polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

sábado, maio 27, 2006

Piracicaba, aqui vou eu.

Recebi do Chico, lá de Piracicaba, este texto sobre o evento que vou participar dia primeiro de junho. Aos meus amigos de São Paulo só posso dizer uma coisa: todo mundo lá!


Em um mundo pautado pela indústria cultural, a arte marginal ganha espaço como força de expressão de quem ainda consegue observar o sistema de fora e viver sem ser refém dos códigos e valores morais que regem a sensibilidade coletiva. É lá, à margem do sistema, que se encontram os experimentadores, os excêntricos, os alternativos. A descoberta da produção artística marginal é sempre a descoberta de uma fonte de energia nova que ajuda a ativar os sentidos para uma reflexão calorosa sobre a contemporaneidade.

Para ajudar a oxigenar os sentidos e dar vazão a novas linguagens, o Sesc Piracicaba criou o evento “Excêntricos, Alternativos e Experimentais – Ousadia, Originalidade e Transgressão”, que acontece de 1 a 30 de junho, cuja proposta é trazer à tona mundos submersos em um suposto anonimato, acobertado pela produção em série, sistematizada, embalada e rotulada.

Além da arte alternativa, o evento apresentará alguns personagens estigmatizados pela sociedade, porém, que apresentam estilos de vida reveladores da existência de universos simbólicos não-convencionais que podem, se não orientar a conduta humana, dar novas referências sobre o viver. Tratados em sua superficialidade, essas figuras podem parecer estranhas, mas são diferentes e chamam a atenção para o limite entre a lucidez e a loucura, a moral e a imoralidade, o conservador e o destruidor de barreiras.

Longe de querer mergulhar nas profundezas do academicismo, o mês promete um diálogo com esse universo alternativo, repleto de pessoas que, consciente ou inconscientemente, servem de parâmetros, ou ao menos, deveriam servir de parâmetros para a construção de uma sociedade mais criativa e iluminada, seja no sentido poético, plástico ou mesmo antropológico do termo.

Edson Rontani

O piracicabano Edson Rontani (1933 a 1997) é o artista escolhido pelo Sesc para representar a categoria Experimental no evento “Excêntricos, Alternativos e Experimentais – Ousadia, Originalidade e Transgressão”, que acontece ao longo do mês de junho. Popularmente conhecido como um dos criadores do Nhô Quim, mascote do XV de Novembro de Piracicaba, e da coluna Você Sabia?, Rontani foi o principal ilustrador da imprensa local, de 1948 até sua morte, com passagem pelos principais jornais da cidade. Porém, seu trabalho nunca foi devidamente reconhecido.

Seu nome também está diretamente relacionado à história das revistas alternativas no Brasil, porque ele é considerado o precursor do gênero. Em 1965, quando a palavra fanzine (revista de fãs) era desconhecida, Rontani já produzia artesanalmente o “Boletim do Intercâmbio Ciência – Ficção ‘Alex Raymond’”, onde tratava de assuntos relativos ao mundo dos super-heróis, e o distribuía por todo o país para curiosos, colecionadores de HQs e profissionais das artes gráficas.

Para se ter uma noção da importância da iniciativa, nos anos 60 computador pessoal ainda era uma peça de ficção e a tecnologia de produção gráfica era de uso restrito das grandes empresas. As produções alternativas eram raras. Nem por isso Rontani, vivendo no interior do estado, onde tudo demorava mais para acontecer, se acomodou. Seus primeiros boletins foram produzidos em mimeógrafo à tinta, com textos datilografados no estêncil a máquina sem fita, e desenhos feitos com estilete.

A mostra “O Universo Gráfico de Edson Rontani”, que abre dia 1º de junho, no Espaço de Exposição do Sesc, às 19 horas, traz, portanto, um panorama da produção do artista, que revelou ainda na infância seu talento para as artes gráficas. A mostra abrange cartuns, charges, caricaturas e fanzines. Na noite de abertura, será distribuído um fanzine Ficção, versão beta, produzido pela artista gráfico Valdir Ramos, com texto de Romualdo Cruz Filho, que apresenta o mundo cultural do homenageado.


VANguarda

Vanguarda americana? Vanguarda Européia. Não simplesmente Vanguarda pop brasileira. Ou melhor, VANguarda, um movimento em que todo mundo ficará de olho para não perder seu espaço lúdico na VAN. E qual o segredo que esta VAN guarda? Guarda artistas alternativos que surgirão de súbito nos espaços públicos da cidade para apresentar cápsulas de literatura experimental. As poesias do Polaco da Barreirinha Antonio Thadeu Wojciechowski e do Chacal serão, pela primeira vez, sentenciadas em Piracicaba a vivo som.

Raro, raríssimo e não é sonho. A cidade, enfim, entrará em sintonia com o que de melhor se produz no universo alternativo brasileiro, onde despontam nomes como Ivan Justen, Domingos Pelegrini, Mário Bortoloto, Augusto dos Santos, Ademir Assunção, Marisa Lobo, e mais um tantão de gente que já se desprendeu do lugar comum da arte-padrão e pira na heliosfera, como astros descodificados-recodificadores.

Se você ainda não entendeu do que se trata, não precisa dar um tiro no ouvido, porque isso não fará aumentar nem diminuir a preocupação com a qualidade do destilado onde vai boiar o limão. Precisa sim dar vez ao desconhecido e estar livre pela cidade nos dias 1 e 2 de junho, para se sintonizar em coisas que não se ouve por essas plagas. Sim, a VAN guarda poesia e poetas de primeira.

Então vai ser aquela coisa de prender palavras com palavras na cola de band-aid para proteger as feridas expostas de um mundo onde não se cria e tudo se destrói para virar poesia. E os curiosos conhecerão o mundo de Antonio Thadeu Wojciechowski, que se autodenomina poeta, compositor, publicitário, professor de literatura e língua portuguesa e pai de 4 filhos (Alessandro, Alua, Paola e Kevin).

Ah, o Chacal, quem é? Lá vai: “Brasil, Sudeste, Rio de Janeiro, Gávea, Homem, de 46 a 55 anos, Arabic, Afrikaans, Esportes, Tabacaria... Bem-humorado”. É um homem do mundo das artes. Arte pop, que vem em Pira de VAN.

10 Comentários:

Às 29 maio, 2006 , Blogger Projeto Miolo Mole disse...

pérai, eu entendi direito? dias 1 e 2 o polaco estará em sp? bem, eu estou aqui até dia 5, se eu entendi direito a gente precisa tomar uma cerveja por esses dias, o que me diz? grande beijo.

 
Às 29 maio, 2006 , Blogger Projeto Miolo Mole disse...

ah. é piracicaba mesmo... rs. que pena, não vai ser dessa vez. mais beijos.

 
Às 30 maio, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

O Chacal, grande cara esse...Boa viagem e muita poesia na volta!

 
Às 01 junho, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

eu sou o thadeu

ruga

 
Às 05 junho, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Volta logo, Thadeu.
Jejum de poesia
tem limite.

 
Às 06 junho, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Não voltou ainda os está acometido por crise de preguiça?

Diga aí polaco

Maringas

 
Às 06 junho, 2006 , Blogger polacodabarreirinha disse...

Oi, Luana, foi dessa vez, né? Pena que por tão pouco tempo. Adorei conhecer você.

 
Às 06 junho, 2006 , Blogger polacodabarreirinha disse...

Espero que sim, Gabi. O Chacal é genial mesmo. Aprontamos uma boa lá em pIracicaba. E já estamos planejando outras.

Abraço

 
Às 06 junho, 2006 , Blogger polacodabarreirinha disse...

Ô, Fraga, estava sentindo falta de suas perspicácias. Estou de volta, amigo.

Grande abraço

 
Às 06 junho, 2006 , Blogger polacodabarreirinha disse...

Maringas, tem dias que eu escrevo poesia, tem dias que eu a vivo. Estar em Piracicaba com o Chacal e depois em Sampa com o Edilson Del Grossi, Sérgio Viralobos, Carlos Careqa, Mário Bortolotto, Susana Cano, Luana Vignon, Isabel Cristina, Ana Maria, Betânia, Felipe e Flávia,é fazer versos com cabeça, tronco e membros.
Durante a semana conto os detalhes.

Abraço

 

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