polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

terça-feira, outubro 18, 2005

Entrevista Rodrigão


Rodrigo, primeiramente, me explica toda essa pompa do seu sobrenome e me fale um pouco sobre suas origens.

De onde eu venho ( Brasília) quase ninguém diz que é filho de italianos ou polacos, sou sim um brasileiro “quinhentão”, filho de carioca com baiano ( e é da minha família baiana que vem o tal sobrenome fidalgo, Rodrigo Barros Homem d’El-Rei ) .


Dizem que todo jovem é incendiário, quando amadurece, dá uma de bombeiro. Você toca em duas bandas, uma punk e outra mais ligada à MPB, dá para ser incendiário e bombeiro ao mesmo tempo?

Acho que o maxixe machine é mais incendiário do que bombeiro, mas nisso estou com o beco (Roberto Prado):
“Vivas para quem coloca a bomba.
Vivas para quem a desmonta.”



O que sobrou da sua primeira experiência com o grupo musical CONTRABANDA? E porque ela acabou, após o show “Por um novo incêndio romântico”, mesmo com todo sucesso que ela fazia?

O Maxixe Machine é o filho natural da Contrabanda, já o BaaF é o bastardo, e isso já um legado razoável pra uma banda juvenil e despretensiosa.
O Show do fim da Contrabanda foi o “Rock até Ficar Rouco”, no Guaírão, e a razão principal para o precoce fim foi que alguns dos seus membros se deram conta que a Contrabanda Interprise (sic) Corporation e Limitadas Companhias (era esse o nome completo) não fazia tanto sucesso quanto eles achavam que ela realmente fazia. Eu achei ótimo que acabasse.


Como foi a relação da Contrabanda com as drogas pesadas, entre elas, o álcool?

Não lembro de drogas pesadas durante o período da Contrabanda. Mas tínhamos uma relação muito amistosa com o álcool, quase fraternal. Alguns de nós se tornaram até amantes do álcool.

O Marcos Prado foi o principal letrista tanto da Contrabanda quanto do Beijo AA Força, o que uniu vocês?

Uma mesa de bar nos unia.
O principal letrista da Contrabanda era o Sérgio Viralobos. O Marcos começou a escrever conosco um pouco mais pra frente, em 1980/81. Já no Beijo AA Força, o Prado e o Sérgio dividiram mais igualmente a tarefa. Depois, com a partida do Sérgio, o Marcos foi o colaborador principal, apesar de muitas composições em parceria com o Roberto Prado, com o Thadeu, Edilson Del Grossi e até com o Retta.

O ano que vem vai fazer 10 anos que o Marcos Prado faleceu. Como vocês preenchem o enorme vazio que ele deixou?

Dentro do possível gravamos suas canções em nossos CDs e, mais, continuar compondo sem deixar cair a qualidade das novas canções é uma boa homenagem ao aprendizado que tivemos com ele.
O Marcos foi o melhor poeta da sua geração, o mais brilhante. E, apesar d’eu achar sua obra incompleta, pela sua morte precoce, a qualidade dos seus textos é fenomenal. Mas sei do valor do Sérgio Viralobos e de seus parceiros em boa parte desta obra.


Entre os seus parceiros mais antigos estão o Ferreira e o Walmor Góes, esse casamento vai longe?

Desde a Contrabanda tocamos junto, isso foi há 25 anos, temos 8 CDs gravados juntos e parece que temos mais alguns discos para fazer juntos ainda.


De onde surgiu a idéia de, no auge do Beijo AA Força, formar o grupo Maxixe Machine ?

Na verdade, para montar bandas é preciso ter um bom repertório, então, para nós montarmos o Maxixe Machine ou o OINC foi uma moleza, temos mais músicas compostas do que bandas para tocá-las e gravá-las...

Quais os objetivos do projeto A GRANDE GARAGEM QUE GRAVA e quais os seus futuros desdobramentos?

A GGG é uma concretização da teoria que eu e o Ferreira compartilhamos: o mito que a indústria formal de discos está morta. O CD está morto . A GGG é somente uma transição para outra mídia, que eu não sei qual vai ser. Mas estaremos preparados quando ela chegar. Nós, da guerrilha cultural, temos olhos de lince.
A próxima etapa do projeto será o lançamento das 2 caixas contendo os 16 CDs gravados ao vivo na Grande Garagem de janeiro a junho. A primeira tiragem será para distribuição à imprensa, patrocinadores e bibliotecas, mas poderá também ser vendido por encomenda a R$ 70,00 cada caixa contendo 8 CDs.
E para completar o lançamento da coleção “Poetas em Movimento”, com 12 CDs e mais de 35 poetas.

Ter a oportunidade de conhecer, gravar e acompanhar o que poetas e novas bandas de Curitiba vêm fazendo ajuda a renovar as perspectivas e recarregar as pilhas?

Nós ( da GGG) já tínhamos uma visão e um mapeamento destas atividades em Curitiba, mas só agora conseguimos transformá-las em produto cultural. No final das contas o resultado do produto cultural é o que interessa, não as vendas ou a visibilidade desse produto, mas é uma pena ouvir de tão longe o tilintar das moedas.
Temos a maior coleção de poesia oral do país (quase 90 poetas), e agora, também temos a maior coleção de bandas ao vivo já lançados sob um mesmo selo. Não é pouco. E a qualidade é altíssima.

Como você vê o Beijo AA Força e o Maxixe hoje dentro do panorama musical brasileiro?

O que tenho a dizer é que estamos completamente fora da indústria, mas totalmente inseridos no contexto.

Quais os projetos futuros com cada uma dessas bandas?
E quando sairão novos CDs?

Estamos agora com vários projetos diferentes :

Acabamos de gravar ao vivo na GGG dois CDs, um com canções que tínhamos em parceria com o Marcos Prado e Sérgio Viralobbos, que irá encartado no livro definitivo da obra do Marcos, chamado “Ultralirycs” e outro que já está pronto, e cantado inteiramente em portunhol intitulado, “Carlos Careqa & Maxixe Machine – Nosotros que somos nós miesmos” que vai ser lançado em agosto.
Estamos em fase de escolha de repertório para dois outros CDs, com previsão de lançamento para novembro : O “adult-kids” ABC do Lá-lá-lá, um CD infantil com o Maxixe Machine e o CD homenagem ao Thadeu, o polaco da barreirinha, chamado “Wojciechowski”, que trará um bom apanhado do melhor da obra desse parceiro e sensacional compositor.
E já temos material pronto e gravado para o CD de BaaF, o qual contará com participações especiais de ilustres do rock de Curitiba.

Ufa, isso já vai dar um trabalhão!!!!


Você é um artista multimídia, canta, toca, representa, produz e ainda faz um programa de rádio. Quantas horas tem o seu dia, afinal?

Na verdade, nenhumas destas coisas eu faço bem, mas seria bem pior se eu fosse bancário. Fazer um programa como o Radiocaos nem considero como trabalho... é diversão pura.
Quanto ao tempo, a disponibilidade dele depende do meu interesse no que eu esteja fazendo, ou na falta de dinheiro que é proporcional ao empenho. Sou sócio do ócio e da desorganização, mas não freqüento o clube.


Por que vocês se fixaram em Curitiba, uma cidade que não está no mapa da mídia nacional? Isso não atrapalhou?

Não, o que atrapalhou foi que Curitiba não fica no nordeste, e não tem folclore, e aí ninguém fica com pena da gente... hehehe.


O que acontece hoje em Curitiba musicalmente e por que estamos fora da mídia?

Em Curitiba, estamos fora da mídia por que não se faz uma música que interesse para a indústria (a famosa e famigerada música funcional). Mas os idiotas da subjetividade (sic) não percebem isso. O que é estar na mídia? Tocar no Gugu? Ir na Xuxa?? (Talvez alguém queira até tocar no Gugu, sei lá...).

O que e quem você curte aqui em Curitiba?

Além da minha turma e parceiros (Walmor , Ferreira, Sérgio, Renato Incesto, Thadeu, Edilson, Edson, Marcos e o Trindade) , gosto do Bad Folks, do Glauco Solter, do Careqa , do Mordida, do Arnaldo Machado, do Gruvox , do Primal , d‘Os Catalépticos , Jeff Bass , Pelebroi e outros poucos ... hoje detesto as coisas num espectro bem menor...

E no Brasil e no mundo?

Vim do punk , não tenho referenciais profundos e totêmicos com nenhum artista em especial , poderia dizer Ween ou Tom Verlaine, poderia dizer Ismael Silva ou Noel, mas eu estaria mentindo . O que me interessa é a diversidade de leituras e reflexões sobre a vida e seus momentos que a música possibilita.


O que ainda mais te emociona?

Amor, Cultura & Dinheiro.

O que mais te aborrece?


Idiotas, Ladrões e Filhos da Puta.

1 Comentários:

Às 27 outubro, 2005 , Anonymous Anônimo disse...

Mais entrevistas, por favor. Mais, muito mais.

BB

 

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