polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

quinta-feira, março 22, 2007








A vingança do povão.

Capítulo 1

Você acredita em monstros?

“Xi, paiê, sinhô fez xixizinho ni mim,
De novo.” Nunca foi realmente até o fim,
Porém, em muitas noites, arrasta a menina
Pra sua cama e se serve. Ela tem nove anos.
É a mais velha dos quatro irmãos. Única filha.
Além do pai, um tio a inclui entre seus planos.
Costuma aparecer com balas e docinhos,
Quando eles estão completamente sozinhos.

O pai, abandonado pela mulher, bebe
De cair pelas esquinas e, às vezes, se perde.
Fica dois, três dias, bêbado ou muito chapado,
Deixando as crianças sós, para alegria do tio.
“Ô, muié, não posso deixá os piá tudo largado,
Cum fome. Cê fica aí, não sorte nem um pio.”
A mulher, quarto mês de gravidez, dois filhos,
Sabe que se falar algo ele sai dos trilhos.

Já apanhou por mais de uma vida, então, se cala.
Sem ele, pode ver sua novela na sala,
Sossegadinha e alegre, junto aos seus filhotes.
“A noite tá pra mim.” Vai ao bar e enche a cara.
Sai. Chega tropeçando, cheio de pacotes.
“Óia o que o tio comprô proceis: bolacha, bala,
Chocolate e refri.” “Viva! Viva o tio Zeca!”
Felizes papam tudo. “E, agora, soneca!”

Pega os três menorzinhos e leva pra cama.
“Quem drumi por primero vai ganhá uma grana,
De manhãzinha. Quem abri o zóio perdeu.
Eu e a Aninha já tamo biservando oceis.”
Inocentes, nem piscam. “Isso aqui é só seu.”
Entrega-lhe o bombom. “Brigada, outra vez,
Mas não percisava s’incomodá, tio.”
“Quié isso, minha flô, não é incômodo, viu?

Procê dô tudo e mais um poco. Tá sabendo?”
Puxa-a pela cintura e os dedos vai metendo
Sob a blusa, tocando em seus seios minúsculos.
“Ai, tio, eu sinto cócica!” “Só um pouquinho.”
Beija-a na boca e prende-a com seus fortes músculos.
“O titio vai te dá agora um presentinho,
Mas ocê tem que ser boazinha e ficá quieta.”
Arrasta-a para a cama suja e incompleta.

A pequena debate-se, quer se livrar
Dos braços que a envolvem. Quando vai gritar,
Leva um murro no meio da cara e desmaia.
O Zeca se aproveita. Após descabaçá-la,
A sodomiza enquanto a enforca com a saia.
Juca, o mais velho dos meninos, vai à sala,
Atraído pelos ruídos. “Tio, que fez com ela?”
“Nada! Acho que ela tá c’uma bala na goela.

Ajude o tio aqui.” O garoto vem depressa.
Zeca pula sobre ele e não tem conversa.
Usa um pedaço de lençol como mordaça,
Prende-o e o deixa nu. Barbariza outra vez,
Pois enquanto estrangula o piá, também o traça.
“Agora, boto fogo em tudo!” Pensou e fez.
Com um martelo mata os dois sobreviventes
E com uma garrafa de álcool e um fósforo
Incendiou a pequena casa, sem remorso.

De longe, viu o fogo alto e sorriu aliviado.
Foi pra casa e dormiu um sono sossegado.
De manhãzinha, a mulher o acorda gritando:
“Zeca! Zeca, desgraça, meu Deus! Os meninos
E Aninha! Só tem cinza lá!” “Que tá falando?
Cê tá louca, muié?” “Não, tão aí os vizinhos
Querendo falá, home de Deus.” Meio tonto,
Zeca levanta e rápido vai ao encontro.

“Que que incomoda, Tião? Anda bebendo muito?”
“Nada, Zeca. Queimô a casa e as criança junto.”
A mulher de Zeca, que ouvia atrás da porta,
Tem um ataque histérico, cai desmaiada,
Bate a cabeça fortemente e rola morta.
Os três assistem a última estrebuchada,
Quase paralisados pelo horror da cena.
Quem visse Tião e Joca agora teria pena.

Os dois tinham trazido a notícia fatal
E Zeca os olhava com um ódio mortal.
“Veja o que oceis fez, fios da puta! Vão morrê!”
Quando puxa o punhal, os dois já estão longe.
Ameaça persegui-los, chega até a correr,
Mas pára. “Sei bem onde esses cabra se esconde.
As despois vô sangrá eles todinho. Ah, vô!
Não sobra um pra contá que me perjudicou.”

Entra em casa e olha para a falecida.
A estátua de Nossa Senhora Aparecida
é colocada no chão, ao lado do corpo,
Pela vizinha. Zeca não aprova muito.
Porém, dissimulado, se finge de morto.
Vai fazer um café e esquece do assunto.
Não demonstra nenhum sentimento ou dor.
Acende um cigarrinho e põe pó no coador.

Fim do capítulo 1



Antonio Thadeu Wojciechowski


45 Comentários:

Às 22 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Essa vai ser foda. Pelo início já dá pra ver que o bicho vai pegar.
Valeu.

Beto

 
Às 22 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Quase vomitei, caralho!

Mozart

 
Às 22 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Começo infernal da novelha. O que será que vem por aí?
Vamos acompanhar que é o melhor a se fazer.

Ab

Flávio

 
Às 22 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Que coisa bruta, Thadeu. Ai, como é que vc pode imaginar uma coisa dessas? Credo.

Leila

 
Às 22 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Que coisa bruta, Thadeu. Ai, como é que vc pode imaginar uma coisa dessas? Credo.

Leila

 
Às 22 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

no mínimo: verdadeiro.


bertol

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Polaco;

Amanhã vou ler de novo, pois nesse amanhacer pós beijo aa força, não tenho nada pra vos dizer.

Saudações alvi-verdes

Maringas, entorpecido etílicamente...

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Puerra, hombre!!!

Fabiano

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Meu Deus!!!!

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Nossa que coisa mais nojenta! Só uma mente doentia é capaz de imaginar uma merda dessas.

Leitor frustrado

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Não gostei.

Leandro Novais

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Pra que isso? Já não chega a violência do dia a dia?

Wilson Tiburski

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Não se desesperem a coisa vai ficar muito pior, conheço esse polaco lazarento.

 
Às 23 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Porra Polaco! Você está lendo muito jornal últimamente.

Maringas, que por essas e outras não bebe pinga em garrafa de plástico...

 
Às 23 março, 2007 , Blogger Alexandre França disse...

Cara, tá meio tribuna este negócio, ein...enfim, agora é só esperar os próximos capítulos (mas já digo de antemão q prefiro a do Wilson Martins). Abraço

 
Às 23 março, 2007 , Blogger Unknown disse...

Quem já tomou um bonde do Cabral para o Terminal Maracanã em Colombo, num sabadão à tarde, sabe bem que essa falácia de ilha da fantasia que se traveste Curitiba ´inda vai chegar ao seu fim ...

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Acho que isso aí é pura armação, para poder dar aqueles dribles geniais que o Polaco sempre dá na gente. Mas o olho que se abriu na história já garante muita emoção e suspense. Não liga não, Polaco, esse pessoal não tem paciência pra esperar se armar a trama.

Meu abraço

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Oba, começou com a corda toda.

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Tenho a impressão que li esta história em algum jornal, acho que foi na Tribuna há uns dois anos atrás. Foi ou não, Polaco?

Fernando Schiavonne

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Muito bruto.

BB

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Vamos lá, Polaco, quero ver sangue escorrendo neste blog.

Juca Torres

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Eu sei que esta história aconteceu aqui em Curitiba faz um tempinho, mas lembro que li não sei onde.

Adriano

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Arrepiado, fico na expectativa da continuação. Sem essa de analisar tuas intenções, pra mim, já está mais que provado que vc é um gênio, Polaco.

Arthur Fialho Netto

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Tem cara que se acha mesmo. O cara lê a introdução e já pensa que pode comparar com o que vc já fez. Não dê bola, Thadeu. Só mostre pra esse cara como é que se faz.

Nelson Frommer

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Concordo com o Nelson, acho que o Alexandre pisou na bola ao comparar. Não se deixe abater, Polaco, eu amo o que vc escreve.

Bj

Mara

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Tá du caralho, vai na tua Thadeu.

Mateus Negreiros

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Mande esses caras tomar no rabo, Tadeu. Ainda tem tempo pra eles irem pra outro blog e acharem tudo lindo e maravilhoso. Desce o cacete mesmo, sem dó nem piedade.

Loreno Guimarães

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

A Bárbara é que tá certa, essa fantasia de cidade modelo vai pro saco e não demora muito.

Sidnei Cruz

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Pra mim o texto está perfeito, quase despido de adjetivos ou interferências do narrador. Nada prejulgando o que vai acontecer. Os fatos acontecem e são assim. Sem apelações ou forçadas de barra, eu lembro da história perfeitamente. A manchete foi Tio Monstro estupra e mata 4 sobrinhos ou algo assim, não lembro exatamente. Parece que tinha alguma coisa mais com fogo etc etc.
Quem acha que é imaginação do autor está completamente enganado.
Com coceira no cérebro espero o cap. 2.

Abração

Carlos José Piekarski

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Sempre tem uns bacacas querendo aparecer. Vc é que é genial, Thadeu.
Achei forte mas a continuação deve ser aquelas coisas que só vc sabe fazer.

Torço e mando beijos.

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Depois das duas novelhas, eu espero tudo e mais um pouco. Vamos ver se o pessoal pega o espírito da coisa, porque tem uns comentariozinhos aí que dá pena.

Danilo

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Oi, querido. Estamos já de plantão pra acompanhar suas peripécias nessa nova aventura. Como sempre, desejamos a vc muito sucesso.

Clarissa Mota Marques
Paulo Marques Sobrinho

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Não dê trela pra vagabundo, escreva e deixe essa cambada falar o que quiser.

Rômulo da Costa

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Como tem gente fresca, porra que mundo vivem esses caras?

Júlio

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Isso, deixa os comentários de lado e mete o pau.

Renato Vasconcelos

 
Às 24 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Manda o segundo que esse já foi.

Vanderlei Nascimento

 
Às 25 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

vai copiar o dalton dedpois de velho seu safado!!!

Juca Bala

 
Às 25 março, 2007 , Blogger + malocas disse...

Já caiu matando, hein??

kpt~

 
Às 26 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Muito bom.

Leandro Lima

 
Às 26 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

Puta que pariu! Até amanhã.

Ludovico Moreira

 
Às 27 março, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

novelha da vida real é isso, não bbb de bosta.

 
Às 02 abril, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

como seus fãs são imbecis Thadeu...

ronca

 
Às 13 abril, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

cade o resto, bicho preguiça?


ruga rodrigues

 
Às 19 abril, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

que merda!!!

susa

 
Às 30 abril, 2007 , Anonymous Anônimo disse...

muito autobiografico pro meu gozo

 

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