Texto de abertura do livro Não temos nada a perder
Não temos nada a perder
Escrever e publicar é sempre um ato de quem não tem nada a perder. Coisa de fedelhos que não têm o que fazer, a não ser ficar metendo o bedelho na vida e nos sentimentos alheios. Pode baixar a guarda que lá vem upercut, pra quem, como nós, gosta de levar na orelha. Não tivemos o menor pejo em expor o que de mais constrangedor tínhamos em nossos sagrados corações. Epigramas? Poemas? Letras? Não sabemos. O que vale mesmo é a intenção rítmica, que estudando os clássicos, tiramos definitivamente do olvido. O fundo moral, é evidente, não passa de uma desculpa do pobre vocabulário e da mísera expressão para, em forma de lamúrias, lamentarmos o bem que não nos fizeram. O preciosismo de certas colocações, às vezes, é como um chute despretencioso da intermediária que acaba entrando espetacularmente no ângulo – nem o autor sabe se foi obra do acaso ou ciência pura. Mas a placa estará lá. Como a nossa própria lápide há de, um dia, indicar para nossos admiradores, já sem vergonhas, que poderão expressar, enfim, todo o amor, afeto e carinho que nos deixaram faltar. A obra foi idéia do Marcos Prado que, em vida, nos deu a luz , o amor e as aporrinhações que só uma amizade verdadeira poderia dar. Pra ele, pra nós e pra você, leitor, o livro.
Antonio Thadeu Wojciechowski & Sérgio Viralobos
8 Comentários:
Que espetáculo de capa, isso sim é uma capa de livro. Parabéns ao artista desconhecido.
quem fez a capa???
Rodrigo
Desculpem minha falha. A capa é do Bira, Ubiratan Gonçalves de Oliveira, atualmente residindo no Rio de Janeiro. Um dos mais talentosos artistas gráficos do Brasil.
Thadeu
muito boa....
Só pela introdução eu acho que tenho muito a perder, se não ler esse livro.
E pela amostra dos poemas do Marcos, já me senti uma perdedora por não ter conhecido o cara.
Ainda bem que voces estão vivos.
[]s / Marilda
Espero vc lá, Marilda.
Bj
Thadeu
vou ter com esse livro, claro. que saudade do Marcos... e pensar que abri esse blog procurando rastros dele, do Cobaia...morei em C. nos idos de 92/93 e sempre pensei revelos. a Gláucia. bem, quem sabe? gatos pendurados em cortinas, vodcas, muita vitamina B.feridas que não cicatrizavam ...o Marcos era uma ferida aberta que se auto-medicava com bom humor tópico.
andréa/ Pelotas/ RS
tropecei nos acentos, nos pronomes e, mais uma vez, numa morte não anunciada. quiz dizer, acima: "ídos", "revê-los" etc.
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