polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

quarta-feira, setembro 28, 2005



Lua

ó lua, ó, lua/nunca te vi mais bela/
linda assim/ você parece ela

Tão longe, Tão perto

A Win Wenders

Vista assim da Terra mais parece o céu esparramado no chão. A Lua lá longe só perturba. Manda nas marés. Cresce ou cai cabelos. Uiva os cachorros. Dá pêlo em lobisomens. À noite, cheia de si, dobra as doses de barbitúricos pelos hospícios. Arrasta redes de peixes às mancheias. Em tudo ela mete a sua colher prateada, desde o signo da gente até aqueles dias da mulherada. Mas uma coisa é certa: se a Lua fosse pro espaço, fechava o tempo na Terra. Sentiríamos saudades até da última cratera, bem ao contrário do que pensa o nosso bom e velho Wilson Martins.


lua de fazer rir
nem os meus cobertores
querem dormir

Antonio Thadeu Wojciechowski


plenilúnio

hoje a noite é de lua
cães uivam cada um pra sua
lobisomens trocam de pêlo
hospícios dobram doses de barbitúricos
mares empurram as terras mais firmes

o que uma pobre lua tem a ver com isso?
é que a lua é o anjo da guarda da Terra
cheia de si, míngua; quanto mais nova, mais cresce
assim como diante desse luar
todo este lunático papo se esquece

Antonio Thadeu Wojciechowski e Sérgio Viralobos


Luar Zen

que céu
que mar
que lua
que nada

Antonio Thadeu Wojciechowski


lua cheia
se lhe pões um cabo
que leque!

Buchô




a lua da montanha
gentilmente ilumina
o ladrão de flores

Issa



uma lua

existe quem tenha duas
boiando num promíscuo
céu estranho
ou três ou quatro
ou muitas de todo tamanho
ou até quem sabe mais bela
eles que fiquem com as suas
não quero outra, só ela
luz cantante, leite de sereia
simples lua e meia
a minha é aquela

Roberto Prado


nasci com olhos pra lua

eu e a lua somos assim
eu não subo, ela não desce
mas nos adoramos sim

Antonio Thadeu Wojciechowski


cem anos atrás

bate o meu coração acolá
e o seu sangue azula
seu coração bomba lá
e o meu sangue circula

às vezes olho pro céu
onde o sol não flutua
e até as nuvens, ó céus,
compõem sua figura

outras, olho pro mar
com o olho da rua
quero amor e amar
cansei de amargura

nesta manhã lunar
(o seu olhar me inaugura)
porque não aterrissar
neste que é seu, sua lua?

Marcos Prado

mundo da lua

que tudo evolua
a minha, a tua
o nosso lugar na lua
o nosso luar no mundo da lua

Antonio Thadeu Wojciechowski

2 Comentários:

Às 04 outubro, 2005 , Anonymous Anônimo disse...

Quantos anos tem tua poesia, poeta?
Quantos amores tem teu coração?
Se tudo que disseres pelos teus
pode ser usado a teu favor,
pelo amor de deus,
não nos deixe sem amor.

Paulo Riciotti

 
Às 04 outubro, 2005 , Anonymous Anônimo disse...

Se a outra, a da lua, deve virar cartilha em todas as escolas, essa precisa ser colocada como prefácio da Constituição e ser leitura obrigatória nas missas.

Roberto Prado

PS
Thadeu, você notou que o poema do Issa saiu em duas diferentes traduções nas duas páginas? veja aí:

a lua da montanha
gentilmente ilumina
o ladrão de flores

Issa


estrelas da montanha
iluminem também a mim
o ladrão de flores

Kobayashi Issa (Japão, 1763/1827, tradução de Roberto Prado)

 

Postar um comentário

Assinar Postar comentários [Atom]

<< Página inicial