Poemas de Roberto Prado
oração partida
acordei num sonho esquisito
eu mesmo era um estranho
que me falava coisas desconhecidas
e de vez em quando sumia
fiz força para decorar
aquelas tão belas palavras
não dava tempo de anotar
a metade que eu entendia
tentei voltar a dormir
como todo sonhador que se preza
mas continuei surdo às súplicas
não mereço ouvir minha própria reza
na captura
falei
até a letra
ficar grande
fiz de tudo
até figura
já me entende agora
ou ainda falta
mulher nua?
tantã
por fora
por dentro e entre
pela vida afora
e antes
hora após hora
por exemplo, agora,
eu rimo sempre
dono de batuque nato
às vezes bato fraco
não atendeu, pronto!
já fui embora
nenhuma razão para dor
nenhuma razão de orgulho
somente mais uma canção
apenas mais um coração
fazendo barulho
é muito
Tempo ruim não foi
e o agora não quer ir.
Tudo precisa de dois.
Isso, no momento,
é muita gente.
Fica pra depois
agora depois
o poeta
quando morre
pra onde vai?
irá para a lua
onde não há ninguém
para olhá-lo?
ou para a China
chorar cantando
entre seus iguais?
sumir ou sofrer?
ninguém ou bilhões?
melhor não morrer
cuidado, período fértil
Você lança qualquer coisa
sem saber que qualquer coisa pega.
Nem precisa ser semente
e já uma raiz me agarra
ergue-se um tronco
uma folha me escreve.
Não chego a dizer:
- coma, já que matou.
Tampouco digo:
- toma que o filho é teu.
Mas já que nasceu
sinta este perfume
coisa de Deus
que você plantou.
a volta triunfal
aqui vamos fazer nossa casinha
ali a fábrica não ficará muito longe
uma escola com vista pra montanha
e o templo sem imagem nenhuma
desta vez não vamos sujar o rio
nem inventar leis desalmadas
apenas novamente simples heróis
descobrindo mundos, trocando fraldas
palavras na mesa
sombras se esgueiram
entre vírgulas
separadas por tontas sílabas
que se espantam
nesta mesa, caros amigos,
como em tanta véspera
o que ainda me separa
de minha santa ceia?
criatura memória
nossa senhora das minhas musas
minha angelical divina fada
que a treva bata em sua trave
antes da batalha ser travada
sopre sua brisa, diva santa elegância
relevo morno, enlevo doce, leite, úmida alvorada
me leve logo para que eu não esqueça
como a vida é difícil de ser lembrada
oração a são nunca
dei duro e eros me abriu seu coração
não preciso nem de boca pra baco me estender o garrafão
marte me deu uma mão
mamom perguntou quanto era e puxou o talão
um belo dia tive de dizer não
mas ainda amo essa humanidade marrom
fiel a eros, baco, marte e mamom
descascando cebola
dentro do dentro
no meio do miolo
nas profundas do centro
do núcleo de tudo
é ali, no fundo, no fundo,
que habita você
minhalma doutro mundo
acordei num sonho esquisito
eu mesmo era um estranho
que me falava coisas desconhecidas
e de vez em quando sumia
fiz força para decorar
aquelas tão belas palavras
não dava tempo de anotar
a metade que eu entendia
tentei voltar a dormir
como todo sonhador que se preza
mas continuei surdo às súplicas
não mereço ouvir minha própria reza
na captura
falei
até a letra
ficar grande
fiz de tudo
até figura
já me entende agora
ou ainda falta
mulher nua?
tantã
por fora
por dentro e entre
pela vida afora
e antes
hora após hora
por exemplo, agora,
eu rimo sempre
dono de batuque nato
às vezes bato fraco
não atendeu, pronto!
já fui embora
nenhuma razão para dor
nenhuma razão de orgulho
somente mais uma canção
apenas mais um coração
fazendo barulho
é muito
Tempo ruim não foi
e o agora não quer ir.
Tudo precisa de dois.
Isso, no momento,
é muita gente.
Fica pra depois
agora depois
o poeta
quando morre
pra onde vai?
irá para a lua
onde não há ninguém
para olhá-lo?
ou para a China
chorar cantando
entre seus iguais?
sumir ou sofrer?
ninguém ou bilhões?
melhor não morrer
cuidado, período fértil
Você lança qualquer coisa
sem saber que qualquer coisa pega.
Nem precisa ser semente
e já uma raiz me agarra
ergue-se um tronco
uma folha me escreve.
Não chego a dizer:
- coma, já que matou.
Tampouco digo:
- toma que o filho é teu.
Mas já que nasceu
sinta este perfume
coisa de Deus
que você plantou.
a volta triunfal
aqui vamos fazer nossa casinha
ali a fábrica não ficará muito longe
uma escola com vista pra montanha
e o templo sem imagem nenhuma
desta vez não vamos sujar o rio
nem inventar leis desalmadas
apenas novamente simples heróis
descobrindo mundos, trocando fraldas
palavras na mesa
sombras se esgueiram
entre vírgulas
separadas por tontas sílabas
que se espantam
nesta mesa, caros amigos,
como em tanta véspera
o que ainda me separa
de minha santa ceia?
criatura memória
nossa senhora das minhas musas
minha angelical divina fada
que a treva bata em sua trave
antes da batalha ser travada
sopre sua brisa, diva santa elegância
relevo morno, enlevo doce, leite, úmida alvorada
me leve logo para que eu não esqueça
como a vida é difícil de ser lembrada
oração a são nunca
dei duro e eros me abriu seu coração
não preciso nem de boca pra baco me estender o garrafão
marte me deu uma mão
mamom perguntou quanto era e puxou o talão
um belo dia tive de dizer não
mas ainda amo essa humanidade marrom
fiel a eros, baco, marte e mamom
descascando cebola
dentro do dentro
no meio do miolo
nas profundas do centro
do núcleo de tudo
é ali, no fundo, no fundo,
que habita você
minhalma doutro mundo
1 Comentários:
O Roberto tem livro de poemas?
BB
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