destino das horas
Frente ao espelho, às três da madruga,
ele, olhando feio pruma ruga,
enxerga na anatomia do detalhe
a erosão que já não tem disfarce.
É a marca implacável do tempo.
Mapas indecifráveis que, em sulcos
profundos, no corpo vão escrevendo
a derrocada inexorável dos músculos!
Na ânsia de não ver, quebra o espelho
em cacos, dando vez ao desespero.
e, contabilizando o prejuízo,
tenta se refazer do destempero.
Mas ao se ver sem força e sem juízo,
no espelho quebrado, chora Narciso!
Antonio Thadeu Wojciechowski
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