polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

quarta-feira, março 25, 2009


O outono não mora mais aqui

Frio. Muito frio. A noite vem com vento.
Da janela de casa, posso ver
A rua e as folhas em movimento,
Procurando um canto pra se aquecer.

O outono em Curitiba é raro,
Há inverno e veranico de maio.
Enrolado num cobertor, escrevo,
sem vocação pra estátua de gelo!

O céu pesado agora vem abaixo,
Não sei se nuvem, neblina ou fumaça
Imprime fantasmas na vidraça
Ou sou eu com meu bafo que a embaço.

O conforto da casa me anima,
Esfrego as mãos para aquecê-las,
E sopro-as, e cubro-as, e sento em cima,
Até senti-las novamente acesas.

“Agora é nossa vez!” Gritam os pés.
Ágil, troco o chinelo por pantufa
E digo pra mim mesmo: tudo dez.
Enquanto o cobertor me encaramuja.

Lá fora, as nuvens azulam de vez.
O céu mostra sua cara estrelada
E eu, atento como um gato siamês,
Leio as estrelas sem entender nada.

Quem sou? De onde vim? Para onde vou?
Mil vezes pergunto e mil vezes calo
Sem resposta, como quem perde um gol
Quando tinha tudo para marcá-lo.

Agüenta, coração, agüenta firme.
O amor ainda é a forma mais sublime
De entender o que é inexplicável
E, sentir, o verdadeiro milagre!

O dia não tarda a amanhecer,
Um galo longe canta sem parar
E, aconteça o que acontecer,
O poema já deu o que tinha que dar!


Thadeu Wojciechowski
25/03/2006

3 Comentários:

Às 25 março, 2009 , Blogger polacodabarreirinha disse...

Mudança climática? Ou Curitiba não é mais aquela?

 
Às 25 março, 2009 , Anonymous Anônimo disse...

putz, Thadeu!

poemaço.

abraço.

vinícius

 
Às 25 março, 2009 , Anonymous Anônimo disse...

Fantástico!

 

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