O DIA QUE MATEI O WILSON MARTINS
Capítulo 6
Nem tudo que reluz é Wilson.
Deus, do alto de suas máximas alturas, diz
À penca de anjos puxa-sacos a seus pés:
-Recebi informações de que ninguém o quis
E sendo assim, será lançado a pontapés
No limbo? Lavarei as mãos na sua inocência.
Tragam-me uma bacia com a marca Pilatos,
desse modo aproveito para dar assunto
aos críticos, aos biógrafos e engole-sapos
como vocês. Adoro aparecer e muito mais
ainda representar. Vamos com isso, rápido!
Cadê o maquiador ? Quero estar um tanto pálido.
Chamem Mozart e peçam a ele algo divino,
Como trilha da cena. Na iluminação, Buda
É ours-concur. Van Gogh fica com o pepino
De dar tintas ao cenário, ok? Ai, Deus me acuda!
Tenho que fazer tudo, qualquer dia descrio
O universo e nem pisco. Ô racinha inútil!
E parem de voar à minha volta, estão no cio?
Chamem a minha claque, ela me vai ser útil,
No momento do gran-finale. Meu lap top!,
Preciso de umas frases de efeito do estoque.
Vou passar os e-mails com um vírus novo,
Que acabo de criar. Caos será o nome, aliás.
Vai ser bem divertido ver todo esse povo
Formatando suas máquinas e em Satanás
Jogando a culpa. Ih, ih, ih, eu sou diabólico!
Sai e vai tomar banho, ansioso com a estréia.
Volta cheirando rosas, veloz como um bólido.
Espia pelas cortinas se é grande a platéia.
- A casa está lotada, senhor, acredite,
Mas já há um movimento dos sem convite!
- O quê? O MSC está à minhas portas?
- Sim, meu Deus, pelo menos dez dúzias deles.
- Caracoles! Estou certo por linhas tortas,
Mas esses caras torcem e distorcem. Eles
Conseguem me irritar muito e profundamente,
Quando vêm com a lupa analisar contratos
Que eu mesmo redigi. Duvidam...francamente...
De mim, como conseguem? Eu vou por em pratos
Limpos esse negócio. Mando-os pro inferno
E a manifestação acaba. Sou moderno,
Capítulo 6
Nem tudo que reluz é Wilson.
Deus, do alto de suas máximas alturas, diz
À penca de anjos puxa-sacos a seus pés:
-Recebi informações de que ninguém o quis
E sendo assim, será lançado a pontapés
No limbo? Lavarei as mãos na sua inocência.
Tragam-me uma bacia com a marca Pilatos,
desse modo aproveito para dar assunto
aos críticos, aos biógrafos e engole-sapos
como vocês. Adoro aparecer e muito mais
ainda representar. Vamos com isso, rápido!
Cadê o maquiador ? Quero estar um tanto pálido.
Chamem Mozart e peçam a ele algo divino,
Como trilha da cena. Na iluminação, Buda
É ours-concur. Van Gogh fica com o pepino
De dar tintas ao cenário, ok? Ai, Deus me acuda!
Tenho que fazer tudo, qualquer dia descrio
O universo e nem pisco. Ô racinha inútil!
E parem de voar à minha volta, estão no cio?
Chamem a minha claque, ela me vai ser útil,
No momento do gran-finale. Meu lap top!,
Preciso de umas frases de efeito do estoque.
Vou passar os e-mails com um vírus novo,
Que acabo de criar. Caos será o nome, aliás.
Vai ser bem divertido ver todo esse povo
Formatando suas máquinas e em Satanás
Jogando a culpa. Ih, ih, ih, eu sou diabólico!
Sai e vai tomar banho, ansioso com a estréia.
Volta cheirando rosas, veloz como um bólido.
Espia pelas cortinas se é grande a platéia.
- A casa está lotada, senhor, acredite,
Mas já há um movimento dos sem convite!
- O quê? O MSC está à minhas portas?
- Sim, meu Deus, pelo menos dez dúzias deles.
- Caracoles! Estou certo por linhas tortas,
Mas esses caras torcem e distorcem. Eles
Conseguem me irritar muito e profundamente,
Quando vêm com a lupa analisar contratos
Que eu mesmo redigi. Duvidam...francamente...
De mim, como conseguem? Eu vou por em pratos
Limpos esse negócio. Mando-os pro inferno
E a manifestação acaba. Sou moderno,
E também sou aberto a uma nova idéia,
Mas sempre é bom lembrar que não mantenho rixa
Com o diabo, que pode utilizar a velha
Fórmula: negociar e acabar tudo em pizza!
Esses comunistinhas me incomodam tanto
Que, qualquer dia, coloco-os no paredão.
E aqui não é Big Brother não, meu caro santo;
Aqui é o Big Boss. Mando sim e não tem perdão.
Escreveu não leu, vai de castigo lá embaixo.
Eu criei o inferno e mal não há em nada que faço.
Ali fracos choram e os valentões se borram.
Vamos ao que interessa, chega de dar sopa
Ao azar! Você sabe como eles me adoram
Em cena e eu não dou nó em prego sem estopa.
- Como, Senhor? Nó em prego? Não posso entender.
- E nem vai, o papai não é pra qualquer um
Entender. Pela audácia, você vai perder
As asas que ganhou um dia em Cafarnaum. (*)
Assim aprenderá que minha DEMOcracia
É tão relativa quanto o Eistein e sua teoria.
Mas, para você não ficar perambulando
Pelas nuvens, de gás vou recheá-lo todinho,
Igual a um balão de festa. E como sempre ando
Com agulhas no bolso, já viu, né, fofinho?
Amarra-o com barbante, volta dois mil anos
No tempo e o entrega a Jesus menino.
Depois ergue-se aos céus, retornando aos seus planos.
Mas Jesus não. Jesus, desde bem pequenino,
Adora passarinhos e, em seu coração,
Guarda um milagre de asas para o seu balão!
Longe dali, seu pai, pisando em nuvens, entra
No Grande Salão Celestial e pede água,
Sabonete, toalhas e um creme de placenta.
Mozart, Buda e Van Gogh, metendo os pés na tábua,
Tomam conta da cena em som, em luz, em cor!
O público, extasiado diante da beleza,
Aplaude, grita, chora e exalta o Criador,
Que, teatral, finalmente, põe cartas na mesa:
- Lavo as mãos na inocência do Wilson Martins!
Diz Deus sob sua coroa de anjos e querubins.
Percebendo o efeito de sua frase, lava
As suas mãos, lentamente, como se quisesse
Ouvir todo o silêncio que se fez do nada.
- Quem leu toda sua obra que tenha a finesse
De subir aqui no palco e fazer uso da toalha.
Diz estendendo as mãos em direção ao público.
Um silêncio ensurdecedor sobre a sala
Cai. Porém, Deus, o todo poderoso e único,
Senhor do Céu, da Terra, criador do universo,
Supremo superior, não dá frente sem verso.
- Eu sempre soube, sei e saberei. Sabiam?
Olhou-os de cima, sem esperar resposta.
- Ninguém, nem mesmo o réu e aqueles que o seguiam!
Só tinha esse motivo ao negar minha porta
Ao Wilson, para que ascendesse ao céu eterno.
Mas quando São Miguel, consolador das almas
Do purgatório, não o quis, pensei no inferno,
Que ia ser minha vida, por perder tais causas.
Satanás, que podia ser minha salvação,
Desliga o telefone após sonoro não!
Fico num mato sem cachorro de dar dó.
E vocês estavam lá para me ajudar?
Nessas horas bem sei, conto comigo e só.
Jogue-o no limbo a pontapés, ouvi falar
No dia de sua chegada, tão inesperada.
É fácil falar faça, fazer é difícil
Até para mim, Deus. Depois que a macacada
Se organizou em sindicatos, meu ofício
Divino perde charme e força, dia e noite.
Falta pouco pra eu fazer uso do açoite.
Mas por hora, basta. Chega de choramingo!
O réu Wilson já tem decretada a sentença.
Lavei as mãos, mas volto atrás: vai para o limbo,
Porém, sem pontapés. Virgílio, em recompensa, (**)
Poderá novamente ir do inferno ao céu,
Como já fez um dia, lado a lado, com Dante.
Quando ele aqui chegar, faremos o escarcéu
Do ano, com abalos e um tsunami gigante!
O Wilson, eu não perderei jamais de vista,
Ele terá mil anos pra ser um artista!
(*) Cafarnaum, aldeia onde Jesus pregou, conquistou apóstolos e realizou muitos milagres.
(**) Virgílio escreveu a Eneida, obra que narra a primeira descida ao mundo dos mortos. Dante, no início da Divina Comédia, anuncia Virgílio como seu guia para a grande travessia: limbo, inferno, purgatório e céu.
Fim do capítulo 6
Mas sempre é bom lembrar que não mantenho rixa
Com o diabo, que pode utilizar a velha
Fórmula: negociar e acabar tudo em pizza!
Esses comunistinhas me incomodam tanto
Que, qualquer dia, coloco-os no paredão.
E aqui não é Big Brother não, meu caro santo;
Aqui é o Big Boss. Mando sim e não tem perdão.
Escreveu não leu, vai de castigo lá embaixo.
Eu criei o inferno e mal não há em nada que faço.
Ali fracos choram e os valentões se borram.
Vamos ao que interessa, chega de dar sopa
Ao azar! Você sabe como eles me adoram
Em cena e eu não dou nó em prego sem estopa.
- Como, Senhor? Nó em prego? Não posso entender.
- E nem vai, o papai não é pra qualquer um
Entender. Pela audácia, você vai perder
As asas que ganhou um dia em Cafarnaum. (*)
Assim aprenderá que minha DEMOcracia
É tão relativa quanto o Eistein e sua teoria.
Mas, para você não ficar perambulando
Pelas nuvens, de gás vou recheá-lo todinho,
Igual a um balão de festa. E como sempre ando
Com agulhas no bolso, já viu, né, fofinho?
Amarra-o com barbante, volta dois mil anos
No tempo e o entrega a Jesus menino.
Depois ergue-se aos céus, retornando aos seus planos.
Mas Jesus não. Jesus, desde bem pequenino,
Adora passarinhos e, em seu coração,
Guarda um milagre de asas para o seu balão!
Longe dali, seu pai, pisando em nuvens, entra
No Grande Salão Celestial e pede água,
Sabonete, toalhas e um creme de placenta.
Mozart, Buda e Van Gogh, metendo os pés na tábua,
Tomam conta da cena em som, em luz, em cor!
O público, extasiado diante da beleza,
Aplaude, grita, chora e exalta o Criador,
Que, teatral, finalmente, põe cartas na mesa:
- Lavo as mãos na inocência do Wilson Martins!
Diz Deus sob sua coroa de anjos e querubins.
Percebendo o efeito de sua frase, lava
As suas mãos, lentamente, como se quisesse
Ouvir todo o silêncio que se fez do nada.
- Quem leu toda sua obra que tenha a finesse
De subir aqui no palco e fazer uso da toalha.
Diz estendendo as mãos em direção ao público.
Um silêncio ensurdecedor sobre a sala
Cai. Porém, Deus, o todo poderoso e único,
Senhor do Céu, da Terra, criador do universo,
Supremo superior, não dá frente sem verso.
- Eu sempre soube, sei e saberei. Sabiam?
Olhou-os de cima, sem esperar resposta.
- Ninguém, nem mesmo o réu e aqueles que o seguiam!
Só tinha esse motivo ao negar minha porta
Ao Wilson, para que ascendesse ao céu eterno.
Mas quando São Miguel, consolador das almas
Do purgatório, não o quis, pensei no inferno,
Que ia ser minha vida, por perder tais causas.
Satanás, que podia ser minha salvação,
Desliga o telefone após sonoro não!
Fico num mato sem cachorro de dar dó.
E vocês estavam lá para me ajudar?
Nessas horas bem sei, conto comigo e só.
Jogue-o no limbo a pontapés, ouvi falar
No dia de sua chegada, tão inesperada.
É fácil falar faça, fazer é difícil
Até para mim, Deus. Depois que a macacada
Se organizou em sindicatos, meu ofício
Divino perde charme e força, dia e noite.
Falta pouco pra eu fazer uso do açoite.
Mas por hora, basta. Chega de choramingo!
O réu Wilson já tem decretada a sentença.
Lavei as mãos, mas volto atrás: vai para o limbo,
Porém, sem pontapés. Virgílio, em recompensa, (**)
Poderá novamente ir do inferno ao céu,
Como já fez um dia, lado a lado, com Dante.
Quando ele aqui chegar, faremos o escarcéu
Do ano, com abalos e um tsunami gigante!
O Wilson, eu não perderei jamais de vista,
Ele terá mil anos pra ser um artista!
(*) Cafarnaum, aldeia onde Jesus pregou, conquistou apóstolos e realizou muitos milagres.
(**) Virgílio escreveu a Eneida, obra que narra a primeira descida ao mundo dos mortos. Dante, no início da Divina Comédia, anuncia Virgílio como seu guia para a grande travessia: limbo, inferno, purgatório e céu.
Fim do capítulo 6
69 Comentários:
Insuperável, imprevisível, impossível algo melhor.
Fabiano
Jamais imaginei que a história fosse pra onde foi, mas vc sempre faz isso comigo, então não tem novidade. Deus está maravilhoso como um Deus deve ser. Teu texto é inspirado demais para ser só seu.
Tem anjos assoprando no seu ouvido.
Um abraço
Flávio
ahahahahahah
que sacanagem
Beto
A passagem do menino Jesus e o balão é de uma ternura que nunca pensei existir.
Eu te adoro
Leila
Apelou pra Deus mas vai morrer assim mesmo.
O trecho do Jesus menino arrepia até os pêlos da alma.
Lauro Ramos
Hehehehe MSC
vc não tem o que inventar mais, né Thadeu? Tá muito bom, um deus assim todo mundo adora.
Cícero Magalhães
Coisa linda, pela diversão, pela clareza e pela invenção. O Jesus menino dói de tão bonito.
Túlio Neves
Meu queridinho, você fez eu me apaixonar pelo Jesus Menino. É maravilhoso, um milagre para os olhos poder ler algo assim.
Janete Mendonça
O lirismo da parte do Jesus menino é antológico, nem Casimiro de Abreu chegou lá.
Rômulo da Costa
Ouvi falar e vim conferir. Realmente é maravilhoso o seu blog.
Fabiana Lima
Você não tem limites, é foda.
Hélio Salinas
Ele é foda mas vai se foder.
Marcando presença no Ibope e dando o seu depoimento favorável à canonização do polaco.
Nelson Frommer
Um Deus que dá pra gente abraçar.
Um menino Jesus que é um milagre.
Deus te abençoe.
Maria Luíza
|Porra, Thadeu, tenho o maior orgulho de ser seu leitor e de estar aqui com você desde o começo.
É genial poder participar da tua loucura.
Abraço
Dalton
Me diverti muito.
Bj
BB
Vc brinca mas não ofende e isso é realmente genial.
Lucas
Bravo, bravíssimo.
Deus é absolutamente genial.
Alberto Ferreira Filho
Legal
Juca
Divertido e encantador.
Estou divulgando seu blog aqui em Volta Redonda e o pessoal está se ligando na tua lírica.
Abração
Arthur Fialho Netto
não vou dizer simplesmente genial... nem absurdamente genial... cara, isso é genialmente genial... abraços, mestre. leprevost
Não há grandes mudanças de enfoque e de concepção em nossa literatura. O mais importante talvez seja o enfraquecimento evidente do regionalismo. Nossa tendência sempre foi regionalista, mas agora ela está desaparecendo em favor de uma visão mais universal. Os poetas de hoje não têm mais a visão regionalista que tinham, por exemplo, os poetas do modernismo. Eles deixaram as questões locais de lado e passaram a tratar os grandes temas humanos. Na ficção, ainda que em menor intensidade, essa mudança também pode ser detectada. Veja um escritor como o gaúcho Assis Brasil. Ele está escrevendo uma verdadeira história social do Rio Grande do Sul, mas rompe com a tradição porque não se detém em um enfoque puramente regionalista. O mesmo se passa, aqui no Paraná, com um romancista como Cristóvão Tezza. Romances como Trapo e o recém-lançado Uma Noite em Curitiba são excelentes exemplos dessa mudança de rumo em nossa produção contemporânea. Tezza dá um passo além em relação ao que fazia, por exemplo, um Érico Veríssimo. Mas isso não ocorre apenas aqui no Sul. A literatura brasileira, como um todo, está se abrindo para um enfoque mais universal. E isso é muito bom.
(Wilson Martins)
Jô Soares e Chico Buarque podem escrever qualquer coisa, que serão sempre lidos. Eles, a rigor, não podem sequer serem considerados escritores profissionais. E também, é bom que se diga, não se espera que seus livros revolucionem literatura alguma. Posso falar de Chico Buarque, de quem já li Fazenda Modelo e Estorvo. Fazenda Modelo é apenas um recozimento de Family Farm, de Georges Orwell. Estorvo, por sua vez, é o recozimento de Zero, de Ignácio de Loyola Brandão, que aliás é um livro bem mais interessante. A relação entre Estorvo e Zero é tão escandalosa que me espanta como,na época do lançamento de Estorvo, nenhum resenhista tenha a ela se referido. É a mesma temática e, muitas vezes, apresenta os mesmos episódios. Chico Buarque é um grande músico, mas como escritor é apenas um autor de segundo cozimento. Ainda não li Benjamin, mas estou curioso para ver de onde ele o tirou. Não creio, sinceramente, que Chico Buarque tenha muito futuro como escritor.
(WM)
Nos últimos quatro ou cinco anos, nas universidades brasileiras, parece se anunciar uma reação a esse culto da teoria pela teoria. A verdade é que essa onda da teorização se esgotou e está na hora de voltarmos aos estudos clássicos da crítica literária. A ênfase na teoria criou, porém, uma espécie de vazio intelectual. Os estruturalistas não se interessam por nada que esteja fora de suas teorias. Só agora se começa a substituir o estudo da literatura isoladamente pelo estudo dos contextos culturais em que ela aparece. É exatamente isso o que fiz na História da Inteligência Brasileira; por isso é história da inteligência, e não história da literatura. Acho que essa tendência, que começa a reaparecer, é muito interessante. Na juventude, eu estudei Direito. Há um provérbio que aprendi na faculdade de que gosto muito e merece ser citado: "Quem sabe só Direito, não sabe nem Direito". Eu tocaria, apenas, a palavra Direito por literatura. "Quem sabe só literatura, não sabe nem literatura". No contexto anterior, os escritores escreviam para os críticos e os críticos escreviam para eles mesmos. Havia um enorme vazio, que agora começa a ser preenchido.
(WM)
O crítico é o sujeito que escreve sobre a literatura corrente e que se expõe no fogo nas novidades. Ele põe seu pescoço à prova, expõe suas opiniões e pode acertar ou errar. São célebres os grandes erros cometidos por críticos de prestígio; eles são, apenas, o ônus da profissão. O ensaísta literário, ao contrário, escreve sobre os grandes autores do passado, sobre as grandes tendências. Não fazem, a rigor, crítica literária. Você não pode, hoje, fazer a crítica de uma peça de Shakespeare, ou de um romance de Thomas Mann. Esses autores estão acima da crítica, acima das considerações a respeito do bom e do ruim. Eles se tornam, apenas, bjetos de ensaio literário. O ensaísta pode repensar os grandes temas, retraçar as grandes linhas, mas não vai escrever para dizer se tal romance de Machado, ou de Faulkner, é bom ou ruim. Hoje temos, de um lado, os ensaístas preocupados com o passado; de outro os resenhistas voltados para o presente imediato. Críticos, mesmo, não temos mais.
WILSON MARTINS
Maravilhosamente cômico.
Aninha
Tá perdendo tempo aqui nessa bosta de cidade, cara. Teu texto é bom demais, fica jogando pérolas aos porcos e ouvindo asneiras de um bando de retardados. Vc merece coisa bem melhor.
Abraço de seu amigo
Adriano Calazzo
Está ótima a novelha.
Bj
Beatriz Regina
Um tipo de Wilson.
Meu grande poeta, li três vezes o capítulo 6, sua última criação, e, entre gargalhadas e suspiros, deixei-me levar pelo enredo jocosamente irônico entremeado por momentos de profundo lirismo. A necessidade de entender o texto levou-me diversas vezes a recorrer a ele mesmo para desvendar algumas chaves importantes e que demonstram claramente a riqueza do autor. Várias são as situações, porém, a que me chamou decisivamente a atenção foi
“As asas que ganhou um dia em Cafarnaum”.
Fica claro que Deus faz uma referência a um discípulo de Jesus, provavelmente a João, por quem ele tinha enorme carinho. Alguns versos depois se revela toda a beleza espiritual de Jesus e a enorme liberdade de sua forma de sentir e agir, que não é a mesma do Deus, seu pai.
Enquanto seu pai tira-lhe as asas, transforma-o num balão de gás e o dá para seu filho (Jesus com 7 anos) brincar, depois de voltar o tempo em 2000 anos, Jesus, ao contrário,
vê o futuro e neste futuro vê novamente seu discípulo com asas. A narrativa, apesar de extremamente curta, é de um lirismo maravilhoso e despertou em mim profunda emoção.
A estrofe começa após a retirada das asas do anjo e Deus, apesar do bom humor do texto, bastante impiedoso:
“Mas, para você não ficar perambulando/Pelas nuvens, de gás vou recheá-lo todinho,/
Igual a um balão de festa. E como sempre ando/Com agulhas no bolso, já viu, né, fofinho?”
O narrador assume:
Amarra-o com barbante, volta dois mil anos/No tempo e o entrega a Jesus menino./
Depois ergue-se aos céus, retornando aos seus planos./Mas Jesus não. Jesus, desde bem pequenino,/Adora passarinhos e, em seu coração,/Guarda um milagre de asas para o seu balão!”
Sem dúvida o verso final extrapola tempo/espaço/matéria/espírito e dá a Jesus, ainda menino, a dimensão que o seu saber teria na idade adulta. Reforçam essa espiritualidade a rima coração/balão e a relação semântica “adora passarinhos” x “milagre de asas”. Um milagre de beleza, sentido e encantamento.
Contrastando, o deboche é a tônica do texto, que ridiculariza e escarnece das situações que vivemos em nosso dia a dia.
“Lavarei as mãos na sua inocência./Tragam-me uma bacia com a marca Pilatos,/
desse modo aproveito para dar assunto/aos críticos, aos biógrafos e engole-sapos
como vocês.” Meu lap top!,
Preciso de umas frases de efeito do estoque.
...
“Vou passar os e-mails com um vírus novo,/Que acabo de criar. Caos será o nome, aliás. Vai ser bem divertido ver todo esse povo/Formatando suas máquinas e em Satanás
Jogando a culpa. Ih, ih, ih, eu sou diabólico!”
- A casa está lotada, senhor, acredite,/Mas já há um movimento dos sem convite!//
- O quê? O MSC está à minhas portas?
Sou moderno,/E também sou aberto a uma nova idéia,/Mas sempre é bom lembrar que não mantenho rixa/Com o diabo, que pode utilizar a velha/Fórmula: negociar e acabar tudo em pizza!
Esses comunistinhas me incomodam tanto/Que, qualquer dia, coloco-os no paredão.
E aqui não é Big Brother não, meu caro santo;/Aqui é o Big Boss. Mando sim e não tem perdão./Escreveu não leu, vai de castigo lá embaixo./Eu criei o inferno e mal não há em nada que faço.
Há também a utilização de brincadeiras visuais
Assim aprenderá que minha DEMOcracia/É tão relativa quanto o Eisten e sua teoria.
Os grandes shows
Longe dali, seu pai, pisando em nuvens, entra/No Grande Salão Celestial e pede água,
Sabonete, toalhas e um creme de placenta./Mozart, Buda e Van Gog, metendo os pés na tábua,/Tomam conta da cena em som, em luz, em cor!
O glamour dos grandes astros
O público, extasiado diante da beleza,/Aplaude, grita, chora e exalta o Criador,/
As brincadeiras entre o divino e o demoníaco são uma constante
Mas quando São Miguel, consolador das almas/Do purgatório, não o quis, pensei no inferno,/Que ia ser minha vida, por perder tais causas./Satanás, que podia ser minha salvação,/Desliga o telefone após sonoro não!
O novo mundo com todas as suas dificuldades, os movimentos de massa
Depois que macacada/Se organizou em sindicatos, meu ofício/Divino perde charme e força, dia e noite./Falta pouco pra eu fazer uso do açoite.
A indiferença divina ao destino humano
Quando ele aqui chegar, faremos o escarcéu/Do ano, com abalos e um tsunami gigante!
E finalmente o poema/capítulo, nos seus dois últimos versos, mostra toda a sua intenção de fazer justiça com os próprios versos. Aquele que fez da crítica, uma arma apontada para os artistas, agora terá que enfrentar a situação oposta. Deus, com grande sabedoria, reconhece a distância entre um e outro e, piedoso:
“O Wilson, eu não perderei jamais de vista,/
Ele terá mil anos pra virar artista!
Um texto digno de um grande artista, meu poeta, espero que não o tenha chateado pelo, um tanto longo, comentário. Mas é de coração.
Eduardo Monteiro Santos
Não acredito que o Wilson Martins tenha postado o artigo acima, em suas 4 partes. Primeiro porque nada tem em comum com o que aqui se propõe. Segundo porque me parece completamente desfocado e superficial. Terceiro porque não creio que o Wilson seja tão paradoxal em suas colocações. Porém, como não conheço tudo que o Wilson escreveu em seus milhares de artigos, não posso afirmar categoricamente que o texto não lhe pertença. Se sim, talvez, seja por esse tipo de coisa, que se formou uma grande oposição à sua obra. Se alguém (quem postou) quer demonstrar que o Wilson tem coisas ótimas e de bom calibre, eu posso recomendar.
Quando vc vai pelo lado do humor, você arrepia. Bom mesmo.
Adílson Santana
Divina Loucura!
Ab
Renato O. Quirino
Adoramos.
Cada vez mais fãs
Paulo Marques Sobrinho
Clarissa Mota Marques
Isso aqui vai pegar fogo, está ficando muito interessante a história.
Comendo os dedos
Antonio Carlos Sampaio
Milagre é esse texto. Não lembro quem disse, mas tem anjinho soprando no teu ouvido.
Carla Pontes Macedo
Pra mim, este foi o melhor de todos.
Pelo menos, o mais criativo.
Deus está divino, Jesus, um Deus.
Abraço e parabéns
Orlando Moreira Ribas
Quanta heresia!
Lindo, engraçado e profundo.
O texto tem tudo.
Mário Bordignon
manheeeeeeeeeeee!
manheeeeee!
olha ...
cade nene!
maeeeeee!
Tem cada idiota nesses comentários que dá dó.
Mara
Obrigado, Eduardo, por esse esforço sobre-humano que vc faz para provar que eu tenho algum valor. Eu não mereço tanto.
Com o carinho afetuoso
do
Thadeu
Magnífico, um deus para se tirar o chapéu.
Paulo Campos
Meia-boca.
Chunda
Bonzinho!
Loxas
Maravilhoso!!!!
Mário
To-lhe tacando
Um processo nas costas
Meu filho.
Vá separando o dinheiro,
Se é que me entendes,
Ou peça penico financeiro
Para os herdeiros do Leminski
- Que tanto defendes -
Para arcar com as custas
Do estrago legal
Que farei nas suas fuças!
WM
(Errata:
Desculpe aí, Tadeu. No email anterior cometi algumas gafes digitais. Vai de novo, agora com a obra completa.)
To-lhe tacando
Um processo nas costas
Meu filho
Da Puta
Vá separando o dinheiro,
Se é que me entendes,
Ou peça penico financeiro
Para os herdeiros do Leminski
- Que tanto defendes -
Para arcar com as custas
Do estrago legal
Que farei nas suas fuças!
WM
A Palavra Escrita: História do Livro, da Imprensa e da Biblioteca
Por Wilson Martins
A história do homem ocidental é, em última análise, a história do livro. Tudo o que se fez até hoje, desde os tempos pré-históricos, mas sobretudo a partir da Antiguidade, tem encontrado no livro, na palavra escrita, a sua interpretação, o seu programa ou a sua glorificação. O texto foi, dessa forma, se identificando cada vez mais com a própria civilização. Em A palavra escrita, de Wilson Martins, o leitor poderá acompanhar toda essa trajetória, desde os pictogramas até o livro contemporâneo, com o destaque de temas como as bibliotecas antigas e modernas, os manuscritos medievais, a evolução das técnicas de impressão, os direitos autorais e a legislação, dentre muitos outros. Fonte de consulta imprescindível nas áreas de ciências humanas e sociais, esta edição, totalmente revista e atualizada, apresenta ainda novas ilustrações e um caderno fotográfico especial. Esta é a obra mais completa neste gênero em nossa língua. Escrita pelo que seria o mais legítimo representante da crítica literária brasileira.
Falaí, Thadius, MacGregor na área: cara, manda ver que o texto tá punx! Visita de médico, brou, mas na sequência, em vez de passagem, uma temporada!
Abração,
Carlos MacGregor
Coisa fina, a história toda tá um tesão.
Danilo
venha, homem de Deus
além de não levar os meus
eu te deixo sem os seus
Venha mesmo, Mac Gregor.
Grande abraço
Detonando, hem Polaco?
Cobaia
O bom desse blog é que me obrigou a ler textos enormes, fazia tempo que eu não fazia isso. Apesar da tinta que eu estou gastando, estou gostando. Não consigo ler no visor, fico com dor de cabeça. Estou fazendo um calhamaço com as coisas do seu blog. Um beijo.
Renata Vasconcelos
Ninguém merece um Deus assim tão cruel. Vai tomar no c*
Gostei imensamente do que li. Mas gostaria de ver essas duas novelhas em livro, p q vc não as publica? Poderiam ser ilustradas, o que daria um charme a mais. No nordeste, tem muita coisa parecida tipo cordel, que tem ótima aceitação. Que tal?
Loreno Guimarães
Eu também.
Leandro Lima
Pau, Thadeu, vamos lá, cadê o 7? Sofro do coração, meu jovem.
Beto
para virar artista são mil anos. e os mefistófeles, quantos?
um abraço, gerson.
Será que em mil anos ele consegue?
Tô te achando muito otimista, Polaco.
Nelsinho
Em seu apce de ilucides, as pessoas entram em alfa, escrevendo as mais diversas informações q surgem naquele exato momento. Algumas conseguem colocar cada palavra, cada frase em seu legítimo lugar outras ñ.
Thadeu você consegue fazer as duas coisas ao mesmo tempo.
Só para t lembrar quem sou eu.
Campanha politica de Nova Mutum - MT ( jacson Cinegrafista)
Um Abraço
Grande Jacson, bom te ver por aqui.
Provavelmente estaremos o ano que vem aí no Mato Grosso para mais um grande vitória.
Ab
Thadeu
Ai, Thadeu, que expectativa!
Pelo amor de Deus solta o 7.
Bj
Leila
Não tenha pressa, faça o que tem que ser feito.
Fabiano
Pessoal, estou trabalhando e sem tempo para escrever. Sexta, 21 h, estréia o capítulo 7.
Valeu?
Abraços
Thadeu
Grande idéia, gostei especialmente do 4 e desse. Muito bons.
Alceu de Andrade
Que texto genial, polaco.
Li do primeiro ao sexto numa pegada de hora e meia.
Estarei aqui sexta, às 21 h, vivo ou morto,
Toaldo Milazi
Como você é loco, polaco. Deus me livre! Você escreve cada coisa estranha, onde já se viu?
Papa João XXIIII
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