O ALBATROZ
Muita vez, por não ter o que fazer, marujos
Pegam um albatroz, nômade ave marinha,
Que traz um pouco de alegria aos ditos cujos
e ao navio que, sobre abismos, quebra a rotina.
Nem bem o põem no chão, sobre as tábuas molhadas,
O rei do azul do céu, sem graça e desengonçado,
Deixa cair suas asas que, imobilizadas,
São arrastadas tal muletas ao seu lado.
Que figura! Como um palhaço interagindo,
A ave divina fica muito cômica... Ei-la!
Um a aborrece pondo em seu bico um cachimbo;
Outro, por imitar um manco que coxeia!
Sou poeta, sou como esse príncipe do ar,
Que enfrenta a tempestade e ri da flecha a voar,
Mas com os pés no chão, em meio à plebe rude,
Também quis abrir asas e voar, mas não pude!
Charles Baudelaire
Livre adaptação de Antonio Thadeu Wojciechowski
8 Comentários:
Muitobom! E apropriado...
Toda a postagem de hoje está no mais alto nível. Uma das grandes alegrias da minha vida é ser seu amigo.
Thadeu, vc não é fácil, aproveitar um dia de folga pra fazer maravilhas, quem me dera!
Abraço
Chico do Pudim
Já li outras traduções desse poema do meu poeta preferido, mas nada que se compare a essa pérola. É por essa e por outras que estou sempre por aqui.
Thadeu: tua tradução está ótima!
Mas... eu prefiro um arremate com o verso mais marcado, alexandrino:
As asas de condor impedem-no de andar!
(acho que foi assim que o Ivan Junqueira fez, então fiquei suspeito pra falar...;)
De qualquer modo, recriar poemas assim sempre é bom, porque multiplicam-se os prazeres da leitura.
É isso aí, Ivan e Paulo. Meu cérebro já nem pisca, em qualquer terreiro, meu cavalo cisca.
Saudades de oceis.
Thadeu
Puta que pariu, que tesão de poema!
Paulo Contini
Lindo, lindo, lindo.
Jackson Paralelo
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