Quando vc começou a escrever os primeiros versos?
Eu lembro que vim para Curitiba, em 1979. E aqui aconteceu uma história muito estranha comigo. Veja, eu trabalhava no mato, cortava toras de madeira com a motosserra ajudando o meu finado pai. Trabalhei numa madeireira, me criei na enxada, sempre trabalhei no pesado. Eu nunca tive posses, e minha renda também nunca foi boa. Cheguei em Curitiba, rapidinho, acabou minha grana. Arrumei uma pesquisa no IPUC, durante 4 dias, e fui morar na favela do Parolin. Um dia a polícia deu uma batida lá e eu falei para o policial que fazia pesquisa para o IPUC. O cara retrucou e perguntou se eu fazia pesquisa com lanterna de pilha. Ou seja me chamou de ladrão, né? (rsrs) Mas eu não fiquei quieto e falei: “Não, seo moço, eu estou aqui porque mesmo tendo o segundo grau fui obrigado a vir pra cá”. Acabei contando pra ele que eu ajudava o pessoal da favela a empurrar o carrinho morro acima, só não saía junto pra catar papel. Ali nasceu um dos meus primeiros poemas “Carro-Papel-Homem”. Mas eu resolvi ir à luta e um dia passando na frente do colégio Positivo, pensando o que ia fazer da minha vida, morando na favela, sem dinheiro pro ônibus. Eu, naquela época, não sabia nem pedir. Mas entrei no colégio, criei coragem e fui falar com o diretor. Ele me atendeu muito bem e perguntou que curso eu ia fazer. Aí eu expliquei pra ele toda a minha situação e me ofereci para apagar quadros, varrer salas, enfim, qualquer coisa. Thadeu, o cara na hora me deu uma bolsa de estudos por um ano, vc acredita? Eu saí dali não acreditando no que tinha acontecido.Arrumei um trabalho no Restaurante Franciscano, no Largo da Ordem, onde se realiza a Feira do Poeta e está a livraria Dario Velloso. Aí eu conheci uma cara de Francisco Beltrão, que me deu a dica de que na Casa do Estudante Universitário, com 20% do salário mínimo, eu poderia morar e ter café, almoço e jantar. Só não tinha roupa lavada. Arrumei dinheiro emprestado, paguei e fui morar na CEU. Veja como são as coisas: da favela do Parolim para o colégio Positivo e para a CEU (rsrsrs).
“o carro do catador de papel
desfila pela rua colorida
e um caminhar lento
catando o papel da vida”
É triste, né, Thadeu? Mas ria, ria cem vezes por dia, ria da própria anarquia. (rsrsrs). O poeta não se descobre, ele é. Vc pode ficar um ano ou dois ou mais até sem fazer um verso, mas vc é poeta. É um dom que vc tem ou não tem. Não tem jeito, nasce feito. Não precisa de mestrado, pós-graduação, isso e aquilo, basta ser criativo. Veja a Efigênia por exemplo, ela é simples, muito simples, mas é poeta. Ela cata papel de bala, faz as poesias dela e tem uma barraquinha na Feira do Artesanato ao lado do Hélio Leites, meu grande amigo e amigo de todos os botões. Os poetas nascem poetas.A poesia é um dom sagrado e é com ele que eu vivo.
Eu lembro que vim para Curitiba, em 1979. E aqui aconteceu uma história muito estranha comigo. Veja, eu trabalhava no mato, cortava toras de madeira com a motosserra ajudando o meu finado pai. Trabalhei numa madeireira, me criei na enxada, sempre trabalhei no pesado. Eu nunca tive posses, e minha renda também nunca foi boa. Cheguei em Curitiba, rapidinho, acabou minha grana. Arrumei uma pesquisa no IPUC, durante 4 dias, e fui morar na favela do Parolin. Um dia a polícia deu uma batida lá e eu falei para o policial que fazia pesquisa para o IPUC. O cara retrucou e perguntou se eu fazia pesquisa com lanterna de pilha. Ou seja me chamou de ladrão, né? (rsrs) Mas eu não fiquei quieto e falei: “Não, seo moço, eu estou aqui porque mesmo tendo o segundo grau fui obrigado a vir pra cá”. Acabei contando pra ele que eu ajudava o pessoal da favela a empurrar o carrinho morro acima, só não saía junto pra catar papel. Ali nasceu um dos meus primeiros poemas “Carro-Papel-Homem”. Mas eu resolvi ir à luta e um dia passando na frente do colégio Positivo, pensando o que ia fazer da minha vida, morando na favela, sem dinheiro pro ônibus. Eu, naquela época, não sabia nem pedir. Mas entrei no colégio, criei coragem e fui falar com o diretor. Ele me atendeu muito bem e perguntou que curso eu ia fazer. Aí eu expliquei pra ele toda a minha situação e me ofereci para apagar quadros, varrer salas, enfim, qualquer coisa. Thadeu, o cara na hora me deu uma bolsa de estudos por um ano, vc acredita? Eu saí dali não acreditando no que tinha acontecido.Arrumei um trabalho no Restaurante Franciscano, no Largo da Ordem, onde se realiza a Feira do Poeta e está a livraria Dario Velloso. Aí eu conheci uma cara de Francisco Beltrão, que me deu a dica de que na Casa do Estudante Universitário, com 20% do salário mínimo, eu poderia morar e ter café, almoço e jantar. Só não tinha roupa lavada. Arrumei dinheiro emprestado, paguei e fui morar na CEU. Veja como são as coisas: da favela do Parolim para o colégio Positivo e para a CEU (rsrsrs).
“o carro do catador de papel
desfila pela rua colorida
e um caminhar lento
catando o papel da vida”
É triste, né, Thadeu? Mas ria, ria cem vezes por dia, ria da própria anarquia. (rsrsrs). O poeta não se descobre, ele é. Vc pode ficar um ano ou dois ou mais até sem fazer um verso, mas vc é poeta. É um dom que vc tem ou não tem. Não tem jeito, nasce feito. Não precisa de mestrado, pós-graduação, isso e aquilo, basta ser criativo. Veja a Efigênia por exemplo, ela é simples, muito simples, mas é poeta. Ela cata papel de bala, faz as poesias dela e tem uma barraquinha na Feira do Artesanato ao lado do Hélio Leites, meu grande amigo e amigo de todos os botões. Os poetas nascem poetas.A poesia é um dom sagrado e é com ele que eu vivo.
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