Chá de sumiço
Todo mundo amava Margarida no nosso bairro.
De longe, todo mundo a amava.
Todos nós amamos aquela pequena notável,
Irredutível no sonho que ela guardava.
Ninguém mais a viu, ninguém recebeu notícia,
Ninguém sabe por que ela fez as malas –
Uns trapos velhos e algumas bugigangas –
E, sem dar adeus, tomou chá de sumiço.
Foi, de uma vez por todas, o pequeno queixo
Apontando à sua frente e o revolto cabelo
Esvoaçando solto do seu inseparável boné,
Nossa dançarina, nossa cantora, nossa mulher!
Alegre e apaixonada, nossa amante cadê?
Éramos dez ou cem seguindo Margarida?
Éramos oito ou oitenta de alma enferma?
Margarida era a razão da nossa triste vida.
Todo mundo amava Margarida no nosso bairro,
Mas agora ninguém sabe onde ela está.
Carl Sandburg
Livre-adaptação de Antonio Thadeu Wojciechowski
1 Comentários:
Como seria bom pensar em uma continuação pra essa história assim:
todos amavam margarida em nosso bairro, mas agora ela foi embora.
e nós, passamos a amor-nos uns aos outros.
Acho que estamos precisando mais disso: olhar nos olhos uns dos outros e ver outro ser humano, também querendo um pouco do nosso amor.
Beijos Thadeu
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