depois, voltou-se para o limoeiro, a mimoseira, a laranjeira, a figueira, a jaboticabeira, a aceroleira e, com o zelo de mil dedos de mãe, limpou as folhas, ajeitou a terra em volta dos troncos e regou-os. Daí, finalmente, me dirigiu a palavra: “Olha que coisa mais linda!” Apontava para uma bananeira, que segundo me disse, tem apenas alguns meses, mas já está de um tamanho considerável e com folhas largas enormes admiravelmente verdes. “Batizei-a de Marcos Prado, em homenagem a Matsuó Bashô.” Fiquei tão confuso que tive de perguntar:
- Como assim?
- Exatamente como eu disse.
- Mas como se homenageia um poeta dando o nome de outro a uma bananeira? Não te parece sandice?
- Absolutamente, esse é um ato muito precioso para mim.
- Não te entendo.
- E para que queres me entender?
- Para saber por que deste o nome de Marcos Prado à bananeira que, na verdade, é uma homenagem a Matsuó Bashô.
- Sabes quem é Bashô?
- Claro!, um grande poeta japonês, pai do haicai, conhecido como o Senhor Bananeira.
- E Marcos Prado, conhece?
- Lógico, né? Fui seu parceiro em centenas de canções.
- Então pronto.
- Como assim, pronto?
- Agora já sabes o motivo.
- Não sei porra nenhuma!
Saboro, rindo, deu-me um forte pisão no pé.
- Ai ai ai.
- Viste, pisei no teu pé, mas foi a boca que gritou de dor.
Juro pra vocês que não entendi bolhufas do que ele quis me dizer com isso. Mas não sei por que cargas d’água me dei por satisfeito. Pensando bem, por que uma bananeira não poderia se chamar Marcos Prado, em homenagem a Matsuó Bashô?
- Estás certo. Sou um ignorante, Saboro.
- Cuidado com a Helena! Berrou, me empurrando levemente para a esquerda. Quase esmagas meu pé de acerola.
- Não vi. O nome é em homenagem a Helena de Tróia?
- Não, o nome é Helena Kolody, em homenagem a Emily Dickinson, Florbela Espanca e Cora Coralina.
Continuei achando estranho. Mas me dei por vencido. Saboro olhou dentro dos meus olhos e acho que entendeu o que eu sentia, pois foi fulminante como um raio:

“ao primeiro pingo
o rio rugiu um dilúvio:
mil nomes da chuva”

Polaco da Barreirinha





Quem não lé, só fica por dentro do está por fora.

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Saboro Nossuco

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Francisco da Cunha Pereira - outono 2009

você vive, você morre
nem tudo é igual
no outono da vida
caem as folhas do jornal
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Thadeu W
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Olá

Iéu se chama Isidório Duppa e vénho ansim com toda iducaçon convidá vossé pra assisti a Peça Semo Polaco Non Semo Fraco no Festival de Curitiba, no Tiatro da Uninter ansim conforme o cartáis do anécho, iéu téi certéza que cê vai morê de ri.

Um grande abrasso do Isidório Duppa