Bebidas Espirituosas
“O fígado faz muito mal à bebida”.
Barão de Itararé
“Mãos ao álcool!”
Título de show do grupo musical curitibano Velhinhos Pauleira.
Você parece que bebe. Toma umas. Bebe bem. Enche o caco. Bebida se encontra em qualquer esquina. Vende-se livremente, o uso é incentivado em filmes, peças, anúncios, jingles, vts, out-doors, revistas, livros. O esporte dos aperitiveiros é o basquete: vivem de olho no garrafão. Bebe-se para comemorar, esquecer, conversar, namorar, fumar, bebe-se para beber. John Lennon, “filho de uma garrafa”, abandonou a loucura, para que seu filho não virasse “neto de um garrafa”. As valetas, as clínicas, os prontos-socorros e os familiares é que conhecem bem o outro lado da meia-noite dos simpáticos pinguços. Aliás, nem todo pau d’água passa pela fase do macaco (palhaçada) e do gato (sair miando), indo direto à do porco: depois de alguns cachações rapidamente começam a fuçar os lodos do passado, agressivos, ressentidos e magoados. Tem uns pudins de cachaça que bebem pra encher a paciência dos demais e de pancada a mulher e os filhos. O que tem de cozido no hospício é coisa de louco. Famílias inteiras já foram dizimadas pelos brindes a mais da turma do funil. O vinho do padre não chega aos pés daquele que Jesus fez da água. Mas o processo de fabricação nem sempre é divino. Até soda cáustica colocam na “marvada”. Nos EUA o poder é alternado entre Republicanos e Democratas, aqui, entre fábricas de cerveja. Antes de virar moda o populacho encher o caveirão, a bebida tinha lá seu sentido social, religioso, místico e folclórico, interagindo com outros elementos culturais. Hoje, salve-se quem puder, bebida é droga pesada, com aval dos governos, exceção aos muçulmanos, que fazem o que fazem de cara limpa. Na publicação Mosaico das Drogas, da UNESCO, o álcool é considerada a mais nociva de todas e a que mais mortes causa. Esqueceram de citar drogas perigosas, como: comissão técnica da seleção, a maioria dos programas da televisão, o padrão cafajeste dos locutores de FM, a alegria postiça dos falsos pagodeiros, os bahianos made in Taiwan, os críticos que cromam as orelhas, penduram melancias e põem espanador para aparecer mais que pavão. Ébrio japonês bebe num copinho tão pequetito que dá uma agonia só de ver - o país tem o menor índice per capita de consumo de destilados. No Brasil, país governado por garçons, um presidente renunciou quando estava torrado, assinou com uma mão trêmula enquanto a outra, trôpega, esbarrava no copo. Anos depois indagaram: “É verdade que o senhor bebe?” A resposta em português quase castiço, foi: “Bebo porque líquido é, se sólido fosse, come-lo-ía.” Depois dessa, só tomando um pifão, para não ter ataque piléquico.
abstinência de síndrome
não é verdade
que a bebida engorda
veja por mim
seco por um drink
vodka martinis
minha barrica
está no guiness
sócio tremido
do glub engov
soda wyskies
você é virgo
eu sou piscies
a cada pingo de pinga
a lata comigo
fogo paulista
o AAA
nunca me disca
thadeu, bira, rodrigo, ferreira e trindade
Subversões do Solda
. Atrás de todo grande homem tem sempre uma grande garrafa.
. O pior inimigo de um homem é um copo vazio.
. O homem que bebe é um homem feliz.
. Beber, depois morrer.
. O homem que não tem caráter não bebe.
. Quem não bebe não treme.
. Deixar de beber não é nada, o duro é evitar a primeira dose.
Dois brindes de Baudelaire
1.
“O fígado faz muito mal à bebida”.
Barão de Itararé
“Mãos ao álcool!”
Título de show do grupo musical curitibano Velhinhos Pauleira.
Você parece que bebe. Toma umas. Bebe bem. Enche o caco. Bebida se encontra em qualquer esquina. Vende-se livremente, o uso é incentivado em filmes, peças, anúncios, jingles, vts, out-doors, revistas, livros. O esporte dos aperitiveiros é o basquete: vivem de olho no garrafão. Bebe-se para comemorar, esquecer, conversar, namorar, fumar, bebe-se para beber. John Lennon, “filho de uma garrafa”, abandonou a loucura, para que seu filho não virasse “neto de um garrafa”. As valetas, as clínicas, os prontos-socorros e os familiares é que conhecem bem o outro lado da meia-noite dos simpáticos pinguços. Aliás, nem todo pau d’água passa pela fase do macaco (palhaçada) e do gato (sair miando), indo direto à do porco: depois de alguns cachações rapidamente começam a fuçar os lodos do passado, agressivos, ressentidos e magoados. Tem uns pudins de cachaça que bebem pra encher a paciência dos demais e de pancada a mulher e os filhos. O que tem de cozido no hospício é coisa de louco. Famílias inteiras já foram dizimadas pelos brindes a mais da turma do funil. O vinho do padre não chega aos pés daquele que Jesus fez da água. Mas o processo de fabricação nem sempre é divino. Até soda cáustica colocam na “marvada”. Nos EUA o poder é alternado entre Republicanos e Democratas, aqui, entre fábricas de cerveja. Antes de virar moda o populacho encher o caveirão, a bebida tinha lá seu sentido social, religioso, místico e folclórico, interagindo com outros elementos culturais. Hoje, salve-se quem puder, bebida é droga pesada, com aval dos governos, exceção aos muçulmanos, que fazem o que fazem de cara limpa. Na publicação Mosaico das Drogas, da UNESCO, o álcool é considerada a mais nociva de todas e a que mais mortes causa. Esqueceram de citar drogas perigosas, como: comissão técnica da seleção, a maioria dos programas da televisão, o padrão cafajeste dos locutores de FM, a alegria postiça dos falsos pagodeiros, os bahianos made in Taiwan, os críticos que cromam as orelhas, penduram melancias e põem espanador para aparecer mais que pavão. Ébrio japonês bebe num copinho tão pequetito que dá uma agonia só de ver - o país tem o menor índice per capita de consumo de destilados. No Brasil, país governado por garçons, um presidente renunciou quando estava torrado, assinou com uma mão trêmula enquanto a outra, trôpega, esbarrava no copo. Anos depois indagaram: “É verdade que o senhor bebe?” A resposta em português quase castiço, foi: “Bebo porque líquido é, se sólido fosse, come-lo-ía.” Depois dessa, só tomando um pifão, para não ter ataque piléquico.
abstinência de síndrome
não é verdade
que a bebida engorda
veja por mim
seco por um drink
vodka martinis
minha barrica
está no guiness
sócio tremido
do glub engov
soda wyskies
você é virgo
eu sou piscies
a cada pingo de pinga
a lata comigo
fogo paulista
o AAA
nunca me disca
thadeu, bira, rodrigo, ferreira e trindade
Subversões do Solda
. Atrás de todo grande homem tem sempre uma grande garrafa.
. O pior inimigo de um homem é um copo vazio.
. O homem que bebe é um homem feliz.
. Beber, depois morrer.
. O homem que não tem caráter não bebe.
. Quem não bebe não treme.
. Deixar de beber não é nada, o duro é evitar a primeira dose.
Dois brindes de Baudelaire
1.
Alma do vinho
O espírito de Baco, exalando pelo gargalo,
bafejou: “bebum, a sua saúde é minha alegria.
Tirou a tampa, agora engula até o regalo,
mesmo de língua enrolada serei tua melodia.
Não é mole agüentar no lombo o sol rachando,
montanha de suor e mal trato tamanho
para me parir, beber e sair tropeçando,
esquecido que subo mais se sou de antanho.
Ao descer, pelo estalo da língua, faço eco
na goela de quem se gasta para gastar comigo.
Não me apego à adega de qualquer boteco,
prefiro cair de boca na valeta de um amigo.
Não dás ouvido nem vês o coro embargado
na esperança de que o peito um dia faça bico?
No duro e frio balcão, ó dor atroz do baqueado!,
se for só pra felicidade diga ao povo que fico.
Acordo já já o teu olhar de raposa mal dormida,
com tal força e cor te transfiguro, bebum,
que nunca mais desgrudarás da minha vida,
seremos pra sempre, eu e teu sangue, apenas um.
Desmaio contigo, guerreiro de copo ao vento!
Estou até os grãos, bagos estourando, Deus acuda!
A rima que aflora no guardanapo sujo e sebento
seja eternamente divina e tua razão sacuda!”
(Tradução de Antonio Thadeu Wojciechowski e Roberto Prado)
2.
O vinho dos amantes
indo belo lindo um dia todo sim
é proibido proibir que tenha fim
bebo o vinho mel, divino néctar,
o céu ainda por cima parece concordar
um par de arcanjos, que figuras!
ambos puros artífices das alturas
eu e a taça, vinhetas da paisagem
o vinho volta à uva, eu, à miragem
no embalo dos tragos a terra gira
mecanismos de um turbilhão inteligente
que tudo ouve vê e só delira
o paraíso já era aqui e paralelamente
em outro entramos agora como um só
ic! epa! ops! rum...rum... ã? ó!
(Tradução de Marcos Prado, Roberto Prado e Antonio Thadeu Wojciechowski)
Charles Baudelaire (Poeta francês, 1821/1867)
amor ao bar
uma pessoa, agora sua íntima
foi parar um dia no hospício
não por uma obsessão legítima
nem por doença ou vício
ele foi por estar claro
que o álcool fazia-lhe mal
e porque o bar o
lembrava um hospital
essa pessoa, que sou eu
percebeu de si a manobra
o que de mim o álcool bebeu
dele ele fez sua obra
Marcos Prado
carniça é caviar
ao lado dos sonhos
sempre haverá suspiros
amigos bebem todos os dias aos litros
e no fim da noite trocam tiros
não sem antes distribuir brutos sopapos
o álcool transforma príncipes em sapos
e mariposas em vampiros
a ressaca transforma todo mundo em escombros
os pesadelos curtos em longos
para uma longa noite, uma manhã em frangalhos
caminhos de bêbado são atalhos
ziguezagues, tropeços e tombos
Marcos Prado e Édson de Vulcanis
koan do café
com muita fé e pouco pó
fiz café ralo pra todo mundo
ninguém está só
imbecil café ralo não é café/ não há mérito em dividir o que não é/ dar o nada nunca foi prova de fé/ não existe todo mundo/ e a questão de se estar só/ não tem relação com o pó/ ao qual você retornará/ agora vá fazer um chá/ pra aprender a dita cuja lição de não transformar/ sonhos e desejos em água suja de ninguém beber/ e pelo amor de deus não desperdice mais/ a boa sorte de poder dar a todos nós o grande prazer/ de vê-lo desafiando a morte/ ao preparar e beber/ totalmente só/ uma boa xícara de café bem forte
esse pó é meu
o que dele coa
todo mundo já bebeu
Roberto Prado
O velho e o bar
o velhinho é a alma do negócio
deixa a nota amassada
e sai catando cavaco
pensou que via o carlos drummond de andrade
mas era uma valeta no meio do caminho
o pau d’água mergulhou na areia movediça
transformando-se no monstro do pântano
Marcos Prado e Márcio Cobaia Goedert
amanhã tem mais ?
um porre nunca tem garrafa demais
vasilhame vazio não mente jamais
a primeira garrafa liquidei rápido
a segunda empurrei goela abaixo
a terceira não teve conversa
esvaziei como quem tergiversa
da quarta fui com sede à quinta
a sexta não deixa que eu minta
como sete é sempre conta falsa
cantei a nona uma oitava acima
e ao tirar a mesa para uma valsa
lembrei da decisão que tinha tomado
levantei, pendurei e sem perder a linha
saí firmemente do bar carregado
Antonio Thadeu Wojciechowski
Três remedinhos de Dalton Trevisan
Dose 1 (Do livro Dinorá)
Soube do João? Tadinho, os dias contados.
Poxa, o que foi?
Não bebia mais que eu ou você. Agora preso em casa. Sem poder andar.
...
Os pés numa bacia, escorrendo água das pernas. Já vazou cinco litros de cada uma.
Dose 2 (Do livro 234)
A solteirona virgem, depois de umas doses de uísque, ao antigo namorado:
- Por favor, me salva. Livra o meu corpo desse maldito limbo. Dessa terra de ninguém!
Dose 3 (Do livro 234)
- Bêbado, ele me bate sem dó. Fica doidão, quer fazer de tudo. Se resisto, apanho mais ainda. Ai, meu Jesuzinho. Então abro as pernas. Uma vela oferecida para as almas do purgatório.
Duas taças de Li Po
1
Reunião de amigos
Para lavar velhas mágoas
é preciso beber mil frascos.
As belas noites são feitas para as palavras puras.
A lua branca deve impedir o sono.
Ébrios nos deitaremos na montanha deserta.
Céu e terra nos servirão de colcha e travesseiro.
2.
Bebo sozinho ao luar
Entre as flores há um jarro de vinho.
Sou o único a beber: não tenho aqui nenhum amigo.
Levanto a minha taça, oferecendo-a à lua:
Com ela e minha sombra, já somos três pessoas.
Mas a lua não bebe e a minha sombra imita o que faço.
A sombra e a lua, companheiras casuais,
divertem-se comigo, na primavera.
Quando canto, a lua vacila.
Quando danço, a minha sombra se agita ao redor.
Antes de embriagados, todos se divertem juntos.
Depois, cada um vai para sua casa.
Mas eu fico ligado a esses companheiros insensíveis:
Nossos encontros são na Via Láctea.
Li Po (Poeta chinês, 701-762, tradução de Cecília Meireles)
Tomar a adega!
nunca mais vou sair desse bar
vou beber até me afogar
não quero nenhum salva-vida
seo garçom, traga mais bebida
Antonio Thadeu Wojciechowski e Walmor Góes
9 Comentários:
Depois dessa só tomando todas.
BB
Essa é pra pedir a saideira só depois de amanhã.
Ivan Mesquita Soares
Tá tudo certo. Saúde e vida longa a vocês.
Cláudio Sousa Ramos
Triste e ao mesmo tempo alegre, Claudinha. Tua saúde em primeiro lugar. Mas vc não pode se queixar pq bebeu bem, bebeu todas, bebeu de
chegar a vazar. Rsrsrsrs...
Conte com meu apoio
Thadeu
Que loucura, cara. Vou fazer um aperitivo e já volto.
Ricardo Mendes
Muito bom e gostoso de ler. Adicionei aos meus favoritos. Viva! Vida inteligente, afinal. Sou do Rio e vim pelo link do Chacal. Vou divulgar seu endereço para meus chegados.
Um abraço
Rubens Coyote
Ouvi falar desse blog pelo Norton aqui de Fortaleza, gostei bastante. É bem arretado, Tadeu.
Considerações e abraço
Marcelo da Praia
O Norton é um cara duca. Grande abraço pra vc, pra ele e pra Fortaleza.
a loira brejeira
espreita-me esquiva
pelo vão da geladeira
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