Sesc Santana
Amigos me pediram para postar o texto do Leminski que declamei no show em sampa.
Aí está. Para quem tem o Catatau, edição da Travessa dos Editores, está nas páginas 35 e 36. E o que se refere ao ritmo nas páginas 75 e 76.
Excertos do Catatau
Desde verdes anos tentaram-me o eclipse e a economia dos esquemas
Exímio dos mais hábeis nos manejos de ausências
Busquei apoio nos últimos redutos do zero
Foi a época que eu mais prestigiei o silêncio, o jejum e o não.
Sabem com quem estão falando?
Cultivei meu ser, fiz-me pouco a pouco, constituí-me
Letras me nutriram desde a infância
Mamei nos compêndios
E me abeberei das noções das nações
Compulsei índices e consultei episódios
Desatei o nó das atas
Manuseei manuais
E vasculhei tomos
Olho noturno e diurno
Palmilhei as letras em estradas
Tropecei nas vírgulas
Caí no abismo das reticências
Jazi no cárcere dos parênteses
Rolei a mó das maiúsculas
Emagreci o nó górdio das interrogações
O florete das exclamações me transpassou
Enchi de calos a mão fidalga torcendo páginas
Em decifrar enigmas, fui Édipo
Enrolar cogitações, Sísifo
Em multiplicar folhas pelo ar, outono
Freqüentei guerras e arraiais
Assíduo no adro das basílicas
Cruzei mares
Pisei o pau dos navios
O mármore dos paços
E a cabeça das cobras
Estou com Parmênides
Fluo com Heráclito
Transcendo com Platão
Gozo com Epicuro
Privo-me estoicamente
Duvido com Pirro
E creio em Tertuliano porque é mais absurdo
Lanterna na mão
Bati à porta dos volumes
Mendigando-lhes o senso
E na noite escura das bibliotecas
Iluminava-me o céu a luz dos asteriscos
Matei um a um os bichos da bíblia!
Sabem com quem estão falando?
Paulo Leminski
Amigos me pediram para postar o texto do Leminski que declamei no show em sampa.
Aí está. Para quem tem o Catatau, edição da Travessa dos Editores, está nas páginas 35 e 36. E o que se refere ao ritmo nas páginas 75 e 76.
Excertos do Catatau
Desde verdes anos tentaram-me o eclipse e a economia dos esquemas
Exímio dos mais hábeis nos manejos de ausências
Busquei apoio nos últimos redutos do zero
Foi a época que eu mais prestigiei o silêncio, o jejum e o não.
Sabem com quem estão falando?
Cultivei meu ser, fiz-me pouco a pouco, constituí-me
Letras me nutriram desde a infância
Mamei nos compêndios
E me abeberei das noções das nações
Compulsei índices e consultei episódios
Desatei o nó das atas
Manuseei manuais
E vasculhei tomos
Olho noturno e diurno
Palmilhei as letras em estradas
Tropecei nas vírgulas
Caí no abismo das reticências
Jazi no cárcere dos parênteses
Rolei a mó das maiúsculas
Emagreci o nó górdio das interrogações
O florete das exclamações me transpassou
Enchi de calos a mão fidalga torcendo páginas
Em decifrar enigmas, fui Édipo
Enrolar cogitações, Sísifo
Em multiplicar folhas pelo ar, outono
Freqüentei guerras e arraiais
Assíduo no adro das basílicas
Cruzei mares
Pisei o pau dos navios
O mármore dos paços
E a cabeça das cobras
Estou com Parmênides
Fluo com Heráclito
Transcendo com Platão
Gozo com Epicuro
Privo-me estoicamente
Duvido com Pirro
E creio em Tertuliano porque é mais absurdo
Lanterna na mão
Bati à porta dos volumes
Mendigando-lhes o senso
E na noite escura das bibliotecas
Iluminava-me o céu a luz dos asteriscos
Matei um a um os bichos da bíblia!
Sabem com quem estão falando?
Paulo Leminski
1 Comentários:
Com esses excertos dá até para entender Catatau hehehehehe
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