solitário
Como um fantasma que se refugia
Na solidão da natureza morta
Por trás dos ermos túmulos um dia
Eu fui refugiar-me à tua porta
Fazia frio e o frio que fazia
Não era esse que a carne nos conforta
Cortava assim como em carniçaria
O aço das facas incisivas corta
Mas tu não vieste ver minha desgraça
E eu saí como quem tudo repele
Velho caixão a carregar destroços
Levando apenas na tumbal carcaça
O pergaminho singular da pele
E o chocalho fatídico dos ossos!
Augusto dos Anjos
( 1886-1914)
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