3 poemas de Ivan Justen
MEU AMIGO, O POETA BATISTA DE PILAR
Meu amigo, o poeta Batista de Pilar,
entra no bar como quem sai de casa,
como quem está prestes a assobiar
a última canção.
— Pare com a cachaça,
Batista! eu digo, ao lhe passar o copo,
e apenas um olhar dele me arrasa
e se for pra beber todas logo eu topo.
E então bebemos toda a madrugada
e declamamos todos os poemas, sem
pestanejar.
— Batista, não devemos nada,
eu digo, não devemos nada a ninguém!
E ao ver a minha frase assim, errada,
Batista sai do bar só com uma ponta
de alegria,
Meu amigo, o poeta Batista de Pilar,
entra no bar como quem sai de casa,
como quem está prestes a assobiar
a última canção.
— Pare com a cachaça,
Batista! eu digo, ao lhe passar o copo,
e apenas um olhar dele me arrasa
e se for pra beber todas logo eu topo.
E então bebemos toda a madrugada
e declamamos todos os poemas, sem
pestanejar.
— Batista, não devemos nada,
eu digo, não devemos nada a ninguém!
E ao ver a minha frase assim, errada,
Batista sai do bar só com uma ponta
de alegria,
e eu fico pra pagar a conta.
INSTRUÇÕES PARA MORRER BEM NUM AVIÃO
"caio verticalmente e me transformo em notícia"
Carlos Drummond de Andrade
I – Suba a bordo. Comissárias sorridentes
ajudarão a achar seu lugar marcado.
Inevitavelmente ali logo a seu lado
haverá mais coadjuvantes inocentes.
II – Decole para a morte tranqüilamente:
Pense no destino dançando um fado:
diante disso assistir assim assustado
é sofrer enfermo esse fim bem em frente.
III – Sofra, ao inverso, com bastante alegria,
e com muita pena pela leveza de um dia
na vida de aves que só tem mais um mês.
IV – Agradeça ao piloto que enfim decide o
seu final sem suicídio ou homicídio,
e pra variar pode pousar dessa vez.
Tigre!
tigre! tigre! bêbado biltre
nos botecos de Curitiba:
que imortal garrafa vai
revelar-te a arte de ser pai?
em que longínquos cafundós
cantaste tuas notas a sós?
com que asas tua mãe ascendeu
do fogo que lambeu jezebel?
e qual belzebu e qual urubu
tornaram tua sampa um sampaku?
e quando teu sul trilou em ré
quem desculpou? quem foi? quem é?
que neurônio? ou qual martelo?
martelaram teu cérebro belo?
quanto é o joio? quanto trigo
gasta este grotesco e triste amigo?
quando o mar cansou das ondas
e veio molhar todas as bundas
alguma delas sorriu de me ver aqui?
posso? ou a tigresa é só pra ti?
tigre! tigre! bêbado biltre
nas bodegas de bom alvitre:
que imortal dosagem vai
tornar tua poesia haicai?
Ivan Justen Santana
6 Comentários:
curitiba é o mar da poesia
e thadeu é a praia do mar da poesia de curitiba
E daí, Norton, onde vc andava?
Cumé que tá essa Fortaleza? Cadê minhas lagostas? Cumé que tá o blog.
Atenção, pessoal, dêem uma olhada no www.ceudonorte.blogspot.com
Grande abraço, Norton e a todo pessoal do Ceará.
Gostei, Thadeu. Não há dúvida que o rapaz tem talento. Fico estressado às vezes quando penso que podem existir dezenas de outros, em várias áreas, que jamais vou conhecer. Nosso país é decepcionante na área cultural, tomara que proliferem outros blogs como esse. Parabéns pela belíssima página Mar.
Roberto Trompowski
grrrrrrrrr:
o poema do tigre tem que ser revisado (foi culpa minha de ter mandado um arquivo velho...)
o verso:
e veio molhar todas as ondas
deveria ser:
e veio molhar as tantas bundas
no verso seguinte:
alguma delas sorriu de me ver aqui
deve-se extrair a palavra "delas" que está sobrando e engordando o versículo...
e finalmente, eu devia estar muito surtado quando deixei escapar o ritornello do poema, que remete ao poema do tigre de William Blake: as alterações têm que ser mínimas em relação à primeira estrofe, mantendo a "simetria estranha" do bicho, assim:
tigre! tigre! bêbado biltre
nas bodegas de mau alvitre:
que imortal dosagem vai
revelar-te a arte de ser pai?
(edita logo isso, Thadeu!: mas enfim, bom comentar isso em aberto, é como abrir a oficina da poesia aos curiosos...)
Se vc concordar, Ivan, fica como está. A tua explicação é papa fina.
E se o poema fosse corrigido, o que faríamos com seu comentário?
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