polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

segunda-feira, setembro 12, 2005


O que se fazia mais nessa época, bebia ou escrevia?

Ambas as alternativas estão corretas e se misturavam: aliás, naquela época, poesia, bebida, sexo e drogas, faziam parte da mesma receita: bebíamos, escrevíamos, usávamos dados do nosso cotidiano mesmo ao traduzir letras de rock de 20 anos atrás: atualizamos e recontextualizamos as referências de tempo, espaço, nomes...
Assim, por exemplo: Suzanne, canção de Lou Reed, virou Suzana, poema do Marcos a uma ex-namorada – e Caroline virou uma Carolina que eu conheci... Até Muriel, de uma canção do Tom Waits, passou a ser Simone, uma mulher do Edilson: escrever poesia, traduzir, beber, conhecer pessoas e amá-las profundamente, era tudo uma coisa só, na minha visão já nostálgica. Mas acho que continua assim.

O que é nascer numa cidade onde se convive com a poesia de forma tão intensa?

Isso é algo que tem que ser dito: é uma benção (e para alguns uma maldição) viver numa cidade que vai ganhando cada vez mais densidade, graças a poetas como o Leminski e a Helena Kolody, a qual é realmente a melhor síntese da poesia paranaense no século XX: esse legado não pode ser nunca esquecido, e vai transparecendo na nova cena cultural da cidade, cada vez mais efervescente.

De que forma vc absorveu o movimento punk e que importância teve nessa efervescência cultural de Curitiba?

O movimento punk entrou na minha vida de tudo que é jeito: assisti pela TV matérias e programas sobre os punks em São Paulo, ouvi Garotos Podres, Sex Pistols, Ramones, Dead Kennedys (que curto até hoje), convivi com colegas de escola que usaram moicano, nos anos 80 foi grande a influência dessa atitude rebelde, agressiva e sem futuro...
Toquei contrabaixo numa banda de psychobilly, estilo derivado do punk: Os Escroques. O Vlad, dos Catalépticos, era o guitarrista: naquela época, no fim dos anos 80 começo dos 90, Curitiba já tinha várias bandas que seguiam essa trilha: Missionários, Playmobilies, Estúpido Estupro... Hoje os Catalépticos fazem turnês mundiais, são ultra-reconhecidos nesse meio, enquanto eu... Bem, continuo na paquera...

Hoje você cospe numa moita e acerta em pelo menos uns 3 guitarristas, 2 bateristas e, no mínimo um baixista. E não é só isso. Curitiba tem uma banda de rock em cada bairro ou até mais. Não é muito músico pra pouco palco?

Penso que essa quantidade gera necessariamente um salto qualitativo: e tem, sim, palco pra todo mundo: é só a banda batalhar: atualmente, minha favorita é a MORDIDA.

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