polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

sexta-feira, setembro 29, 2006




Longo Circuito


Sou um som que anda se ouvindo por aí,
Metade do dito me alegra muito,
O resto é música no meu ouvido,
Trilha para as idéias que hão de vir.

Meus pensamentos adoram aqui,
Aqui é o que há, separa o que rejunto,
Daqui mesmo eu lá chego junto,
Já vi tudo, vejo tudo bem daí.

Claro! É isso! Só podia ser!
Dos meus cinco sentidos é do sexto
Que mais eu sinto a falta sem querer.

Por falar nisso, isso serve de pretexto.
Estou noutra e não é de hoje, ok?
Eu, assim mesmo?! Foi o que pensei.

Antonio Thadeu Wojciechowski




quarta-feira, setembro 27, 2006







Biranights no Rio

Depois de 28 anos de casados
Descobri que ela não me amava
Como eu a amava mais que à vida
Já não conseguia conviver nem comigo mesmo
Por isso embarquei para o Rio de Janeiro
Por acaso, faltava uma semana para o carnaval

Hoje moro a 100 m de Copacabana
Toda minha tristeza morreu na praia

Thadeu e Édson


Era dunga 3

Vamos pisotear nas viúvas do parreira
Chega de cozinhar o Zagalo
Cafuné só no pé do pelé
Zidane chapelou pela meia
A desfaçatez foi dez
Perdemos por pouco
Muito pouco
Pouco mesmo

Capelta, Edílson, Thadeu, Sérgio

Bombeando, atarantado

Um grande amor não é fácil de achar
Passei a vida a procurar
Acabei me perdendo também
Chegando ao fim eu fui além

Tontas disseram que me amavam
Que lá pelas tantas saí do sério
No corpo a corpo, elas se fartaram
O amor é o único mistério

Ó meu amor que eu nunca vi na vida
Infarto miocárdico foi festa despedida

Thadeu e Magoo


Cabeça nas nuvens


Um verso quando nasce põe a mão no coração
Cinzas de estrelas se esparramam pelo chão
O poeta é um desgraçado em erupção
Lava-me, petrifica-me, estatua-me, vulcão

Deixa-me sozinho, anônimo, pedra vesuviana
Pra tudo acabar em pizza napolitana

Thadeu, Magoo


Narciso de Bunda Suja

Nasceu velho e sem pudor nenhum
Exibicionista que nunca se enxergou
Amigo público nº 1 de si mesmo
Mas morreu sem rir da última piada, triste,
Com todo o peso da irresponsabilidade

Thadeu, Édson, Capetão


Lógica Curitibana

Não há flores no vaso sanitário do resgate social
Curitiba te come belas beiradas
A tônica aqui é o ponto final
No cemitério se ouve o clamor das frases cortadas

Thadeu e Édson


Remanescentes da folia

Agora que já sou quase sessentão
Em plena idade do lobo espumante
Gelado, seco, suave ou frisante
Borbulho de amor por você

Thadeu e Edson



Metamorfose ambulatorial

Meu papagaio é preto
Dorme de ponta cabeça
Chupa sangue
Fica morcegando o dia inteiro
E quando sonha pensa que é o Batman


Thadeu e Édson




Escrituras Editora e Espaço Cultural BRDE
convidam para o lançamento do livro

HAIKUAZES
de
Hamilton Faria

Sexta-feira, 29 de setembro de 2006
a partir das 19h
no Espaço Cultural BRDE
Palácio dos Leões
Av. João Gualberto, 530 - Curitiba/PR

Participação do compositor Daniel Faria
Grupo instrumental de Jazz

Um pouco sobre.


Nestes Haikuazes o poeta Hamilton Faria apresenta sua visão poética do mundo e traça sua cosmovisão, de maneira transparente, límpida como a água. “Deus me deu a loucura /de brotar da palavra/ água pura”. O poeta conecta-se com um caminho que lembra os haicais, mas traz desse gênero apenas o espírito. Logo, Haikuazes ― seu poder de síntese de dizer muito em poucas linhas e com força poética. Estes textos mínimos compõem um universo de emoções onde o poeta solta seus rios e eles se bifurcam em pequenos fios cristalinos que, por sua vez, transformam-se em viagens sonhadas. Assim vai construindo um cosmos habitável poeticamente, remando com encanto, contra a maré de um mundo árido e sem oásis.
Na última parte, poemas mínimos, batizados como Hais: pequena unidade formal, mas imenso vigor poético: sempre um lampejo abrindo para mundos a serem descobertos.


Hamilton Faria é curitibano e reside em São Paulo há 28 anos. Escreveu cinco livros de poesia (Diavirá, 1977; Estações, 1983; Cidades do Ser, 1988; Encântaros, 1995; Súbitos Encantos para São Pedra e Espanto, 2000) e participou de doze antologias no Brasil e no exterior. Considera que o poema deve ultrapassar o estado de livro. Assim, realiza, desde os anos 70, recitais e leituras poéticas, percorrendo centros culturais, universidades e eventos no Brasil e em vários outros países. Tem diversos textos e poemas traduzidos para o francês, o inglês e o espanhol. Em 2003, publicou, na Índia, o livro Re-enchanting the World com o poeta Pedro Garcia. Em 2006, recebe, em Paris, o prêmio da Société Académique des Arts, Sciences et Lettres, pelos relevantes serviços prestados às Artes, Ciências, Letras e Cultura em geral.


O ilustrador:

Marcelo Bicalho é designer e professor de História da Arte na Escola de Design da UEMG, atuando há vinte anos como ilustrador editorial. Como artista plástico, expõe regularmente suas esculturas em papel, mantendo ateliê em Belo Horizonte, MG. Foi por duas vezes premiado no 3Dimensional Illustrators Awards – USA. Em 2005, estreou como autor na literatura infantil com Eu Queria Ter um Urso (Ed. Paulinas).



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Escrituras Editora

Rua Maestro Callia, 123 - Vila Mariana
04012-100 - São Paulo-SP
(11) 5082-4190
http://www.escrituras.com.br/

segunda-feira, setembro 25, 2006






DEUSA A DEUS

Nem bem na mesa a ceia é servida
Jogo a toalha branca em prol da paz.
Agora que sei pra que serve a vida,
Eu faço versos como quem desfaz.

Os convivas brindam vivas ainda;
Só eu, a contragosto, digo mais:
"A festa está que está, mulher, bem-vinda!
Vamos comer, beber, dançar iguais.

Tenho comigo você, Deusa amiga,
Que nunca desaponta a ponta do prazer,
Tampouco pede pra eu pagar pra ver

Se o populacho continua a intriga."
- Amado, diz a Deusa, o céu nos cai
Como uma luva cai. Levanta e vai!


Thadeu W e Ivan Justen


sábado, setembro 23, 2006



Soneto para o equinócio


Deixe que a primavera então se alastre,
Agora que o inverno se despetala.
Amor e filosofia na mesma sala:
Simone de Beauvoir e Jean Paul Sartre.

Coloque cada qual com seu contraste
E até a língua dos anjos perde a fala,
Diante do colóquio que se instala:
O amor é lindo mesmo no desastre.

Quanto de nós se esvai em cada beijo
Ao final feliz de um filme-catástrofe?
O gostinho me faz cair o queixo,

Um pouquinho mais de tesão e castro-me.
Abre-se a estação: o frio já vai tarde.
Temo que meu fogo apague apesar de.

Thadeu W e Ivan Justen

sexta-feira, setembro 22, 2006





ficha da vez


A gostosinha posou nua
Na casa do caralho do playboy
A menina escorria de bode
No colo do bookmaker

Arriscando no jogo da velha
Mais uma porca na roleta
Que por não saber blefar
Afundou no bridge

E depois de um belo de um pifão
Adeus, cabaço, no canastrão


Cobaia, Édson de Vulcanis e Thadeu W








Se for pra falar merda, engula


Estamos de volta ao precipício
Neste coliseu de cerveja
Erguemos a mão desde o início
Contra a atual lógica sertaneja

Sobre o mausoléu de Inezita Barroso
O lançamento de coroas de flores foi estrondoso


Thadeu W e Edílson del Grossi






quarta-feira, setembro 20, 2006





brasil século XXI



baratas existenciais
chatos filosóficos
lampréias demagogas
ácaros alérgicos
aranhas da imprensa marrom
roedores religiosos
cães rateando ossos
enquanto a gatarada
leva tudo que pode

Thadeu W e Édson de Vulcanis



terça-feira, setembro 19, 2006




nível de periculosidade

quanto uma bactéria pode ser nociva?
esta mariposa por quanto tempo continuará viva?

o conhaque vai acabar
e isto me entristece um pouco
quanto tempo viverei neste bar
até estar morto?

70 cigarros por dia é mortal?
será que hoje é natal?

Thadeu W e Marcos Prado

sábado, setembro 16, 2006


Dia de festa para o meu coração. Minha filha Alua, na foto, à direita,
se forma hoje em Pedagogia.
A alegria é dupla, pois além de se formar, a sua monografia fez furor
e vai ser apresentada em outras universidades.
À esquerda da foto, a Paola, que também está vibrando com o sucesso da irmã.
Ela está no 3º ano de Direito na PUC.
Então um brinde à Alua e vamos à festa.

sexta-feira, setembro 15, 2006

o cigarro está me matando de saudade

anteontem no ano passado
meu dedo estava amarelado
preciso de um vício novo
bombom, caracu com ovo
bingo, corrida de cachorro louco

ai que saudades da minha querida nicotina
e do meu velho e bom arcatrão
e da porvinha do paperzinho que fazia
catarrinho, cosquinha no meu purmão

(thadeu w, trindade, cobaia, rodrigo)




segunda-feira, setembro 11, 2006





Discurso amoroso da paixão

Nada é tão incrível
Quanto o ardor de uma paixão
Tenho fé no amor
Nem por isso deixo de sofrer
Enxugando sete vezes
Sete lágrimas de solidão

Perdi a conta quando achei
Que você não me amava mais
Meus ais pareciam desiguais
Aos seus humores mensais
Não, teu nome ainda pulsa
Se ouço o som do sopro
Do meu coração!


Édson de Vulcanis, Ivan Justen, Thadeu W




quarta-feira, setembro 06, 2006

Marcos Prado, Eu e o Márcio Goedert Cobaia. Na foto 33, 44, 22 eram as nossas idades.



O Marcos Prado foi um amigo muito especial. Durante os quase 20 anos de convivência, produzimos muita coisa em parceria. Era muito comum pegarmos um tema e, em versos, transformá-lo em poemas ou canções. Iniciando as homenagens aos 10 anos de sua morte, até o dia 15 de dezembro, dia do seu nascimento, vou postar algumas de nossas parcerias.



Perfume


Ao olfato cabe o específico
Detectar do aroma exato.
Na memória, um objeto explícito
Ganha cor, gosto, som e tato.

Se na mente o odor não está contido,
É natural que gere uma química fascinante
E o organismo vibre em busca do sentido
Que, fluido, foge à razão volatizante.

Mais do que esse poema, o perfumista diz:
“Do profundo abismo ao inascessível penhasco,
Colhi o que está bem debaixo do seu nariz:
A natureza, em corpo e alma, neste frasco!”

Antonio Thadeu Wojciechowski e Marcos Prado

segunda-feira, setembro 04, 2006




Aqui em casa, acontecem coisas muito estranhas. Numa dessas festas que surgem do nada,
o Ferreira surgiu com a idéia de fazer uma versão para uma canção do Frank Zappa.
Rapidamente baixamos a letra na Internet e o resultado é esse aí,
já devidamente gravado pelo
Maxixe Machine.




CAMARADA GRILO

ELE É O CAMARADA GRILO
SEM-VERGONHA SEM ESTILO
BEBE TODAS, COME A QUILO
SÓ PRA SE MANTER TRANQÜILO

SEU MUNDO NÃO FAZ MAIS SENTIDO
TOMAR UM PORRE É NATURAL
SEU LAR É O VELHO BAR DO LINO
ONDE É SEMPRE CARNAVAL

VEZ EM QUANDO ANDA SOZINHO
SEU NORMAL É NO PLURAL
SÓ DEITA COM O SOL A PINO
LEVANTA SEMPRE MUITO MAL

(refrão)

TINHA UMA COBRA D’ÁGUA DE ESTIMAÇÃO
QUE ELE ESTUMULAVA PRA VIRAR COBRÃO
DIA SIM DIA NÃO AGIGANTAVA O ANÃO
ELE SÓ DESEJAVA SER FELIZ E SORRIR

LEVOU RASTEIRA DO DESTINO
NO SEU FUTURO TROPEÇOU
MARCADO DESDE PEQUENINO
COM FERRO EM BRASA DO AMOR

DALI PRA FRENTE SÓ PEPINO
MESMO QUANDO PROMISSOR
SONHAVA SONS DE VIOLINO
MAS É SOLISTA DESERTOR

A VIDA NÃO LHE DEU OUVIDO
TAMBÉM NADA LHE FALOU
CONVIDOU TODOS PRO ESTRIBILHO
MAS NINGUÉM ACOMPANHOU

(refrão)

TINHA UMA COBRA D’ÁGUA DE ESTIMAÇÃO
QUE ELE ESTUMULAVA PRA VIRAR COBRÃO
DIA SIM DIA NÃO AGIGANTAVA O ANÃO
ELE SÓ DESEJAVA SER FELIZ E SORRIR

(Rodrigo, Thadeu, Ferreira, Cobaia, Magoo, Edilson, Chico Capetão,
Catarina, Lilian, Marcelo, Walmor, Bira, Frank Zappa)




domingo, setembro 03, 2006





Ciúme


Arrebento
Arrebento
Arrebento co’a tua cara, vagabunda
Taco uma taquara na tua cara
Armo uma arapuca na madruga
Te amasso e pisoteio
Te amanso à tamancada
Te debulho a boca como um milho
Teus dentes nunca mais como dantes
Te pico na navalha
Abro uma avenida na tua pança
Acabo de uma vez com tua laia
Se você ousar sair de minissaia

Thadeu W, Bira e Ferreira