Atendendo a pedidos, aí vai!
O dia em que encontrei o Paulo Leminski
com a camisa do coxa.
Encontro o polaco, no meio da madrugada. Alegrinhos, eu e ele.
- Onde você esteve todos esses dias em que eu lhe lia? - pergunto ainda abatido pelas notícias de sua morte.
- Por aí, brincando no judô e lutando com a poesia.
- Vivo ou morto?
- Isso ninguém sabe.
- ?!
- Como é que estão o Solda, Retta, Alice Ruiz, Marcos e Roberto Prado, Sérgio Viralobos, Wilson Bueno, Fernando, Reinoldo, Hamilton e a minha querida Helena Kolody?
- E o Cardoso??, argúo antes de responder.
- Abriu outro Bar do Cardoso, lá. Está declamando cada vez melhor.
- Lá?
- É.
- Onde fica lá?
- Isso ninguém sabe.
- ?!
- Em que ano nós estamos?
- 7 de junho de 1996.
- Porra!!
- O que deu em você de me aparecer assim no meio da madruga?
- Saudades de Curitiba. E você ainda não me respondeu como é que está a turma toda.
- Bem, bem. Todo mundo com livro novo. Curita, em matéria de poesia, é de morte mesmo, né?
- Eu que o diga.
- O que você quer dizer exatamente com isso?
- Quero dizer que vamos sentar em algum lugar e beber. Estou morto de vontade de umas vodkas e muitas cervejinhas.
- Vamos lá, no Estorvo, o bar do Cobaia, um jovem poeta que você precisa conhecer.
- Você falou lá?
- Falei, mas este lá eu sei onde fica.
Fomos. No caminho reparo que o Leminski está com a camisa do Coritiba.
- Você não é atleticano ?
- Era. Evoluí, lá.
Fico feliz, sou coxa-branca roxo, todo mundo sabe. Sentamos, frente à frente. Ele, forte, saudável, dentes brancos, barba feita, bigode impecável, parece ter rejuvenescido 20 anos; eu, daquele jeitão de sempre.
- Ahhh! que saudades, cara. Não tomava uma dessas há anos.
- E o Bar do Cardoso, lá não tem bebida?
- Isso ninguém sabe.
- Mas você não vai lá ?
- Às vezes.
- E então ?
- Então, o quê?
- !?
Entre versos, prosas, goles, tiradas espirituosas, trocadalhos do carilho, goles, teorias, filosofices, piadas, comentários, goles, análises, adendos, réplicas, goles, tréplicas, observações, picuinhas e aleivosias, tomamos todas, literalmente. Trôpegos, vimos o sol nascer e o bar se pôr. Rindo, entre um abraço, um cambaleio e outro poema, me despeço: “ eu vou pra lá e você?”.
- Eu também.
Antonio Thadeu Wojciechowski
com a camisa do coxa.
Encontro o polaco, no meio da madrugada. Alegrinhos, eu e ele.
- Onde você esteve todos esses dias em que eu lhe lia? - pergunto ainda abatido pelas notícias de sua morte.
- Por aí, brincando no judô e lutando com a poesia.
- Vivo ou morto?
- Isso ninguém sabe.
- ?!
- Como é que estão o Solda, Retta, Alice Ruiz, Marcos e Roberto Prado, Sérgio Viralobos, Wilson Bueno, Fernando, Reinoldo, Hamilton e a minha querida Helena Kolody?
- E o Cardoso??, argúo antes de responder.
- Abriu outro Bar do Cardoso, lá. Está declamando cada vez melhor.
- Lá?
- É.
- Onde fica lá?
- Isso ninguém sabe.
- ?!
- Em que ano nós estamos?
- 7 de junho de 1996.
- Porra!!
- O que deu em você de me aparecer assim no meio da madruga?
- Saudades de Curitiba. E você ainda não me respondeu como é que está a turma toda.
- Bem, bem. Todo mundo com livro novo. Curita, em matéria de poesia, é de morte mesmo, né?
- Eu que o diga.
- O que você quer dizer exatamente com isso?
- Quero dizer que vamos sentar em algum lugar e beber. Estou morto de vontade de umas vodkas e muitas cervejinhas.
- Vamos lá, no Estorvo, o bar do Cobaia, um jovem poeta que você precisa conhecer.
- Você falou lá?
- Falei, mas este lá eu sei onde fica.
Fomos. No caminho reparo que o Leminski está com a camisa do Coritiba.
- Você não é atleticano ?
- Era. Evoluí, lá.
Fico feliz, sou coxa-branca roxo, todo mundo sabe. Sentamos, frente à frente. Ele, forte, saudável, dentes brancos, barba feita, bigode impecável, parece ter rejuvenescido 20 anos; eu, daquele jeitão de sempre.
- Ahhh! que saudades, cara. Não tomava uma dessas há anos.
- E o Bar do Cardoso, lá não tem bebida?
- Isso ninguém sabe.
- Mas você não vai lá ?
- Às vezes.
- E então ?
- Então, o quê?
- !?
Entre versos, prosas, goles, tiradas espirituosas, trocadalhos do carilho, goles, teorias, filosofices, piadas, comentários, goles, análises, adendos, réplicas, goles, tréplicas, observações, picuinhas e aleivosias, tomamos todas, literalmente. Trôpegos, vimos o sol nascer e o bar se pôr. Rindo, entre um abraço, um cambaleio e outro poema, me despeço: “ eu vou pra lá e você?”.
- Eu também.
Antonio Thadeu Wojciechowski
7 Comentários:
Aí está, Sampaio, Cris, Ivan, Mário, Luíza, o texto que vcs queriam. Escrevi este texto em homenagem ao polaco do pilarzinho, pois apesar de ser atleticano colocou uma bandeira verde e branca na frente de sua casa quando o coxa foi campeão brasileiro. Um gesto à altura do grande homem e poeta que ele foi.
Grande abraço
Thadeu
PS: o texto saiu na última Cornélio, mas não sei porque o desenho do Sampaio não entrou.
Atlééééético
Ei coxoas vào tomá no Cú
Ruga
Thadeu amigo, tu és coxa, mas, adora mulher com corpo atlético.
édson de vulcanis
Se fez isso, devia estar sóbrio demais.
Oi Tadeu!
Emfim criaturas e criadores se encontram como foram pensados um para o outro rssssss
Aqui estão as 2 como era pra ter saido. um abração
E aí, Thadeu? O desenho é também muito legal. O nome do autor do desenho é Sampaio? Grande abraço.
É sim, Marião, ficou duca, né?
Grande abraço.
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