polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

sábado, dezembro 02, 2006





Capítulo 8

Criança, louco ou borracho
Quando cai
Deus põe a mão embaixo.



Perco para o Rubão, dos piá da véia, o título
De campeão de queda-de-braço. Depois
De vencer oito oponentes. Mas, o capítulo,
À parte, não foi a final entre nós dois,

E, sim, a das mulheres. Ana, namorada
Do Sérgio, também um piá da veia, na final
Feminina, num arranque fenomenal
Quebra o braço da infeliz rival derrotada.

A fratura exposta, aos nossos olhares
Incrédulos, nos parecia inverossímel,
Uma coisa do outro mundo, algo impossível,
Mas, na real, só cuidados hospitalares,

Sérios e competentes, poderiam resolver.
Uma caminhonete sai, derretendo os pneus,
Levando a garota para o médico atender.
E nós, como não poderia deixar de ser,

Agora, vamos criando versões do fato,
Algumas com fortes traços de fantasia.
Durante uma boa parte da noite o braço
Quebrado vira piada nova, chisteria

De todo tipo. A Ana cansou de ouvir
Brincadeiras como “quebra uma pra mim?”
Ou “é queda e não, quebra-de-braço”. Pra rir
Ninguém pede licença e assim o que era ruim

Trouxe alegria e felicidade, maior
Ainda quando o assunto é Nicolau, o polaco,
Que quase foi assado vivo. O melhor
Foi vê-lo chegar rindo com esparadrapo

E gaze espalhados por toda cara. Nem
Bem sentou-se e alguém bateu de bate-pronto:
“Deixa eu conferir se você já está no ponto!”
E um outro: “Seu rosto assim fica muito bem!”

E: “Não te falei que você era um mascarado!?”
Foi uma gargalhada atrás da outra, horas a fio.
Nem a pobre velha escapou deste sopapo:
“Fazer tatuagem nessa idade é um desafio!”

Ou: “Para mim, ela sempre teve duas caras!”
Pensei que fôssemos morrer de tanto rir,
As piadas se sucediam e não foram raras
As vezes que rimos, de chegar a cair

E rolar no chão. Brindes e mais brindes eram
Oferecidos aos protagonistas. Gritos,
Saudações e aplausos entremeiam e levam
A novas gargalhadas e a novos agitos.

Beatriz tem uma risada clara e audível,
A léguas de distância, e isso contagia
Ainda mais o ambiente dessa noite incrível,
Cheia de graça, congraçamento e alegria.

Nicolau teve muita sorte apesar
De tudo. As queimaduras eram bem pequenas
E os curativos, pra proteger o lugar,
Pois a.cura levaria alguns dias apenas.

O seo Nestor vem até a nossa mesa e diz
Que o Jair prepara um belo caldo de mocotó.
A notícia anima ainda mais Beatriz,
Que me dá muitos beijos em um beijo só.

O balde que vai de mão em mão pelo bar
É um coquetel de ervas e vodka, receita
que a mãe Joana aprendeu, lá em Madagascar,
Durante os rituais de uma estranha seita.

Não sei o que continha. O efeito que era bom.
Ficou muito melhor depois do mocotó.
Mas quando vi um gafanhoto, de mosquetão
E farda, dando uma de Barishinikov,

Debaixo do meu nariz, percebi que o troço
Já era demais. Charutos são distribuídos
E, ao som ritual dos atabaques, o negócio
Fede ainda mais. Um coro de gemidos,

Dos homens, faz base para as melodias,
Cantada por algumas mulheres, enquanto
As outras dançam fazendo alegorias,
Estranhas e sensuais. Seu Nestor, o pai-de-santo,

E Mãe Joana, ocupam o centro da roda
E vão baixando cavalos na macacada.
Eu, aos poucos, vou entendendo, mas é foda!
Olho para Beatriz e ela, transfigurada,

Levanta Pomba Gira e começa a dançar,
Fazendo circunvoluções sobre si mesma.
A minha estupefação, dá pra calcular,
Era tanta, que cheguei a babar na mesa.

Mas quando vi o Nestor e Mãe Joana vindo
Na minha direção, eu compreendi tudo.
E quando compreendi já era tarde, indo
Até o meio da roda, rezo, mas não me iludo!

Fim do Capítulo 8


17 Comentários:

Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Que loucura, polaco, tua imaginação é demais pra mim.
Genial, cara!

Flávio

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

O que já estava bom, ficou melhor ainda. Estou adorando.

BB

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Eu não comento nunca, mas tenho que te dizer que jamais sonhei que a coisa fosse por aí. Você me deu drible a la garrincha. Du caralho, polaco.
A novela está com Ibope lá em cima aqui em casa.

Jeferson Luiz Lopes.

A Mariana, a Sandra e a Elizabeth mandam três beijos. De minha parte, um forte abraço.

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Se fudeu, polaco!

Ruga

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Se você não colocar a continuação amnhã, eu vou te cobri de porrada na primeira vez que te encontrar seu polaco lazarento. Já comi meia mão.

Fabiano

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Thadeuzinho, você vai me matar de ansiedade até amanhã. Põe hoje mesmo a continuação.

Beijinho

Mary

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

De você eu espero sempre o melhor
e ele sempre vem.

Beijo, beijinho e beijão nesse bigodão.

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Ri pra caralho, polaco, as gozações estão em nível máximo. Mas essa de você virar macumbeiro eu pago pra ver.

Abraço

Rubens Cordeiro

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Está tudo muito muito. Me diverti pra valer. Parabéns.

Arthur Fialho Netto

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Bárbaro!

Beto

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Cheio de graça, amém!
Te adoro.

Maria Luíza

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Você tá mais iluminado que todos os postes da Copel juntos.
Bravo!!!

Figura Ilustre

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

Hijo de una iguana, quieres matar-me, hombre?

Pancho Vila

 
Às 02 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

"Sai desse corpo que não te pertence!"

Maringas

 
Às 03 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

sensa sensei

imaginação com oitadas de realidade. A Ana realmente quebrou o braço de uma gordinha numa queda de braço,mas sem fratura exposta.

rodrigo

 
Às 03 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

sobre o thadeu macumbeiro...

a wojciechoski madre mor é famosa recebedora de espiritos...

ruga

P.S. tira essa porra de moderação que vc não tem nada de moderado...
vc sabe que xingamentos não nos atingem...

 
Às 03 dezembro, 2006 , Anonymous Anônimo disse...

por acaso o nicolau é o edilson com a cara queimada por tentar acender um baseado no rabo quente da OSS???

Ruga

 

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