Imaginem se eu tivesse infância
não me venha cobrar pela agressão gratuita
ensinar que é bom, ninguém ensina
depois ficam falando por trás das minhas gracinhas
paródias, deboches, escárnios, sem o menor respeito
entendam de uma vez que esse é o meu jeito
nunca tive dinheiro para comprar um livro
os que roubei eram de um mau gosto incrível
todos diziam que eu não valia o sermão que ouvia
dicas, palpites, orientações, exemplos sadios
meus amigos eram todos uns vadios
saber ler e escrever pra mim já é muito
os bons se acham demais pra perder tempo comigo
pra chegar onde cheguei só eu sei o que engraxei
disso ninguém lembra na hora de exigir qualidade
meu escrito e escarrado é o retrato dessa realidade
subnutrido não aprende nada na escola
a dureza da vida foi minha tese de pós-graduação
quem não teve sapato pra jogar tem que entrar de sola
repetidor, inculto, kitsh, demodê, estilo indefinido
o que vocês tiram dos livros, eu tiro do ouvido
eu guardei na pele toda sorte de humilhações
hoje, quando me querem no picadeiro de letrados
vejo que eu estava até certo ponto errado
abraços, beijos, elogios: dêem pro coitado do porteiro
minha parte da glória eu quero em dinheiro
Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado
8 Comentários:
ou, como diria o Savagé, em O Balconista:
lá fora,
mil coisas acontecendo
e eu, aqui
apenas
vendo
sensacional!
dalton
Eu também, eu também!
BB
du caralho
ruga
ahahahahaha, genial!
Beijo
Leila
poema genial thadeu,
abraço
kleyton presidente
ah thadeu! dinheiro...
Que feliz e infeliz...
Estou impressionada pela grandeza deste, entretanto... ao ler, pensei que fosse uma de minhas crinças que lutam um pouco a cada dia para fugir desta vida.
espero contribuir para reverter esta situação, ainda que com poucos grãos de areia, é preferível ser alguns grãos do que simplesmente apenas ver como se fosse uma vitrine.
Claudia Muniz wojciechowski
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