Bola Perdida
“Garrincha, para mim, foi a prova definitiva e final de que Deus
joga certo por pernas tortas.”
Meus estigmadíssimos leitores, ler-me deve ser mesmo uma caixinha de surpresa. Meu amor aos poetas, músicos, pensadores, religiosos, deu a mim e a meus textos uma textura que, quando não compreendida, se assemelha a um amontoado de frases sem nexo. Ou, por comparação, a um time de futebol sem técnica e sem técnico. Mas isso não tem importância.
- Que merda! Vai pregar de novo no deserto, escriba dos infernos. Será que você não se enxerga, Dalton? O povão quer ir direto ao assunto, ninguém está interessado em firulas do perna-de-pau mor de nossas letras... Ah ah ah ah ha!
- Ah ah ah ah! O Dalton é um mamute, com passo de elefantinho. Vai te catar, ô poço de paranóia. Ninguém quer saber de literatices ou de se sentir enxovalhado pela sua pretensa superioridade.
Os dois palhaços, sem circo e sem picadeiro, trabalham comigo aqui na redação e, juro pra vocês, só não matei um rindo ainda porque não pego em caca nem quando estou distraído. É constrangedor ver duas pessoas se apegando ao chiste, à pilheria, à bazófia apenas para importunar e tentar tirar minha concentração na hora em que lhes escrevo, meus fidelíssimos leitores. O ser da esquerda é tão repugnante que aos 21 anos ainda é office-boy da empresa. Ribamar é o único humano que consegue ter uma cara entre as espinhas. Dá nojo, só de ver, além das crateras, jorros e erupções vulcânicas espalhando sebo líquido nas telas dos monitores e nos teclados. Já perdi a conta de quantas vezes fui atingido. Mas isso não tem importância. O que eu na verdade queria lhes dizer é que...eu não tenho bem certeza, acho que foi em 1964... não, não. Me perdoem o apagão momentâneo. Lembro de botas e militares chutando presos, entrando de sola e mandando a democracia pra escanteio, sem dar bola pra ninguém. Isso mesmo: 1965! O que eu ia dizer é que eu e o Nelson Rodrigues nos encontramos naquele ano, à meia-noite, em plena Av.Copacabana. A lua e a maré, cheias, encheram-nos o coração com tanta beleza que, naquela noite, fomos, um para o outro, mais fraternais do que brasileiro no dia em o timão quebrou o jejum de 23 anos sem título. O clima de camaradagem, que cultivamos desde que nos reconhecemos como artistas, a conversa elegante e a alegria incontida pelo encontro inesperado, trouxeram ao nosso passeio a saudade do eternamente genial, do menino, do anjo de pernas tortas, o nosso Garrincha. Eu e o Nelson, alguns anos antes, havíamos presenciado a mais bela partida que o futebol já proporcionou ao mundo: Botafogo 3 x 0 Flamengo.
As manchetes, no dia seguinte, urravam elogios ao herói da partida. Todas, numa devoção quase materna, colocavam Mané ao lado ou acima dos deuses. A Manchete d’O Globo, em letras garrafais, embriagou os olhos espantados do Brasil com esta pérola de manchete: “Garrincha 3, Flamengo 0”. Rimos, choramos de tanto rir, regidos pela doce emoção e magia das imagens imortalizadas em nossas vidas. Quando nos despedimos, um vazio preencheu o brilho dos seus olhos que, tristes, olhavam para os meus. Lembro de ter visto uma lágrima, mínima, esquálida, ínfima, paralisada em Nelson, como se, suspensa e imóvel, pudesse se proteger do meu olhar quase profano. Antes de virar as costas e sair me disse: “Dalton, o homem é senhor do que silencia e escravo do que pronuncia. Mas vou lhe dizer uma verdade que tenho como definitiva, com Garrincha e Pelé em campo, o povo não lotava o estádio para torcer, mas para rezar. Graças a eles saímos do subdesenvolvimento e entramos para o primeiro mundo.” Pouco depois, eu estava só, pisando a areia de Copacabana e ansioso para voltar para Curitiba, mas uma estranha sensação de bem estar me acompanhou durante muito tempo. É como se, pela primeira vez, eu olhasse para mim mesmo e me reconhecesse no palco do mundo, não mais como coadjuvante e, sim,
Meus estigmadíssimos leitores, ler-me deve ser mesmo uma caixinha de surpresa. Meu amor aos poetas, músicos, pensadores, religiosos, deu a mim e a meus textos uma textura que, quando não compreendida, se assemelha a um amontoado de frases sem nexo. Ou, por comparação, a um time de futebol sem técnica e sem técnico. Mas isso não tem importância.
- Que merda! Vai pregar de novo no deserto, escriba dos infernos. Será que você não se enxerga, Dalton? O povão quer ir direto ao assunto, ninguém está interessado em firulas do perna-de-pau mor de nossas letras... Ah ah ah ah ha!
- Ah ah ah ah! O Dalton é um mamute, com passo de elefantinho. Vai te catar, ô poço de paranóia. Ninguém quer saber de literatices ou de se sentir enxovalhado pela sua pretensa superioridade.
Os dois palhaços, sem circo e sem picadeiro, trabalham comigo aqui na redação e, juro pra vocês, só não matei um rindo ainda porque não pego em caca nem quando estou distraído. É constrangedor ver duas pessoas se apegando ao chiste, à pilheria, à bazófia apenas para importunar e tentar tirar minha concentração na hora em que lhes escrevo, meus fidelíssimos leitores. O ser da esquerda é tão repugnante que aos 21 anos ainda é office-boy da empresa. Ribamar é o único humano que consegue ter uma cara entre as espinhas. Dá nojo, só de ver, além das crateras, jorros e erupções vulcânicas espalhando sebo líquido nas telas dos monitores e nos teclados. Já perdi a conta de quantas vezes fui atingido. Mas isso não tem importância. O que eu na verdade queria lhes dizer é que...eu não tenho bem certeza, acho que foi em 1964... não, não. Me perdoem o apagão momentâneo. Lembro de botas e militares chutando presos, entrando de sola e mandando a democracia pra escanteio, sem dar bola pra ninguém. Isso mesmo: 1965! O que eu ia dizer é que eu e o Nelson Rodrigues nos encontramos naquele ano, à meia-noite, em plena Av.Copacabana. A lua e a maré, cheias, encheram-nos o coração com tanta beleza que, naquela noite, fomos, um para o outro, mais fraternais do que brasileiro no dia em o timão quebrou o jejum de 23 anos sem título. O clima de camaradagem, que cultivamos desde que nos reconhecemos como artistas, a conversa elegante e a alegria incontida pelo encontro inesperado, trouxeram ao nosso passeio a saudade do eternamente genial, do menino, do anjo de pernas tortas, o nosso Garrincha. Eu e o Nelson, alguns anos antes, havíamos presenciado a mais bela partida que o futebol já proporcionou ao mundo: Botafogo 3 x 0 Flamengo.
As manchetes, no dia seguinte, urravam elogios ao herói da partida. Todas, numa devoção quase materna, colocavam Mané ao lado ou acima dos deuses. A Manchete d’O Globo, em letras garrafais, embriagou os olhos espantados do Brasil com esta pérola de manchete: “Garrincha 3, Flamengo 0”. Rimos, choramos de tanto rir, regidos pela doce emoção e magia das imagens imortalizadas em nossas vidas. Quando nos despedimos, um vazio preencheu o brilho dos seus olhos que, tristes, olhavam para os meus. Lembro de ter visto uma lágrima, mínima, esquálida, ínfima, paralisada em Nelson, como se, suspensa e imóvel, pudesse se proteger do meu olhar quase profano. Antes de virar as costas e sair me disse: “Dalton, o homem é senhor do que silencia e escravo do que pronuncia. Mas vou lhe dizer uma verdade que tenho como definitiva, com Garrincha e Pelé em campo, o povo não lotava o estádio para torcer, mas para rezar. Graças a eles saímos do subdesenvolvimento e entramos para o primeiro mundo.” Pouco depois, eu estava só, pisando a areia de Copacabana e ansioso para voltar para Curitiba, mas uma estranha sensação de bem estar me acompanhou durante muito tempo. É como se, pela primeira vez, eu olhasse para mim mesmo e me reconhecesse no palco do mundo, não mais como coadjuvante e, sim,
protagonista da história.
Perdoem-me pela divagação e pecado de me deixar levar pelas lembranças e vaidades que o tempo ainda não soterrou. O que eu quero dizer, meus contemporanísssimos leitores, é que quando o presente embrutece os sentidos,
Perdoem-me pela divagação e pecado de me deixar levar pelas lembranças e vaidades que o tempo ainda não soterrou. O que eu quero dizer, meus contemporanísssimos leitores, é que quando o presente embrutece os sentidos,
o passado é tudo que nos resta.
- Mas será possível, Deus do céu!! Que coisa mais chata, um nhém nhém nhém que não pára nunca. Fala do campeonato brasileiro, rato de biblioteca. Guincha o ser úmido, pegajoso e untuoso ao tato, entretido a explodir estupendas espinhas diante do espelho encardido.
- O quê? O cara ainda não entrou no assunto? É uma bosta seca de burro mesmo. Puta que o pariu, que mula! Gralha o ser difuso à minha direita, o Geraldo, o colunista político mais alienado do sul do cu do mundo. Mas isso não tem importância. O fato é que a maledicência e a inveja se encalacraram de tal forma na alma desses dois que fica difícil defini-los sem que minha própria alma se enlameie de indecência. Tudo que posso é, mais ou menos, pincelar suas características mais amenas, não para que vocês, meus sapientíssimos leitores, formem juízo, mas para que o percam. Mas voltando ao que ia lhes dizer, quando fui interrompido pelo Geraldo e Ribamar, o nosso presente é bom. Só não é perfeito porque um dos nossos times perdeu. Mas o Coritiba lavou a nossa alma. Michael e o Carlinhos Paraíba jogaram como Pelé e Garrincha em seus áureos tempos. Os dois fizeram jogadas que até o Luxemburgo teve vontade de aplaudir de pé, mas preferiu se acovardar e bater na fraca arbitragem da partida que, na verdade, só prejudicou mesmo ao Coritiba. Mas isso não tem importância. O que não posso deixar de lhes dizer é que Hugo, Pedro Ken, Alê e Ricardinho acabaram com o jogo. Enquanto Michael e Paraíba voavam em campo e faziam peripécias das mais supimpas, com triangulações, dribles, arrancadas fenomenais, o quarteto fantástico fazia os palmeirenses sentirem meda, temora, pânica, horrora. Faltou muito pouco para perguntarem uns aos outros, aos gritos e faniquitos: “Cadê a bola, cadê?” Para não lhes faltar com a sinceridade total e absoluta, digo mais, o time do Coritiba, foi verdadeiramente um time. Coeso, compacto, raçudo, agressivo na marcação e criativo quando estava com a bola no pé. Os dois gols foram obras-primas. Hugo serviu e marcou, Michael marcou e serviu. Dorival Jr. mereceu nota 9, pois teve inteligência para armar e orientar o time com a lucidez de um Eisten. O Atlético foi a Ipatinga marcou um gol aos 3 minutos e teve um apagão. Não se viu futebol e como não teve futebol, em respeito ao meu tio Torcedor, me nego a comentar. Mas, a bem da verdade, trouxe 3 pontos, jogando na casa do adversário, e esse fato é inegavelmente positivo. Nesta semana, anunciou mais um reforço, um tal de Joãozinho. O Augusto Mafuz, furibundo, trovejou em sua coluna, soltando raios, relâmpagos e trovões pelas ventas. Eu só conheço o Joãozinho das piadas com a Mariazinha ou com a professora.
- Mas será possível, Deus do céu!! Que coisa mais chata, um nhém nhém nhém que não pára nunca. Fala do campeonato brasileiro, rato de biblioteca. Guincha o ser úmido, pegajoso e untuoso ao tato, entretido a explodir estupendas espinhas diante do espelho encardido.
- O quê? O cara ainda não entrou no assunto? É uma bosta seca de burro mesmo. Puta que o pariu, que mula! Gralha o ser difuso à minha direita, o Geraldo, o colunista político mais alienado do sul do cu do mundo. Mas isso não tem importância. O fato é que a maledicência e a inveja se encalacraram de tal forma na alma desses dois que fica difícil defini-los sem que minha própria alma se enlameie de indecência. Tudo que posso é, mais ou menos, pincelar suas características mais amenas, não para que vocês, meus sapientíssimos leitores, formem juízo, mas para que o percam. Mas voltando ao que ia lhes dizer, quando fui interrompido pelo Geraldo e Ribamar, o nosso presente é bom. Só não é perfeito porque um dos nossos times perdeu. Mas o Coritiba lavou a nossa alma. Michael e o Carlinhos Paraíba jogaram como Pelé e Garrincha em seus áureos tempos. Os dois fizeram jogadas que até o Luxemburgo teve vontade de aplaudir de pé, mas preferiu se acovardar e bater na fraca arbitragem da partida que, na verdade, só prejudicou mesmo ao Coritiba. Mas isso não tem importância. O que não posso deixar de lhes dizer é que Hugo, Pedro Ken, Alê e Ricardinho acabaram com o jogo. Enquanto Michael e Paraíba voavam em campo e faziam peripécias das mais supimpas, com triangulações, dribles, arrancadas fenomenais, o quarteto fantástico fazia os palmeirenses sentirem meda, temora, pânica, horrora. Faltou muito pouco para perguntarem uns aos outros, aos gritos e faniquitos: “Cadê a bola, cadê?” Para não lhes faltar com a sinceridade total e absoluta, digo mais, o time do Coritiba, foi verdadeiramente um time. Coeso, compacto, raçudo, agressivo na marcação e criativo quando estava com a bola no pé. Os dois gols foram obras-primas. Hugo serviu e marcou, Michael marcou e serviu. Dorival Jr. mereceu nota 9, pois teve inteligência para armar e orientar o time com a lucidez de um Eisten. O Atlético foi a Ipatinga marcou um gol aos 3 minutos e teve um apagão. Não se viu futebol e como não teve futebol, em respeito ao meu tio Torcedor, me nego a comentar. Mas, a bem da verdade, trouxe 3 pontos, jogando na casa do adversário, e esse fato é inegavelmente positivo. Nesta semana, anunciou mais um reforço, um tal de Joãozinho. O Augusto Mafuz, furibundo, trovejou em sua coluna, soltando raios, relâmpagos e trovões pelas ventas. Eu só conheço o Joãozinho das piadas com a Mariazinha ou com a professora.
Mas daí só rindo.
O Paraná jogou futebol para nada. Perdeu do Avaí, com um gol do Sobrenatural de Almeida. O que se viu na Vila Capanema foi um amontoado de jogadores querendo pegar de pau a coitada da bola. Mas não faltou luta ao tricolor, faltou técnica, entrosamento, pontaria, tabelas, triangulações, esses pequenos detalhes que diferenciam um time de futebol de um time de luta greco-romana. Mas tudo isso é passado. Vem aí a segunda rodada, o Coritiba, desfalcado do artilheiro Keirrison , do gigante Jéci, do talentoso Marlos, do impetuoso Rodrigo Mancha e do incrível Paraíba vai a Floripa, terra da belíssima Lagoa da Conceição, enfrentar o melhor ataque e a pior defesa do campeonato. O Figueirense levou 5 da Portuguesa, mas conseguiu empatar depois de estar perdendo por 5x2. E um ponto fora de casa é sempre bom num campeonato de pontos corridos. Mas se o Coxa jogar 70% do que jogou no domingo vai escalpelar em pleno Orlando Scarpelli o alvinegro barriga verde, sem dó nem piedade. O Atlético, no Joaquim Américo, pega o São Paulo que vem de uma derrota para o Grêmio e de uma vitória contra o Fluminense. A torcida pode fazer a diferença, mas se o Atlético não jogar nada como fez em Ipatinga pode levar uma traulitrada inesquecível. O normal é que o Atlético vença, pois o São Paulo poupará vários titulares para o jogo de volta com o Fluminense.
O Paraná vai à Fortaleza jogar com o time homônimo que se acastelará no Castelão e tentará, na pressão, cozinhar o gralha. Não vai ser fácil, o Fortaleza empatou com o Bahia na Fonte Nova e, por muito pouco, não venceu. Mas o Paraná se utiliza muito bem do contra-ataque e, com a volta do Joelson, pode se dar bem. Tomara que sim. Caso contrário, vai ter que segurar a lanterna e tentar achar o caminho de casa. Mas isso não tem importância.
Agora, me dêem uma licencinha que eu vou atender ao telefone:
- Alô, quem fala?
- Teu pai.
- Ô, Trevisan, que que há, cara, perdeu o respeito?
- Não se preocupe, não tenho porco na família.
- Diz, aí. Você tem visto o Torcedor?
- O cara entrou em depressão profunda, Dalton. Já na primeira rodada do Campeonato Brasileiro... POF! O cara caiu duro, seco e arreganhado. Acordou no hospital, babando e delirando, aos gritos, com choros e rangeres de dentes. O doutor disse que o Torcedor, quando chegou, estava começando a comer capim pela raiz.
O Paraná jogou futebol para nada. Perdeu do Avaí, com um gol do Sobrenatural de Almeida. O que se viu na Vila Capanema foi um amontoado de jogadores querendo pegar de pau a coitada da bola. Mas não faltou luta ao tricolor, faltou técnica, entrosamento, pontaria, tabelas, triangulações, esses pequenos detalhes que diferenciam um time de futebol de um time de luta greco-romana. Mas tudo isso é passado. Vem aí a segunda rodada, o Coritiba, desfalcado do artilheiro Keirrison , do gigante Jéci, do talentoso Marlos, do impetuoso Rodrigo Mancha e do incrível Paraíba vai a Floripa, terra da belíssima Lagoa da Conceição, enfrentar o melhor ataque e a pior defesa do campeonato. O Figueirense levou 5 da Portuguesa, mas conseguiu empatar depois de estar perdendo por 5x2. E um ponto fora de casa é sempre bom num campeonato de pontos corridos. Mas se o Coxa jogar 70% do que jogou no domingo vai escalpelar em pleno Orlando Scarpelli o alvinegro barriga verde, sem dó nem piedade. O Atlético, no Joaquim Américo, pega o São Paulo que vem de uma derrota para o Grêmio e de uma vitória contra o Fluminense. A torcida pode fazer a diferença, mas se o Atlético não jogar nada como fez em Ipatinga pode levar uma traulitrada inesquecível. O normal é que o Atlético vença, pois o São Paulo poupará vários titulares para o jogo de volta com o Fluminense.
O Paraná vai à Fortaleza jogar com o time homônimo que se acastelará no Castelão e tentará, na pressão, cozinhar o gralha. Não vai ser fácil, o Fortaleza empatou com o Bahia na Fonte Nova e, por muito pouco, não venceu. Mas o Paraná se utiliza muito bem do contra-ataque e, com a volta do Joelson, pode se dar bem. Tomara que sim. Caso contrário, vai ter que segurar a lanterna e tentar achar o caminho de casa. Mas isso não tem importância.
Agora, me dêem uma licencinha que eu vou atender ao telefone:
- Alô, quem fala?
- Teu pai.
- Ô, Trevisan, que que há, cara, perdeu o respeito?
- Não se preocupe, não tenho porco na família.
- Diz, aí. Você tem visto o Torcedor?
- O cara entrou em depressão profunda, Dalton. Já na primeira rodada do Campeonato Brasileiro... POF! O cara caiu duro, seco e arreganhado. Acordou no hospital, babando e delirando, aos gritos, com choros e rangeres de dentes. O doutor disse que o Torcedor, quando chegou, estava começando a comer capim pela raiz.
Mas agora já está bem.
- Trevisan, o cara ama o futebol arte mais do que eu amo meu pai. E o cara nunca teve time, dá pra imaginar o sofrimento do desgracido, que não perde um jogo, vendo Paraná e Avaí, Atlético e Ipatinga, Atletico Mineiro e Fluminense, São Paulo e Grêmio?
- Coitado do velhinho. Mas mudando de assunto, o Machado de Assis deixou sua mensagem mediúnica, direto do além via terreiro do Pai Véio Chico Fantasma. Como o Torcedor está no hospital fui pegar.
- Trevisan, o cara ama o futebol arte mais do que eu amo meu pai. E o cara nunca teve time, dá pra imaginar o sofrimento do desgracido, que não perde um jogo, vendo Paraná e Avaí, Atlético e Ipatinga, Atletico Mineiro e Fluminense, São Paulo e Grêmio?
- Coitado do velhinho. Mas mudando de assunto, o Machado de Assis deixou sua mensagem mediúnica, direto do além via terreiro do Pai Véio Chico Fantasma. Como o Torcedor está no hospital fui pegar.
Quer que eu leia?
- Não não quero, é você que quer. Manda ver, cara, desembucha.
- Ouça aí: “Povão só pega um bronze quando lhe cai uma estátua em cima. E só descobre um grande filão, quando, alegrinho, se dirige direto ao guichê, ouve uma tremenda vaia, olha pra trás e vê o sádico guardinha cutucando seu ombro e apontando o tamanho da procissão que chegou antes.
- Não não quero, é você que quer. Manda ver, cara, desembucha.
- Ouça aí: “Povão só pega um bronze quando lhe cai uma estátua em cima. E só descobre um grande filão, quando, alegrinho, se dirige direto ao guichê, ouve uma tremenda vaia, olha pra trás e vê o sádico guardinha cutucando seu ombro e apontando o tamanho da procissão que chegou antes.
Te cuida, Dalton e cuida do Torcedor!
Ass.: Machado de Assis.”
- ...
Trevisan, diante da minha breve e inconseqüente reticência, desligou e, como sempre, não disse nem tchau. Fiquei a pensar cá com os meus botões de futebol de mesa: é mesmo, né, meus sexta-feiríssimos leitores?, o Machado de Assis, morto, está mais vivo do que antes. Sua mensagem me faz refletir sobre um ensinamento do velho sábio chinês, o honorável Lao Tsé, autor do enunciado da Teoria da Relatividade, em 570 a.C ou, pra ser exato, 2.538 a.E.* : “Aqueles que, na Terra, vivem só na engorda, na virada do cocho vão pro espeto.” Eis uma coisa pra se pensar. Mas isso não tem importância.
Essa semana foi que é um upa. O Maringas ainda está comemorando e mandou fazer uma placa sanduíche, onde na frente se vê o símbolo do coxa com a frase: Estamos comemorando há 12 dias, sem acidentes. E nas costas: Nosso recorde é 28 dias, em 1985. O Roberto Prado foi quem o encontrou e me ligou, mais expectativo que noivo virgem em sua festa de despedida de solteiro. O papo ao telefone foi meio insólito, mas, se não me falha a memória,
- ...
Trevisan, diante da minha breve e inconseqüente reticência, desligou e, como sempre, não disse nem tchau. Fiquei a pensar cá com os meus botões de futebol de mesa: é mesmo, né, meus sexta-feiríssimos leitores?, o Machado de Assis, morto, está mais vivo do que antes. Sua mensagem me faz refletir sobre um ensinamento do velho sábio chinês, o honorável Lao Tsé, autor do enunciado da Teoria da Relatividade, em 570 a.C ou, pra ser exato, 2.538 a.E.* : “Aqueles que, na Terra, vivem só na engorda, na virada do cocho vão pro espeto.” Eis uma coisa pra se pensar. Mas isso não tem importância.
Essa semana foi que é um upa. O Maringas ainda está comemorando e mandou fazer uma placa sanduíche, onde na frente se vê o símbolo do coxa com a frase: Estamos comemorando há 12 dias, sem acidentes. E nas costas: Nosso recorde é 28 dias, em 1985. O Roberto Prado foi quem o encontrou e me ligou, mais expectativo que noivo virgem em sua festa de despedida de solteiro. O papo ao telefone foi meio insólito, mas, se não me falha a memória,
foi mais ou menos assim.
- O Maringas está completamente louco, Dalton!
- Por que, Beco? (Pronuncia-se Béco).
- O cara não pára de festejar.
- E daí?
- O cara parece o meu filho Gregório.
- Então ele é genial.
- Ah, você me entendeu...não tergiverse.
- ?!
Desligou e a la Dalton e não disse nem tchau.
Uma das razões por que gosto do Beco é essa ausência de formalidades. Sua sinceridade sempre acaba me tocando e elevando meu espírito. A noite agora é um fato e o céu com ataque de estrelismo pipoca aqui, ali e acolá. Enquanto eu, palmilhando estrelas, digo pra mim mesmo:
- Poupem-me, pois de mim ou do eu ainda há de vir o dia em que todos serão meus filhos. E, a continuar assim, eu paro por aqui.
Dalton Machado Rodrigues
* Antes de Einstein
- O Maringas está completamente louco, Dalton!
- Por que, Beco? (Pronuncia-se Béco).
- O cara não pára de festejar.
- E daí?
- O cara parece o meu filho Gregório.
- Então ele é genial.
- Ah, você me entendeu...não tergiverse.
- ?!
Desligou e a la Dalton e não disse nem tchau.
Uma das razões por que gosto do Beco é essa ausência de formalidades. Sua sinceridade sempre acaba me tocando e elevando meu espírito. A noite agora é um fato e o céu com ataque de estrelismo pipoca aqui, ali e acolá. Enquanto eu, palmilhando estrelas, digo pra mim mesmo:
- Poupem-me, pois de mim ou do eu ainda há de vir o dia em que todos serão meus filhos. E, a continuar assim, eu paro por aqui.
Dalton Machado Rodrigues
* Antes de Einstein
46 Comentários:
Parabéns, Dalton, cada vez melhor.
O Chico Fantasma encheu de emails minha caixa postal falndo do seu blog. Muito bom.
Eu é que já estou lendo como quem reza.
Mateus Silveira
É bom rir, Dalton. Vc tem esse dom de fazer a gente rir. Quando li a primeira vez achei um tanto longa a sua crônica, mas quando reli vi que não havia nenhuma palavra que não fosse necessária. Excelente o seu texto, informa, educa, diverte e faz a gente pensar.
Grande abraço de seu fã sexta-feiríssimo.
Vou esperar o Atlético jogar um bolão para ver o que o senhor vai escrever. Achei justa a crítica e eu assim como Torcedor quase morri do coração vendo aquela m... de jogo. Vamos trucidar o sampinha.
Duda Fanático
depois de um dia exaustivo de trabalho,
cheguei em casa como sempre chego suado
pela caminhada de vir sempre a pé, não para economizar r$1,90 da passagem, mas por ser minha única fonte de exercício
físico e ter a aoportunidade de pensar e ver enquanto caminho
aquilo que em 4 paredes só vemos pela
janela. Após o banho e a deliciosa janta
que minha amada esposa deixa feita com
carinho, passo a dar atenção ao meu maior milagre, meu amado filho. Meu filho sendo especial e "especial" tenho
que ter um discernimento e muita profun-
didade para compreender aquilo que é uma das suas maiores dificuldades, falar dos
seus sentimentos e do mundo que seu autismo construiu.Feliz que ele é dentro
deste mundo eu entro e participo, deixo
de ser pai para ser uma criança e juntos
brincamos como se estivessemos no paraíso! O que ele me ensina neste seu
mundo, nem lendo todos os livros sagrados e poetas do mundo aprenderia
tanta simplicidae, sensibilidade e amor.
É neste momento que compreendo o que Jesus quis dizer quando afirmou: - " Em
verdade vos digo, se não vos tornardes
criança, jamais encontrará o Reino dos Céus! Após algum tempo eu sendo criança, meu filho vai ver a novela da 8, saio do
mundo dele e volto ao meu mundo. Ligo o
computador, entro no blog do polacoe, fico surpreso em ver que a matéria do
Dalton de sexta saiu na quinta. Atento e
calmo leio, sensível que tava, foi inevitável terminar mais uma sensacional
matéria do Dalton, com lágrimas nos olhos dei um banho no coração.Meu choro
foi tão profundo, que me tranquei no banheiro pra que nem meu filho e esposa
amada, vissem minha fraquesa. Tomei meu
antidepressivo e diasepan de todas as noites, e fui pra cama, não sem antes
beijar e dizer: - Obrigado filho e que
Deus te abençoe!
Chico Fantasma 15.05 - quinta-feira
OBS: NÃO SEI QUAL DAS COLUNAS DO DALTON
FOI A MAIS GENIAL COLOCADA NESTE BLOG.
TALVEZ SEJA IMPOSSÍVEL FAZER COMPARAÇÃO.
Troço mais sem graça.
É deve ser bem sem graça pra quem não consegue ler nem meia dúzia de palavras, e ficar frente a frente com um texto deste calibre. Não ligue pros anarfas, Dalton, tua crônica está sensacional e fica cada vez mais divertida.
Isso aqui não é espaço pra burro que nem aprendeu a ler. O cara que não acha graça no texto do Dalton deve voltar ao jardim de infância.
Essa crônica de hoje está impagável e, pra mim, a mais hilariante. Gozei.
Flávio
Divina!
Beto
Uma diversão vir aqui.
Grande abraço
Fernando
Um texto para ser lido em voz alta com o estádio cheio.
saco é aguentar esses comentários
Perfeita sua análise, louros ao melhor de cada rodada. Que assim seja até o fim do campeonato.
Daniel
Ô Polaco Loco, só agora descobri teu blog, tá bom?
Manda bala, o coxa vai ser campeão.
Nelsinho
longo e chato
ruga
achei esse dalton uma bosta, sempre o mesmo lero-lero. Falta mais conhecimento de futebol.
Dalton,o verdadeiro
Como tem burro neste mundo, Dalton, tem gente que não entende sutilezas mesmo.
Ou é pura inveja, só pode ser.
Sérgio
Os abutres curitibanos já começaram a voar em volta. Te cuida, Dalton, a inveja é uma merda.
Júlio Okada
Rssrsrsr acho que o Ribamar e o Geraldo andam comentando por aqui.
Pau neles, Dalton!
Beto
Vc tem classe, muita classe.
Hamilton Ribeiro
Com esse estilo, meu velho, vc já garantiu um fã pra toda a vida. Li, reli e tresli. E acho que vou ler de novo.
Alberto Vogel
10.
Tião
Ótimo. Engraçado e lírico.
Mauro
Por favor, amigos, enviem-me seus links. Mudei de modelo e perdi minhas configurações pessoais.
Abs
Thadeu W
Brilhante, assim eu também gosto de ler.
Giacometti
Bela crônica,´excelentes personagens.
Amauri
As duas caricaturas estão muito boas, os nomes também. Vai ser divertido acompanhar as aventuras dessa dupla. As espinhas estão hilárias.
Grande abraço
Julio Romero
È longo o texto mas parece curto, muito curto. Se tivesse o dobro do tamanho aposto que continuaria parecendo curto, porque tem uma levada boa e prende a gente.
Marco Aurélio
O Polaco é phoda.
Abílio Menezes
Uma beleza!Não gosto de futebol, mas ler esse artigo de craque é muito gratificante.
Maria Luíza
O velho bom estilo, Polaco.
Parabéns.
Muito divertido.
Hélio Salinas
E o meu Santos como é que fica? Vou ter que esperar o confronto com os times daí?
Lauro Ramos
Pô, Thadeu, tem pena do meu Paranazito. Pega leve.
Fernando
Maravilhosa a parte do encontro com o Nelson, sei que é uma peça de ficção, mas é emocionante.
Vinícius Alzamorra
Comédia da vida, drama da morte e o circo
Perfeito.
Norberto
Grandesíssimo Dalton:
Só o seqüência "meda, temora, pânica, horrora", sem mais adereços já seria um gol de placa. Uma frase que já surgiu com 1200 anos.
Ah! por falar em genial, ontem ao voltar pra casa encontrei o pirralho do Gregório devorando a Ilíada. Crendios!
Beco
Estou em Florianópolis, acantonado no Estreito. Volto segunda, de passagem para São Paulo.
Maringas, rumo à Tóquio...
hoje no pouco tempo que tive, consegui
mandar esta matéria do blog para dezenas
de colunistas do interior do Pr e a
maior parte para os colunistas de SP. Recebi 33 e-mail de retorno, sendo que mais de 90% de elogios ao blog. Aqui onde
trabalho são mais de 1000 funcionários,
distribui 200 xerox da coluna de hoje do
Dalton. Muitos levaram para ler com mais
calma em casa. Tinha gente que pegava o
papel e só parava no fim, impressionante
como o texto hipinotiza e deixa os leitores com aquele apetite de quem quer
mais. Nesta velocidade, logo,logo, as
colunas do Dalton vão ficar mais comentadas que fofoca de empregado criticando patrão. Bola pra frente Dalton, craques de bola já vi muitos.
Mas craque e artilheiro de textos, isto
é raro, e quando chegar em 1000 golaços textos
eu publico um livro!
PQP!!! E ainda replicam essa enfadonhice. Bando de puxa-sacos ignóbeis.
Anônimo, o verdadeiro.
Enfadonhice é a tua preguiça de pensar e refletir, idiota!
Eu CHICO FANTASMa,que tenho dezenas de apelidos: chico loco devido ao fato de ser dançarino, animador e padrinho da Banda Chico Loco a famosa Banda do Festival de Arte da Rede Estudantil(Fera);chico fera,chico xerox( por ser o torcedor que mais distribuiu manifestos no Couto Pereira)Kit Walker, Guardião das Trevas, Espírito-que-Anda, Aquele que Nunca Morre,
Chico Zen, Chico Ator-mentado, Chico ET, Chico Balde, Chico Elevador, Chico 100%coxa, chico de assis,chico baner's,chico vereador do futuro,chico loterias ( por ter certeza que tem manipulação nas bolinhas do caminhão da sorte da CEF)- escritor, palhaço, comediante,vendedor de hot-gog,chefe dos baner's do FERA,ator, psicólogo da vida,etc...etc...Profundo conhecedor de futebol, perseguido pelo nº 13, esquizofrenico por ouvir vozes que acredita ser de outros mundos, imcompreensíveis para os terráqueos primitivos...avisa que em breve publicara seu 1º livro: BIG BROTHER DO CIGARRO DA BEBIDA E DOS JOGOS.Comunica que todas as sexta-feira vai colocar no
seu blog: chico100%coxabranca.blogspot.com
os meus 14 palpites do jogo da loteca
com o mínimo de 5 duplos e o máximo de 8 duplos. Aviso que quem se basear no meu jogo e ganhar, vai ter que dar 10% do valor do premio para o CHICO FANTASMA.
vELHO DITADO DA SELVA:" O Chico Fantasma nunca esquece seus amigos" ISTO É FATO E PONTO FINAL. Afinal de louco, médico e palhaço todos temos um TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo. Preciso arrecadar dinheiro para construir meu DISCOVOADORDENOÉ, e voltar para o meu mundo.Aviso que os terráqueos primitivos que pretendem ir comigo, terão de deixar as doenças psicológicas na Terra para não contaminar meu mundo.
errei o endereço do meu blog, na verdade é:chicocoxabranca.blogspot.com
é lá que vou colocar meus palpites da loteca nas sexta-feiras e onde vou escrever meus DM ( delírios mentais)
outro blog meu: chicofantasma.blogspot.com
orkut: chico fantasma
comunidades: voceconheceochicofantasma?
chiconobigbrother2009
chico100%coxabranca
e-mail: chicofantasma15@bol.com.br
bigchicofantasma@gmail.com
Para refletir me basta o espelho.
Quanto a ti, vá procurar quem lhe meta o bedelho.
Anônimo, o verdadeiro.
Aconteceu, meu Paranito tá na lanterna.
Batista de Pilar
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