A vingança do povão.
Capítulo 1
Você acredita em monstros?
“Xi, paiê, sinhô fez xixizinho ni mim,
De novo.” Nunca foi realmente até o fim,
Porém, em muitas noites, arrasta a menina
Pra sua cama e se serve. Ela tem nove anos.
É a mais velha dos quatro irmãos. Única filha.
Além do pai, um tio a inclui entre seus planos.
Costuma aparecer com balas e docinhos,
Quando eles estão completamente sozinhos.
O pai, abandonado pela mulher, bebe
De cair pelas esquinas e, às vezes, se perde.
Fica dois, três dias, bêbado ou muito chapado,
Deixando as crianças sós, para alegria do tio.
“Ô, muié, não posso deixá os piá tudo largado,
Cum fome. Cê fica aí, não sorte nem um pio.”
A mulher, quarto mês de gravidez, dois filhos,
Sabe que se falar algo ele sai dos trilhos.
Já apanhou por mais de uma vida, então, se cala.
Sem ele, pode ver sua novela na sala,
Sossegadinha e alegre, junto aos seus filhotes.
“A noite tá pra mim.” Vai ao bar e enche a cara.
Sai. Chega tropeçando, cheio de pacotes.
“Óia o que o tio comprô proceis: bolacha, bala,
Chocolate e refri.” “Viva! Viva o tio Zeca!”
Felizes papam tudo. “E, agora, soneca!”
Pega os três menorzinhos e leva pra cama.
“Quem drumi por primero vai ganhá uma grana,
De manhãzinha. Quem abri o zóio perdeu.
Eu e a Aninha já tamo biservando oceis.”
Inocentes, nem piscam. “Isso aqui é só seu.”
Entrega-lhe o bombom. “Brigada, outra vez,
Mas não percisava s’incomodá, tio.”
“Quié isso, minha flô, não é incômodo, viu?
Procê dô tudo e mais um poco. Tá sabendo?”
Puxa-a pela cintura e os dedos vai metendo
Sob a blusa, tocando em seus seios minúsculos.
“Ai, tio, eu sinto cócica!” “Só um pouquinho.”
Beija-a na boca e prende-a com seus fortes músculos.
“O titio vai te dá agora um presentinho,
Mas ocê tem que ser boazinha e ficá quieta.”
Arrasta-a para a cama suja e incompleta.
A pequena debate-se, quer se livrar
Dos braços que a envolvem. Quando vai gritar,
Leva um murro no meio da cara e desmaia.
O Zeca se aproveita. Após descabaçá-la,
A sodomiza enquanto a enforca com a saia.
Juca, o mais velho dos meninos, vai à sala,
Atraído pelos ruídos. “Tio, que fez com ela?”
“Nada! Acho que ela tá c’uma bala na goela.
Ajude o tio aqui.” O garoto vem depressa.
Zeca pula sobre ele e não tem conversa.
Usa um pedaço de lençol como mordaça,
Prende-o e o deixa nu. Barbariza outra vez,
Pois enquanto estrangula o piá, também o traça.
“Agora, boto fogo em tudo!” Pensou e fez.
Com um martelo mata os dois sobreviventes
E com uma garrafa de álcool e um fósforo
Incendiou a pequena casa, sem remorso.
De longe, viu o fogo alto e sorriu aliviado.
Foi pra casa e dormiu um sono sossegado.
De manhãzinha, a mulher o acorda gritando:
“Zeca! Zeca, desgraça, meu Deus! Os meninos
E Aninha! Só tem cinza lá!” “Que tá falando?
Cê tá louca, muié?” “Não, tão aí os vizinhos
Querendo falá, home de Deus.” Meio tonto,
Zeca levanta e rápido vai ao encontro.
“Que que incomoda, Tião? Anda bebendo muito?”
“Nada, Zeca. Queimô a casa e as criança junto.”
A mulher de Zeca, que ouvia atrás da porta,
Tem um ataque histérico, cai desmaiada,
Bate a cabeça fortemente e rola morta.
Os três assistem a última estrebuchada,
Quase paralisados pelo horror da cena.
Quem visse Tião e Joca agora teria pena.
Os dois tinham trazido a notícia fatal
E Zeca os olhava com um ódio mortal.
“Veja o que oceis fez, fios da puta! Vão morrê!”
Quando puxa o punhal, os dois já estão longe.
Ameaça persegui-los, chega até a correr,
Mas pára. “Sei bem onde esses cabra se esconde.
As despois vô sangrá eles todinho. Ah, vô!
Não sobra um pra contá que me perjudicou.”
Entra em casa e olha para a falecida.
A estátua de Nossa Senhora Aparecida
é colocada no chão, ao lado do corpo,
Pela vizinha. Zeca não aprova muito.
Porém, dissimulado, se finge de morto.
Vai fazer um café e esquece do assunto.
Não demonstra nenhum sentimento ou dor.
Acende um cigarrinho e põe pó no coador.
Fim do capítulo 1
Antonio Thadeu Wojciechowski
45 Comentários:
Essa vai ser foda. Pelo início já dá pra ver que o bicho vai pegar.
Valeu.
Beto
Quase vomitei, caralho!
Mozart
Começo infernal da novelha. O que será que vem por aí?
Vamos acompanhar que é o melhor a se fazer.
Ab
Flávio
Que coisa bruta, Thadeu. Ai, como é que vc pode imaginar uma coisa dessas? Credo.
Leila
Que coisa bruta, Thadeu. Ai, como é que vc pode imaginar uma coisa dessas? Credo.
Leila
no mínimo: verdadeiro.
bertol
Polaco;
Amanhã vou ler de novo, pois nesse amanhacer pós beijo aa força, não tenho nada pra vos dizer.
Saudações alvi-verdes
Maringas, entorpecido etílicamente...
Puerra, hombre!!!
Fabiano
Meu Deus!!!!
Nossa que coisa mais nojenta! Só uma mente doentia é capaz de imaginar uma merda dessas.
Leitor frustrado
Não gostei.
Leandro Novais
Pra que isso? Já não chega a violência do dia a dia?
Wilson Tiburski
Não se desesperem a coisa vai ficar muito pior, conheço esse polaco lazarento.
Porra Polaco! Você está lendo muito jornal últimamente.
Maringas, que por essas e outras não bebe pinga em garrafa de plástico...
Cara, tá meio tribuna este negócio, ein...enfim, agora é só esperar os próximos capítulos (mas já digo de antemão q prefiro a do Wilson Martins). Abraço
Quem já tomou um bonde do Cabral para o Terminal Maracanã em Colombo, num sabadão à tarde, sabe bem que essa falácia de ilha da fantasia que se traveste Curitiba ´inda vai chegar ao seu fim ...
Acho que isso aí é pura armação, para poder dar aqueles dribles geniais que o Polaco sempre dá na gente. Mas o olho que se abriu na história já garante muita emoção e suspense. Não liga não, Polaco, esse pessoal não tem paciência pra esperar se armar a trama.
Meu abraço
Oba, começou com a corda toda.
Tenho a impressão que li esta história em algum jornal, acho que foi na Tribuna há uns dois anos atrás. Foi ou não, Polaco?
Fernando Schiavonne
Muito bruto.
BB
Vamos lá, Polaco, quero ver sangue escorrendo neste blog.
Juca Torres
Eu sei que esta história aconteceu aqui em Curitiba faz um tempinho, mas lembro que li não sei onde.
Adriano
Arrepiado, fico na expectativa da continuação. Sem essa de analisar tuas intenções, pra mim, já está mais que provado que vc é um gênio, Polaco.
Arthur Fialho Netto
Tem cara que se acha mesmo. O cara lê a introdução e já pensa que pode comparar com o que vc já fez. Não dê bola, Thadeu. Só mostre pra esse cara como é que se faz.
Nelson Frommer
Concordo com o Nelson, acho que o Alexandre pisou na bola ao comparar. Não se deixe abater, Polaco, eu amo o que vc escreve.
Bj
Mara
Tá du caralho, vai na tua Thadeu.
Mateus Negreiros
Mande esses caras tomar no rabo, Tadeu. Ainda tem tempo pra eles irem pra outro blog e acharem tudo lindo e maravilhoso. Desce o cacete mesmo, sem dó nem piedade.
Loreno Guimarães
A Bárbara é que tá certa, essa fantasia de cidade modelo vai pro saco e não demora muito.
Sidnei Cruz
Pra mim o texto está perfeito, quase despido de adjetivos ou interferências do narrador. Nada prejulgando o que vai acontecer. Os fatos acontecem e são assim. Sem apelações ou forçadas de barra, eu lembro da história perfeitamente. A manchete foi Tio Monstro estupra e mata 4 sobrinhos ou algo assim, não lembro exatamente. Parece que tinha alguma coisa mais com fogo etc etc.
Quem acha que é imaginação do autor está completamente enganado.
Com coceira no cérebro espero o cap. 2.
Abração
Carlos José Piekarski
Sempre tem uns bacacas querendo aparecer. Vc é que é genial, Thadeu.
Achei forte mas a continuação deve ser aquelas coisas que só vc sabe fazer.
Torço e mando beijos.
Depois das duas novelhas, eu espero tudo e mais um pouco. Vamos ver se o pessoal pega o espírito da coisa, porque tem uns comentariozinhos aí que dá pena.
Danilo
Oi, querido. Estamos já de plantão pra acompanhar suas peripécias nessa nova aventura. Como sempre, desejamos a vc muito sucesso.
Clarissa Mota Marques
Paulo Marques Sobrinho
Não dê trela pra vagabundo, escreva e deixe essa cambada falar o que quiser.
Rômulo da Costa
Como tem gente fresca, porra que mundo vivem esses caras?
Júlio
Isso, deixa os comentários de lado e mete o pau.
Renato Vasconcelos
Manda o segundo que esse já foi.
Vanderlei Nascimento
vai copiar o dalton dedpois de velho seu safado!!!
Juca Bala
Já caiu matando, hein??
kpt~
Muito bom.
Leandro Lima
Puta que pariu! Até amanhã.
Ludovico Moreira
novelha da vida real é isso, não bbb de bosta.
como seus fãs são imbecis Thadeu...
ronca
cade o resto, bicho preguiça?
ruga rodrigues
que merda!!!
susa
muito autobiografico pro meu gozo
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