polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

domingo, abril 16, 2006

Dia desses, o Rodrigo e o Ferreira me pediram um texto sobre samba e futebol. Dei uma pesquisada na Internet e em alguns livros e achei algumas coisas interessantes, sobre a origem do carnaval, do samba e desse dia de Páscoa, após 40 dias de quaresma. Um pouco de história não faz mal a ninguém.


Samba, carnaval e Quaresma de onde veio tudo isso?


Haja alegria! Carnaval é carnaval e o resto do ano serve para os preparativos dessa que, com certeza, é a maior manifestação cultural do nosso planeta azul. Unindo todas as artes e o folclore, festejado durante quatro dias (isso pelo calendário oficial porque, na prática, já ultrapassa duas semanas em alguns locais) o carnaval faz todo mundo balançar e cair na folia pra valer. Me incluam fora dessa. Alegria e animação são a tônica dessa verdadeira loucura que toma conta da alma e do corpo dos brasileiros. Cada um faz o que pode pra ver quem mais sacode, nas ruas, salões ou nos sambódromos.
As origens dessa festa se perdem no registro milenar da História da Humanidade. Na verdade, essa discussão já deu muito pano pra manga, no entanto, a ausência quase que total de documentos e registros de época praticamente inviabiliza qualquer tentativa de se dar uma versão final para o assunto. Alguns historiadores teimam em afirmar que a comemoração tem suas raízes em alguma festa primitiva, realizada em honra ao início da primavera. O certo é que há quase uma dezena de milhares de anos, a turma do funil já pintava o rosto e o corpo, deixando-se levar pela fuzarca da boa. Na Grécia antiga, a coisa não era diferente e Dioniso, o deus homenageado, inspirava a turma a botar pra quebrar e cair de boca nos comes, bebes e matar a pau outros apetites. Mas, os romanos querem pra si a paternidade (esses romanos são uns loucos!) e afirmam que o carnaval surgiu durante o período do grande império com as festas em homenagem a Saturno - o Deus do tempo. Essas Saturnálias, como eram chamadas, eram protegidas por Baco, o deus do vinho, e o grande negócio era cair na gandaia, ou melhor, na orgia total. Pelos relatos da época, o carnaval de hoje em dia é coisa de freirinhas se comparado ao que esses caras aprontavam. Se bem que tem ainda quem se escandalize com algumas fantasias mais ousadas dos nossos desfiles e bailes. Mas isso não tem importância, a verdade é que todo brasileiro adora dar seus pulinhos e jogar confete.

A Igreja também dava seus pulos.

Muito liberal, o carnaval era coisa do demo aos olhos da Igreja, que, mesmo pulando de raiva, teve que criar o calendário das festividades, com receio de perder fiéis, dinheiro, prestígio e não poder controlar a euforia da turba ignara. Daí nasce a quaresma, estabelecendo que os quarenta dias antes da Páscoa deveriam ser apenas para orações e jejuns. O nome e a data da festa também mudaram, chamada então de Carnevale - adeus à carne - e a ser festejada antes da quaresma. Pronto, agora todo mundo pode putear à vontade e depois tem 40 dias pra pagar os pecados.

Aqui o carnaval deu samba de verdade.

O carnaval dá suas graças por aqui no século XVIII, via Portugal, onde era chamado Entrudo, ou seja, introdução ao período da quaresma, desde o século XV. As comemorações eram bastante alegres e pitorescas, se bem que de gosto duvidoso, pois além de água, lama, tinta e lixo, o pessoal fazia guerra com excrementos humanos e de animais. Imaginem a merda. Por sorte nossa, a festividade já chegou aqui um pouco mais civilizada. Batizada de Rancho, era uma mera cópia das festas francesas, onde carros com alegorias e muito luxo desfilavam ao som de óperas. Mas isso era coisa pra rico e gente empoada de nariz pra cima. O povão queria mesmo é botar o bloco na rua, então, a coisa ficou mais pra Entrudo do que pra Rancho, até a sua total proibição pela nobreza e igreja. Tudo acabou. Os bailes em locais fechados não tinham a mesma graça, e, no início do século XX não se falava mais em Entrudo. A consolidação do carnaval no Brasil aconteceu em 1917, no mesmo ano da gravação do primeiro samba brasileiro "Pelo Telefone". Com sucesso rápido e estrondoso, o samba ganhou definitivamente as ruas.
Nascido da influência de alguns ritmos europeus e africanos, foi sofrendo modificações por variadas contingências como econômicas, sociais, culturais e, mesmo, musicais. Denominado "semba", foi também chamado de umbigada, batuque, dança de roda, polca, lundu, chula, maxixe, batucada e partido alto, entre outros, muitos deles convivendo simultaneamente. Na verdade, todos esses ritmos foram se misturando até se transformar no samba como conhecemos.

"Nos primeiros tempos da escravidão, a dança profana dos negros escravos era o símile perfeito do primitivo batuque africano, descrito pelos viajantes e etnógrafos. De uma antiga descrição de Debret, vemos que no Rio de Janeiro os negros dançavam em círculo, fazendo pantomimas e batendo o ritmo no que encontravam: palmas das mãos, dois pequenos pedaços de ferro, fragmentos de louça, etc.. "Batuque" ou "Samba" tornaram-se dois termos generalizados para designarem a dança profana dos negros no Brasil." (Henrique Alves, no livro Sua Ex.a o samba.)

Mário de Andrade aponta para outras origens tanto para o termo como para a dança. Segundo ele, bem poderia vir de "zamba", tipo de dança encontrada na Espanha do século XVI, além de mencionar o fato de que "zambo" (ou "zamba") é o mestiço de índio e negro.

Samba que é samba tem a alma de bamba

No Rio de Janeiro, então capital federal, a história do samba se dá quando acontece a transferência da mão-de-obra escrava da Bahia para o plantio do café no Vale do Paraíba. A abolição da escravatura e o declínio do café, que se seguiram, acabaram liberando grande leva de trabalhadores braçais que somada à volta dos soldados em campanha na Guerra de Canudos elevou significativamente o número de trabalhadores na capital federal.
Muitos desses soldados trouxeram consigo as mulheres baianas, com as quais haviam se casado. Essa comunidade baiana , na sua maioria formada por negros e mestiços, foi morar em bairros próximos à zona portuária, onde havia necessidade do trabalho braçal. Em pouco tempo, as festas, as danças e as tradições musicais foram retomadas, incentivadas sobretudo pelas mulheres, quituteiras em sua maioria e versadas no ritual do candomblé. Foram elas as grandes responsáveis pela manutenção dos festejos africanos cultivados naquela redondeza, onde predominavam lundus, chulas, improvisos e estribilhos.
Entre elas estavam tia Amélia, mãe de Donga, tia Prisciliana, mãe de João da Baiana, tia Veridiana, mãe de Chico da Baiana, tia Mônica, mãe de Pendengo e Carmen do Xibuca, e a mais famosa de todas, tia Ciata, pois foi em sua casa, que o samba viria a ganhar forma, que, finalmente, se adaptava ao compasso do desfile de um bloco carnavalesco. No quintal da casa de tia Ciata, a festa era permanente, por ali passaram ritmistas, compositores e verdadeiros mestres da música popular.

Qual é o verdadeiro samba?

Donga: Ué, samba é isso há muito tempo:

O chefe da polícia
Pelo telefone
Mandou me avisar
Que na Carioca
Tem uma roleta para se jogar...

Ismael: Isso é maxixe!

Donga: Então o que é samba?

Ismael:
Se você jurar
Que me tem amor
Eu posso me regenerar
Mas se é
Para fingir, mulher
A orgia, assim não vou deixar

Donga: Isso é marcha!"



Na verdade, a aparição do samba se deve à acomodação de diversos gêneros musicais que se sucederam ou se "complementaram" ao longo do tempo. O exemplo da discussão acima, registrado por Maria Theresa Mello Soares, no livro O sambista que foi rei,
ilustra claramente o tipo de confusão gerada pelos novos ritmos populares do início do século XX.

A polêmica Pelo telefone.

O samba é tão cheio de manhas e malandragens que já nasceu de uma safadeza. Ou melhor, de uma apropriação indébita de composição musical que teve como protagonista Ernesto dos Santos, ou melhor, o Donga. A autoria de Pelo telefone - tango, maxixe ou samba, na época não se definia bem a sua classificação - gerou ruidosa polêmica no meio artístico carioca, provocando atritos, discussões e inimizades. Na verdade, aconteceu o seguinte, em muitas reuniões de samba de partido alto que ocorriam no terreiro de tia Ciata, que era freqüentado por sambistas, músicos, curiosos e jornalistas, a criatividade corria solta. Todo mundo dava seu palpite e assim nasceram algumas canções com muitos autores. Estavam sempre por lá Donga, Sinhô, Pixinguinha, João da Mata, Mestre Germano, Hilário Jovino e Mauro de Almeida. Este último teria escrito os versos dessa criação coletiva intitulada originalmente de Roceiro, executada pela primeira vez como tango em um teatro da rua Haddock Lobo, em 25 de outubro de 1916. Vendo a repercussão da música, Donga não hesitou em registrá-la em seu nome com o título de Pelo telefone, aparecendo então como o único autor e gerando toda a confusão que por muito pouco não acaba em pancadaria. 1917 é um marco na música brasileira de raízes populares e urbanas, graças a esse lançamento, considerado por muitos o primeiro samba oficialmente registrado no Brasil. A partir de então, o samba - que já se anunciava pelo lundu, maxixe, polca, tango e a habanera - individualizou-se, adquiriu vida própria, tornando-se definitivamente um gênero musical.
Segundo Renato Vivacqua, no livro Música Popular Brasileira: histórias de sua gente “um fato até então inédito acontece: os clubes carnavalescos, que nunca tocavam a mesma música em seus desfiles, entraram na Av. Central tocando e cantando Pelo telefone".

Escolas de samba


"As escolas de samba surgiram no Rio de Janeiro por volta de 1920. A crônica do carnaval descreve o cenário então existente na cidade de forma nitidamente estratificada: a cada camada social, um grupo carnavalesco, uma forma particular de brincar o carnaval. As Grandes Sociedades, nascidas na segunda metade do século XIX, desfilavam com enredos de crítica social e política apresentados ao som de óperas, com luxuosas fantasias e carros alegóricos e eram organizadas pelas camadas sociais mais ricas. Os ranchos, surgidos em fins do século XIX, desfilavam também com um enredo, fantasias e carros alegóricos ao som de sua marcha característica e eram organizados pela pequena burguesia urbana. Os blocos, de forma menos estruturada, abrigavam grupos cujas bases se situavam nas áreas de moradia das camadas mais pobres da população: os morros e subúrbios cariocas. O surgimento das escolas de samba veio desorganizar essas distinções." , afirma a historiadora Maria Laura Cavalcanti.


O Estácio, tradicional bairro de bambas, boêmios e tipos perigosos - o índice de vadiagem na região era grande devido ao excesso de mão de obra e a escassez da oferta de trabalho - situava-se geograficamente perto do morro de São Carlos e também da Praça Onze, local dos desfiles, o que facilitava a troca cultural.
O livro Música Popular Brasileira: um tema em debate, de José Carlos Tinhorão é esclarecedor: "Esses bambas, como eram conhecidos na época os líderes dessa massa de desocupados ou trabalhadores precários, eram, pois, os mais visados no caso de qualquer ação policial. Assim, não é de estranhar que tenha partido de um grupo desses representantes típicos das camadas mais baixas da época - Ismael Silva, Rubens e Alcebíades Barcellos, Sílvio Fernandes, o Brancura, e Edgar Marcelino dos Santos - a idéia de criar uma agremiação carnavalesca capaz de gozar da mesma proteção policial conferida aos ranchos e às chamadas grandes Sociedades, no desfile pela Avenida, na terça-feira gorda."

De fato, foi um drible a la Garrincha nas autoridades, realizável apenas por aqueles que cedo aprenderam a conviver com a repressão, tendo que buscar soluções viáveis para a sua existência cultural. Assim, a Deixa falar do Estácio entrou na avenida naquele ano de 1929 como um bloco, totalmente legitimada e protegida pela polícia, ao som de um ritmo saltitante e uma nova batida, capaz de provocar a euforia de qualquer folião: a batucada. A novidade foi um sucesso tão grande que já no ano seguinte apareceriam cinco novas escolas. E partir daí acontece o que a gente já sabe.

"O estilo antigo não dava para andar. Eu comecei a notar que havia uma coisa. O samba era assim: tan tantan tan tantan. Não dava. Como é que um bloco ia andar na rua assim? Aí a gente começou a fazer um samba assim: bumbum paticumbumpruburundum.". Depoimento de Ismael Silva dado ao jornalista Sérgio Cabral.

Quantos sambas o samba é.

Tem samba pra todo tipo de gosto. Os principais são:

. Samba carnavalesco - sambas criados e lançados exclusivamente para o carnaval
. Samba raiado - o mesmo que chula raiada ou samba de partido-alto.
. Samba batido - variante coreográfica do samba existente na Bahia.
. Samba de morro - autenticamente popular surgido no bairro do Estácio e que teve na Mangueira, um dos seus redutos mais importantes a partir da década de 30.
. Samba de terreiro - não incluído nos desfiles carnavalescos. Cantado fora do período dos ensaios do samba-enredo, servia para animar as festas de quadra.
. Samba canção - nascido na década de 30, foi lançado por Aracy Cortes em 1928 com a gravação Ai, Ioiô, de Henrique Vogeler. Foi o gênero da classe média por excelência e suas letras eram quase sempre românticas. A partir de 1950, teve grande influência do bolero e de outros ritmos estrangeiros.
. Samba enredo - criado pelos compositores das escolas de samba cariocas em 1930, tendo como base um fato histórico, literário ou biográfico. É o tema do samba-enredo que dá o tom do desfile em suas cores, alegorias, adereços e evoluções da escola na avenida.
. Samba choro – nasce a partir do fraseado instrumental do choro. Entre os primeiros do gênero estão Amor em excesso, de Gadé e Walfrido Silva, em1932; e Amor de parceria, de Noel Rosa, em 1935.
. Samba de breque: variante do samba-choro, se caracteriza por um ritmo acentuadamente sincopado com paradas bruscas chamadas breques, designação popular para os freios de automóveis. Essa paradas servem para o cantor encaixar as frases faladas, conferindo graça e malandragem na narrativa. Luiz Barbosa foi o primeiro a trabalhar este tipo de samba que conheceu em Moreira da Silva o seu expoente máximo.
. Samba-exaltação - samba de melodia longa e letra abordando um tema patriótico. O maior sucesso do gênero é Aquarela do Brasil, de Ary Barroso. A ênfase musical recai sobre o arranjo orquestral que deve conter elementos grandiloqüentes, conferindo força e vigor ao nacionalismo.
. Samba de gafieira - modalidade que se caracteriza por um ritmo sincopado, geralmente apenas tocado e tendo nos metais a força de apoio para o arranjo. Influenciado pelas big-bands americanas, serve sobretudo para se dançar.
. Sambalada - de ritmo lento, surge nos anos 40 e 50, similar ao bolero e a balada, foi tido como um produto da manipulação das grandes gravadoras que tinham apenas finalidade comercial.
.Sambalanço - estilo intermediário entre o samba tradicional e a bossa-nova, do qual Jorge Ben Jor é o grande expoente.
. Sambolero - tipo de samba-canção comercial fortemente influenciado pelo bolero, que teve o seu apogeu na década de 50. Imposto pelas grandes companhias de disco.
. Samba jazz - gênero comandado por Carlos Lyra e Nelson Luiz Barros e mais tarde cultivado por outros compositores ligados à Bossa-Nova que buscavam soluções estéticas mais populares como resposta ao caráter demasiadamente intimista de João Gilberto. Abriu espaço para o nascimento da MPB, através dos festivais de música promovidos pela TV Record de São Paulo, durante os anos 60.
. Sambão - considerado extremamente popular e comercial, o gênero conheceu seu momento de glória nos anos 70, quando se pregava a volta do autêntico samba tradicional.
. Samba de partido moderno - modalidade contemporânea do gênero liderada pelo compositor Martinho da Vila, que mantém a vivacidade da percussão tradicional do samba aliada a uma veia irônica na temática de suas letras.
. Samba de embolada - modalidade de samba entoado de improviso. Segundo Câmara Cascudo, citado no Dicionário Musical Brasileiro de Mário de Andrade, os melhores sambas de embolada estão em tonalidades menores.
. Samba-rumba: tipo de samba influenciado pela rumba, ritmo caribenho em voga no Brasil na década de 50.
. Samba-reggae : misturado aos ritmos da Bahia, com forte influência da divisão rítmica do reggae.
. Samba-pagode, variante comercial do samba popular, caracterizado pelo mau gosto e facilidades temáticas.

Há alguns anos atrás escrevi uma letra homenageando alguns sambistas, que posteriormente foi transformada num sambinha porreta pelo Walmor, Trindade e por mim.


Aos mestres com carinho

Samba que é samba
Quando vem na inspiração
Aumenta no meu peito a percussão
Já vem sambando como um bamba

O samba quando vem
Vem que é um rufo
Cai, como cai um samba do Ataulfo
O Nelson sai catando cavaquinho
Não tiro o Cartola da cabeça
Nem o Paulinho da Viola

Vamos querendo que anoiteça
A primeira estrela em nosso céu
Vai ser, vai ter que ser Mestre Noel

Thadeu

É isso aí, tchau e bênção.

6 Comentários:

Às 17 abril, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

domingo tipicamente curitibano. frio acompanhado de uma sucessiva garoa fina. ler uma breve história do samba, carnaval e quaresma (além de invenção de orfeu do jorge de lima) foi imprescindível para manter a perspicácia de meu espírito.

Kleyton

 
Às 17 abril, 2006 , Blogger polacodabarreirinha disse...

Bom saber que serviu pra alguma coisa, Kleyton. O Jorge de Lima dá uma batacuda de primeiríssima. Apareça sempre.

Abraço

Thadeu

 
Às 17 abril, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Muito obrigada. Aprendi um montão.


BB

 
Às 17 abril, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Muito bom.

Ivan Mesquita

 
Às 17 abril, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Mestre, estou de volta depois de um longo tempo. É sempre bom voltar e perceber que se mudou alguma coisa foi pra melhor. Vou para o Japão definitivamente em maio, mas estarei por aqui.

Um abração,

Júlio Okada

 
Às 19 abril, 2006 , Blogger polacodabarreirinha disse...

Legal, Júlio. Meu filho também vai, mas em agosto. Espero que vcs estufem o bolso de grana e depois tragam algum pra mim.

Abração

 

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