polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

quarta-feira, julho 23, 2008


solitário


Como um fantasma que se refugia

Na solidão da natureza morta

Por trás dos ermos túmulos um dia

Eu fui refugiar-me à tua porta



Fazia frio e o frio que fazia

Não era esse que a carne nos conforta

Cortava assim como em carniçaria

O aço das facas incisivas corta


Mas tu não vieste ver minha desgraça

E eu saí como quem tudo repele

Velho caixão a carregar destroços


Levando apenas na tumbal carcaça

O pergaminho singular da pele

E o chocalho fatídico dos ossos!


Augusto dos Anjos

( 1886-1914)




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