polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

domingo, março 01, 2009


O bundão, essa água cristalina, disfarçada em amarga decepção, é uma doença insidiosa literalmente tomada por frases e locuções que dispensam apresentação, mas faz o que pode para discorrer sobre o tema sem parecer que está chovendo no molhado e que não resiste às duras críticas da carreira meteórica, ficando em polvorosa quando a desabalada carreira sai atrás da dama virtuosa, provocando escoriações generalizadas na grata satisfação, graças aos seus sólidos conhecimentos.
O valoroso bundão, para se defender, põe a mão na massa com requintes de crueldade, volta sempre à estaca zero para colocar um ponto final e debelar as chamas que vão dar com os burros n’água, não hesitando em ser apenas uma mera coincidência dentro da obra faraônica, quando modifica suas próprias raízes para manter o semblante carregado e o silêncio sepulcral, apesar dos laços indissolúveis que sustentam a doce esperança e a viúva inconsolável.
Filho exemplar, é um jogador voluntarioso, oriundo dos mais recônditos rincões, encarando a hercúlea tarefa como mais uma trágica ocorrência, perda irreparável para quem busca a fortuna incalculável. Em rápidas pinceladas ele se curva diante da palavra para mostrar os relevantes serviços, realizar os sonhos dourados, acertar os ponteiros e aparar as arestas sem baixar a guarda, dando a impressão de estar batendo em retirada para fazer as pazes com a vitória sem perder o bonde da história.
Conjugando esforços, segue em compasso de espera como uma nau sem rumo em ponto de bala, consternando profundamente a mão beijada que, depois de um longo e tenebroso inverno, ensaia os primeiros passos para chegar a um denominador comum e tirar o cavalo da chuva.
Apesar das vaias estrepitosas, enfrenta a subida íngreme, seguindo as sólidas tradições que resultam, invariavelmente, em calorosa recepção, se a pista não estiver escorregadia e se for retirado com vida dos ferros retorcidos depois do pavoroso acidente.
À procura de um lugar ao sol, agarra-se à certeza de agradar a gregos e troianos e proclama em alto e bom som que pretende levar a faca de dois gumes às barras dos tribunais antes de atear fogo às vestes, atingindo em cheio o propriamente dito para fechar com chave de ouro o esgoto a céu aberto e, numa cartada decisiva, ser submetido ao rigoroso inquérito para localizar a pertinaz doença das tradicionais estirpes, causando tumulto generalizado no vetusto casarão, onde o ilustre se esconde das chuvas torrenciais ao lado da esposa dedicada(corpo escultural) e dos entes queridos.
Vai de vento em popa dirimindo as dúvidas e fazendo das tripas coração, sempre inserido no contexto e em petição de miséria, apertando o cinto às escâncaras quando se imagina sentado no banco dos réus, o que lhe cai como uma luva de causar espécie.
Para dar a volta por cima, criva de balas a cortina de fumaça e corre por fora cantando vitória para não passar em brancas nuvens e termina por repetir à exaustão as cobras e lagartos que foram o divisor de águas entre a saraivada de golpes e as prendas domésticas. Com agradável surpresa, o bundão põe as barbas de molho, as cartas na mesa, a casa em ordem e preenche uma lacuna procurando chifres em cabeça de cavalo, quando deveria reencontrar o seu futebol sem tecer comentários ou considerações e trazer à tona o tiro de misericórdia.
Desbaratada a quadrilha, é traído pela emoção ao abrir com mão de ferro o leque de opções que já é uma página virada e finca o pé, fugindo da raia na hora da verdade com a rapidez de um raio.
Num gesto tresloucado, se atira à singela homenagem, minutos antes da suculenta feijoada, entregando de bandeja o infausto acontecimento, ao inteiro dispor da intriga soez e da trágica ocorrência, onde o último adeus traz de volta o fantasma da recessão e o bundão, em decúbito dorsal, se transforma finalmente no esporte das multidões.
Morto prematuramente, em sã consciência, respira aliviado e é sagrado campeão, tirando o cavalo de batalha do bolso do colete e coroando de êxito
o pomo da discórdia.
Trila o apito ao apagar das luzes, jogando uma pá de cal sobre a tábua da salvação. Parece que foi ontem.

Solda

2 Comentários:

Às 03 março, 2009 , Anonymous Anônimo disse...

excelente Solda!

 
Às 03 março, 2009 , Anonymous Anônimo disse...

Olá Thadeu, eu fiz uma entrevista com vc no ano retrasado para um almanaque underground. Então, desculpe incomodá-lo mais uma vez, mas estou cobrindo uma pauta a respeito de poetas e escritores blogueiros e gostaria de poder fazer uma nova entrevista com vc (dessa vez, devido ao tempo escasso de que disponho seria por telefone ou por email mesmo) a respeito de seu blog. Como surgiu a idéia, quais as vantagens dessa ferramenta, quais os blogs que vc acessa, enfim...
Meu email: andrizy_selenita@yahoo.com.br

Abraço!

 

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