se estes versos resistirem à minha tentação/ faça-os em pedaços agora mesmo/ cada fragmento desses caídos no chão/terá começo e fim no seu meio
joguei fora tudo que escrevi três vezes
e trinta e três vezes reescrevi
sempre o mesmo sobre o mesmo há meses
desejo de estraçalhar o que escrevi
não entendo, eu até levo jeito
sempre tenho comigo uns versinhos
tão bonitinhos, tão engraçadinhos
que dão até um nozinho no peito
se eu fosse suicida, já teria feito
o que, no fundo, todo mundo sempre quis
assim me transformaria em perfeito
e deus e diabo: todo mundo feliz
quando a poesia se transforma em papel
sempre um trouxa transforma em roupa suja
talvez eu queira transformar a merda em céu
e, com mel, não me alimentar da dita cuja
se nasceu pó, volte logo ao pó que é
e a noite, como o poema, vire cinza
ninguém nesta terra é o que quer
aqui, aquele que é bom, não vinga
pode também que eu seja apenas vagabundo
ou um solitário que aprendeu no verso
que isso a que chamam de mundo
não é o centro das atenções do universo
Marcos Prado
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