polacodabarreirinha

Poesia, música, gracinhas e traquinagens

domingo, março 30, 2008


Atendendo a pedidos aí vão as letras do cd Língua Madura que lançamos recentemente.


tenho pela frente a vida inteira

tenho pela frente a vida inteira
mas por favor
um passo de cada vez
faz bem pra saúde do meu coração
tão sofrido de amor

hoje depois de tantas flores que lhe mandei
versos que eu lhe dediquei
eu sei por que meu coração
bate infeliz quando te vê
vendo você fazer um sobrolho pensativo
como se estivesse diante de um morto vivo,
uma alma penada,
sem lembrança do tempo em que foi feliz

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo e bárbara kichner)


o poeta, eu e você

estou desprovido da pena
a caneta está com o poeta
o poeta não sabe o que diz
toda vez que fala é feliz,
é feliz

e toda vez que chora
nada o consola,
seu coração de trapos
numa tarde de frio
que venta, que venta, que venta

o poeta que é poeta
não tira o seu da reta
faz ligação direta
entre eu e você

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo, bárbara kichner e luiz felipe leprevost)

o assinalado

tu és o louco da imortal loucura,
o louco da loucura mais suprema,
a Terra é sempre tua negra algema,
prende-te nela a extrema desventura.

mas essa mesma algema de amargura
mas essa mesma desventura extrema
faz que tu’alma suplicando gema
e rebente em estrelas de ternura.

tu és o poeta, o grande assinalado
que povoas o mundo despovoado,
de belezas eternas, pouco a pouco.

na natureza prodigiosa e rica,
toda a audácia dos nervos justifica
os teus espasmos imortais de louco!

(cruz e souza, antonio thadeu wojciechowski e bárbara kichner)

seguro de vida

não quero nem pensar
não posso resolver
a minha situação de vida

amanhã não sei se há
vai além de mim
está além das minhas forças

se a mesa nos faltar
o que oferecer
de manhã para as crianças

verei no teu olhar
a sentença final
os últimos momentos
do que um dia foi um homem
um dia foi um homem

se acaso eu não voltar
de noite pro jantar
você não se surpreenda

a sociedade é dura
mas alguma ternura
por um defunto tem

fiz um seguro de vida
não tive outra saída
me perdoa, meu bem

fui plantar em terra errada
me traiu a enxada
me perdoa, me bem

tive um revés violento
naveguei contra o vento
me perdoa, meu bem

caí num buraco fundo
me perdi num segundo
me perdoa, meu bem

foi a segunda chance
pro nosso romance
te amo, meu bem


(antonio thadeu wojciechowski e octávio camargo)

língua madura


língua madura,
como vai a vida bendita e querida
ou anda sofrendo mais que mulher de vida fácil?

conta pra nós qual é a sua, língua madura?
um homem de sua estatura
com toda essa envergadura moral
deveria andar de cabeça erguida
e nunca com a mão no bolso
procurando um drops
pra mulher bomba que vai explodir seu coração

diga então, língua madura, como vai a vida
bendita e querida
ou anda querendo subir de posto neste partido alto
e ser apanhado de pijama?
fica bacana
um homem de bem coberto de lama
completamente iludido
por um beijo no asfalto

por favor toma tento
não faça vergonha
se atrapalhando todo atrás de um isqueiro
pra acender por primeiro
o cigarro de quem não te ama

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo, bárbara kichner, édson nunes monteiro e ubiratan gonçalves de oliveira)


nesse tempo


nesse tempo em que eu vivi
muitas rédeas coloquei em mim, em mim
desde o dia em que eu te conheci

eu errei, tenho isso claro
é lamentável mas aconteceu
e nem tinha tanta importância
tudo aquilo que pensei

eu tentei mudar de vida
e poder deixar meus pais pra trás, pra trás
até disse o que já disse
que eu não diria jamais

mas agora o teu jeito
revelou a existência
dessa dor de consciência
que você sempre escondeu

nada nego do meu peito
nada escondo nessa vida

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo e odacir mazzarolo)

não éramos

não era eu
não eras tu
não éramos nós
a conversar

minhas palavras
não eram minhas
nem as tuas eram

tu hás de lembrar de tudo que se disse
mas muito mais do silêncio
que ficou mais pesado do que o ar
a água quando vira mágoa
é lágrima a rolar

minhas lágrimas,
tuas lágrimas
nossas lágrimas
a rolar do olho pra fora

pois não éramos nós
não estávamos em nós
estávamos sós

sós

(antonio thadeu wojciechowski , octávio camargo e cláudio fajardo)


porto de antonina

partindo do porto de antonina
indo de encontro
ao que acena a sina

o capitão passou no casco parafina
entre a lógica e a loucura
há uma tênue linha

meu destino sou eu quem assina
o sol no meio do mar é uma bolinha
sumindo indo lindo pra caminha

minha paciência canina
se esgotou quando não entendi patavina

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo e bárbara kichner)

ponto final

vou botar um ponto final
chega de vírgulas
reticências
hífens
e chaves

portas fechadas pra sempre
que eu me lembre de você
exclamações entre colchetes
aprisionando ilusões

tantas interrogações
travessões na garganta
e solidão

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo e bárbara kichner)

felicito-o

felicito-lhe pelo passar dos dias
por todos esses aniversários
que você tem feito pela vida afora
jogando tudo fora

o passado e o futuro estão presentes
justamente agora
nem toda hora é de orar a um deus que chora

pois o pingo de uma lágrima
pode ser o dilúvio
quando tudo acaba em fogo

saia desse inferno enquanto pode
quanto mais incerto
mais o diabo fode

nem toda hora é de orar a um deus que chora

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo, bárbara kichner e édson de vulcanis)



nova estação


sentimentos que precisam vir à tona antes que doam
antes que joguem na lama suas culpas
antes que peçam desculpas

quando você finalmente enxerga alguém que te vê
e olha para ele como se olhasse pra si mesmo
estrelas apagadas por dentro
suas atenções não são o centro
será que você me vê?

você me despojou do meu ser
me chamando de Jesus
eu não estava pregado na cruz
mas haviam chagas em mim

estou precisando conversar em silêncio
a última lágrima que eu chorar
eu vou deixar no lenço

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo, bárbara kichner e luiz felipe leprevost)


aparecida, minha nossa senhora

aparecida apareceu na minha frente
era um milagre, vestido de gente
como se a lua, a mais bonita,
fosse o rosto dela que imita

as pernas bambas quase a dançar
um terremoto a me sacolejar
meu coração estava em festa
e a felicidade escrita na testa

até parece que o amor é um botão de flor
todo a beleza desta vida é parecida
com você só você Aparecida

foram teus lindos negros olhos, minha negra
mistério e luz nunca é demais
um peregrino, que agora chega,
e nos teus braços fica em paz


(antonio thadeu wojciechowski e octávio camargo)


graças a deus

passando por debaixo de uma escada
ai, que azar que eu levei
um gato preto faz figas na encruzilhada
pomba gira, tranca-rua que eu sei

sete velas acendi pra alguém
minha voz soando além das almas
eram choros, eram palmas,
candomblé, iemanjá, minha mãe das águas

supertições, crenças, fé
joelhos ferem a igreja da sé
supertições, crenças, fé
joelhos ferem a igreja da sé

graças a deus,
graças a deus,
graças a deus,
acendam velas

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo e bárbara kichner)


vale de lágrimas


eu gosto de vocês
mas não precisam se preocupar comigo
o meu caixão vai andando sozinho até o cemitério

a terra abrir-se-á para me receber
canelas juntas
como semente a meus pés
o pó de cordas vocais esticadas na garganta
não têm nada a dizer

toda vida é um mistério
não tem nada a dizer
que a gente leva a vida toda
e não consegue desvendar
pois o caminhar equivale a um vale de lágrimas
nada além de um lampejo
apenas um desejo
alguém pagando mico pro realejo

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo e bárbara kichner)




sexta-feira, março 28, 2008




cemitério de elegantes


epistolais eclipses no peito
rajadas de vento na cara
essa noite escura nos serve de leito
o tempo a tudo escancara

há um lugar para onde vão
os poetas quando estão para morrer:
cemitério de elegantes

em hostes embriagadas como tinha que ser
brindam à morte e à estúpida equação
de viver o futuro antes

mas melhor assim
viver desde o começo o fim

thadeu w

feliz aniversário, Bárbara
nessa viagem só de ida
seja a felicidade teu ponto de partida


é hoje que eu só volto amanhã

diedrich e os marlenes, quem tem Q.I. vai


quinta-feira, março 27, 2008




ATLETIBA


Aos 84 anos do Atlético que, além da rivalidade com o time do meu coração, trouxe para a minha vida a amizade e a parceria do Edílson Del Grossi, Trindade, Ivan Justen, Renatão, Carajás, Jacobsen e Chico Capetão. Parabéns, torcida atleticana!

não sei quase nada sobre isso tudo:
carrões, grana, poder . sei da amizade,
essa alma gêmea do amor, da verdade.
com o resto, cansei e não me iludo.

sou coxa-branca todo mundo sabe
se sou louco de pedra e nunca mudo
é porque com um pouco mais de estudo
não tinha tanto porco na cidade

a porcarada torce o nosso rabo
e na mesma medida nós, o dela.
uma sem a outra, as duas vão a cabo

torço e distorço, mas de sentinela
pois um pouco de sarro, de bom grado,
cabe aos dois times de meia-tigela!

Antonio Thadeu Wojciechowski

quarta-feira, março 26, 2008



Meu querido amigo e poetaço Ivan Justen deve ter tirado esse poema de algum baú, pois não me lembrava dele. Pra quem gosta de poesia o blog dele é um prato cheio de iguarias sem igual.

Tem link ao lado.


UMA GARRAFA SEM GÊNIO



A tristeza foi tudo o que sobrou
Pra mim, dentro da garrafa vazia,
Pois muito longe da festa eu estou,
Empobrecendo a rima da poesia.

Há pouco tantos por aqui havia
Brindando aos deuses o sonho do gol
Num estádio lotado de alegria,
E agora nem eu aplaudo o meu show.

Só um hiato cabe em lapso como esse,
O eclipse é total, e a lua, nova,
Mas à luz do verso me salvo neste

Interlúdio imortal. Perdi o interesse:
Nada como um som indo atrás da prova
De que existe vida além dessa cova!



Thadeu e Ivan Justen




crueldade mental

medito excepcional positivo
cérebro qual helicóptero
sherlock lupa telepata
sempre nuca sempre
bruta entrementes inteligentes

marcos prado e sérgio viralobos





efeito placebo

a doença é o último refúgio dos canalhas
cultivadores da dor pra não colher a vida
todos eles já jogaram as suas toalhas
e tiraram os dois pés da dividida

secas miragens num deserto de águas
tribo de psicóticos apagadores da pira
hordas médicas demagogas carregam nas mágoas:
receitas para o bezerro de ouro forram o altar da hipocondria

Thadeu e Sérgio Viralobos
(21.03.2008 - sexta-feira santa)

quinta-feira, março 20, 2008





o poeta não mora mais aqui

estou aqui, pé ante pé,
diante da janela aberta
escrever é um ato de fé
se você faz a coisa certa

não espere uma receita
nem mesmo um conselho
tudo que um poema aceita
sai da cartola como um coelho

digamos que eu lhe diga
“o poeta é um deus torto
sua pobre alma mendiga
migalhas do próprio corpo”

quem sabe você risse de prazer
ou talvez chorasse de emoção
mas sempre é prazer de escrever
com as palavras que tenho à mão

mais que isso não devo dizer
mas pode ser que, em meu nome,
um sentido maior, sem querer,
sacie totalmente a sua fome

Antonio Thadeu Wojciechowski

quarta-feira, março 19, 2008






Raiva Destilada

(do cd “Ciúmes de Horror”)



O sofrimento é um tipo de doença
que dá na alma
Vem misturado com arrependimento
remorso e amor próprio ferido de morte


Nem parei de respirar
e já me querem morto
O que ela disse de mim num momento de raiva
não se diz nem prum cachorro louco

É engraçado perder tempo com tristeza
se só lembramos dos momentos felizes
Os tristes vão sendo apagados pouco a pouco

da face da Terra


Pra ir morar no inferno de sua casa paterna
onde habitam todos os demônios da família
Parentes que por não terem bem de si pra falar
falam mal dos outros




Antonio Thadeu Wojciechowski, Octávio Camargo e Bárbara Kirchner





perdoe, companheiro
andei sozinho
o dia inteiro


thadeu w

terça-feira, março 18, 2008



Direção de arte: Magoo


Sem palavras.


Emoção e encantamento, dois ingredientes presentes no Wonka.
Graças ao amor e à alegria dos amigos.


Bárbara, na lente de Gilson Camargo, durante o show, domingo no Wonka.

segunda-feira, março 17, 2008


A Ieda, anfitriã e proprietária do Wonka, sempre muito gentil e atenciosa.
Ela estava maravilhada com o show e me deixou muito feliz.

Troi e Helena, uma dupla que vale por uns dez.

Sobrou alegria e descontração.

Bárbara e Maria Célia, mãe do Octávio.


Língua e Cláudia, começo de namoro durante o show.
No fundo, Guilherme, Thadeu e Carlão.


Octávio, Troi, Bárbara e Mazzarollo, num belo momento do show.






Wonka Bar
Uma noite inesquecível.


Ontem o show da Bárbara foi tudo de bom. Muita gente bacana. Só não entendi uma coisa, como é que todas aquelas pessoas sabiam de cor as canções.
O público cantou junto pra valer. Foi lindo de ver. Foi de arrepiar mesmo.
As fotos são de Catarina Velasco.






O Magoo é demais. Fez estas artes para uma série de poeminhas meus.
Valeu. Vou publicar de dois em dois.

domingo, março 16, 2008


Hoje, às 21 h, no Wonka Bar, minha querida amiga e parceira Bárbara Kirchner, acompanhada pelo maestro Octávio Camargo.
Um showzaço imperdível.

sexta-feira, março 14, 2008


quinta-feira, março 13, 2008


O jorge é um grande cara, grande poeta, grande amigo.
Fez este soneto para mim em seu blog, que é sensacional.


Soneto para Antonio Thadeu Wojciechowski


Se eu cantasse a noite nesse poema,
E abraçasse neste, o que daquela
É a brasa mais viva. Que teima
Contra o dia claro de fora da janela,

Ele teria uma cor quase serena,
Entre o negror sabido e a luz amarela
Que bem lentamente queima
O carvão que acende esta aquarela.

Teria por certo a cor que tem o gris,
Quando este se encontra apaziguado,
Sereno, deitado num leito de giz

Que se estende sobre o relvado.
Quase, chegando perto, por um triz
Da incerta cor do imaginado.

Jorge Ferreira


www.sapo.pt


A vida é tão simples


Simples
A vida é tão simples
Basta amar a pessoa certa
E deixar ela engravidar

Simples
A vida é tão simples
Basta amar a pessoa certa
E ver a barriga dela inchar

Quantas vezes vezes dois
Nós dois quisemos ser três
Impelindo nossa alma
A ter corpo mais uma vez

Thadeu W


quarta-feira, março 12, 2008






De repente


Eis aí mais três repentes

que junto com o Octávio e a Bárbara

se transformaram em lindas canções.




canção do onanista puro


basta eu baixar a cueca
e a minha mão se aproximar de mim
pra eu ter uma eureka
e me fazer feliz assim

a memória comparece
o membro enrijece
eu me toco e acho o foco
da grande angular da minha vida

quanto tempo perdido de assalto
esperando na beira do cais
sem chegar nunca a uma resolução

nossa tão distante paixão esquecida
pensei que era uma estrada só de ida
mas agora, na volta, o que me revolta
é ter passado tantos anos sem você
minha mão querida


amor mal curado

eu pensava que a vida era um caixão
que a gente vai baixando a tampa aos poucos
até não entrar nenhum fiapo de luz
mas vi que não é bem assim
toda história que envolve um ser humano
é uma história de amor
as pessoas adoecem
de acordo com o que aconteceu com o amor de cada um


amor oblíquo


pode piscar pra mim
e dizer que me ama
eu sei que me engana
quem diz frases assim

a palavra pode ser aquilo que você nem imagina
a alma se inclina ao bem
o mal fica sempre sem ninguém
ao seu lado
um café passado adoçado
com sal, com sal, com sal
fruto amargo de uma alma
que caiu no esquecimento

no momento que era todo seu
não disse a frase que o redimia
e hoje chora com latidos de cão


thadeu w







amiguinhos
um poema do marcos prado
para os passarinhos

thadeu w

terça-feira, março 11, 2008


sobrancelhas em aspas
cinzas caem da mão
do cabelo, caspas




Era uma vez...

Adoro brincar de inventar histórias.
Uma noite dessas, há uns dois meses mais ou menos,
lá pelas tantas e tantas da madrugada, em companhia do
Octávio Camargo, Bárbara e Catarina, soltei esta num repente.
Não fosse o MP3 da Bárbara estar ligado e o Octávio transcrever,
seria mais uma daquelas minhas histórias que desaparecem na noite.
Rimos pra valer, não sei se da história ou de nós mesmos.
Mas que foi divertido, foi.

Polaco da Barreirinha



Nem bem o sol se pôs,
o diabo, lá no inferno,
levantou-se do seu castigo eterno
e, numa alegria incontida,
disse assim:

- Está pra mim,
é hoje que eu acabo com Deus!

Mas Deus, instrutor dos vivos,
que tudo pode, quer e tem motivos,
em sua profunda sabedoria,
onipresente, onipotente e onisciente,
nem pestanejou, naquele dia:

- Ele vai se foder mais uma vez!

O diabo no meio da alegria,
oriunda daquele orgulho besta,
que junta os imbecis, conclui:

- Bom, se o mundo é ignorante
e a grande maioria, cada vez mais e mais,
se guia pela estupidez, estou feito.

Deus lá de cima do céu,
do alto de suas alturas, achou perfeito:

- Dessa vez acabo com o freguês!

O diabo juntando todas as artimanhas
guardadas na manga que, para Deus, já era curtinha:

- Eu e esse bando de burguês,
que quer comer bem, beber bem, fumar bem,
sem fazer esforço algum,
não tem erro.
Podem me chamar de lugar nenhum
Que daqui pra frente eu mando nesse mundo
E olha
Se eu for com tudo,
Só vai vagabundo no enterro,
Deus não vira nem memória.

O Criador olhando cegamente para a História:

- O cara é um estúpido profundo!
Não foi pra isso que eu criei o mundo,
a minha significância pode chegar um dia
a ser testemunha da vulgaridade desse rapaz.
Mas eu prego a paz,
botei meu filho no mundo,
morreu numa cruz
e dessa cruz fez-se uma luz
que até hoje eu não entendo.

O diabo, convencido de que vai vencer:

- Olha, eu compreendo bem a sabedoria divina,
mas quero que vocês pensem numa coisa:
Quando alguém diz que não entendeu patavina,
eu sou responsável direto
porque meu prato predileto
é fazer com que as pessoas se confundam
e toda essa mentalidade em que elas se aprofundam
é um tipo de divindade que o diabo tem.

Aí, Deus se levantou:

- O céu vai explodir, porra!
Aonde esse cara vai levar essa conversa?
Eu nunca permiti que um borra-bosta igual a esse cara
que vive ali nas profundas
venha aqui, me meta a mão na bunda
E diga que, por ele, tudo está bem.

O diabo nem estava ouvindo mais o que se passava no céu,
Simplesmente tirou o chapéu:

- Bem, daqui pra frente o mundo é meu,
Entendeu?


Antonio Thadeu Wojciechowski

segunda-feira, março 10, 2008




Língua Madura


Aí está mais uma letra do CD Língua Madura lançado recentemente.

Já temos mais dois Cds prontos Ciúmes de Horror e Nabuto Almada. Se preparem, porque a festa vai ser boa e de tudo vai rolar.





nova estação

sentimentos que precisam vir à tona antes que doam
antes que joguem na lama suas culpas
antes que peçam desculpas

quando você finalmente enxerga alguém que te vê
e olha para ele como se olhasse pra si mesmo
estrelas apagadas por dentro
suas atenções não são o centro
será que você me vê?

você me despojou do meu ser
me chamando de Jesus
eu não estava pregado na cruz
mas havia chagas em mim

estou precisando conversar em silêncio
a última lágrima que eu chorar
eu vou deixar no lenço

(antonio thadeu wojciechowski, octávio camargo, bárbara kichner e luiz felipe leprevost)

sábado, março 08, 2008



8 de março, dia internacional da mulher.

Bom dia a todas essas mulheres maravilhosas que dão vida e graça a todas as coisas deste mundo. Pra vocês, a letra dessa canção que fiz em parceria com meu amigo Octávio Camargo..


Minha Nossa Senhora Aparecida


Aparecida apareceu na minha frente
Era um milagre vestido de gente
Como se a lua, a mais bonita
Fosse o rosto dela que imita

As pernas bambas, quase a dançar
Um terremoto a me sacolejar
Meu coração estava em festa
E a felicidade escrita na testa

Até parece que o amor é um botão de flor
Toda a beleza dessa vida é parecida
Com você, só você Aparecida



Foram teus lindos negros olhos, minha negra
Mistério e luz nunca é demais
Um peregrino que agora chega
E nos teus braços fica em paz

As pernas bambas, quase a dançar
Um terremoto a me sacolejar
Meu coração estava em festa
E a felicidade escrita na testa

Até parece que o amor é um botão de flor
Toda a beleza dessa vida é parecida
Com você, só você Aparecida

Antonio Thadeu Wojciechowski
Octavio Camargo

quinta-feira, março 06, 2008




inimigos meus

botei os pés neste mundo
e abri a boca para reclamar
eu não me chamava raimundo
e nem havia rimas a solucionar

pra não cair de quatro, sair pastando
e dizer que não estava nem aí,
balbuciei: "tô cagando e andando!"
e foi assim que cheguei até aqui

teria sido uma vida bem tranqüila
se não tivesse cruzado no caminho
a Ignorância, o Fanatismo e a Tirania
que para cada flor tinham um espinho

até hoje ainda não sei se os três
são um por todos ou todos são um
o que aprendi é que toda essa estupidez
quer me levar à força ao lugar comum

e você, que se acha a salvo desse trio,
certeza, o amanhã não te deixa pistas,
o futuro range dentes no teu arrepio
e teus olhos apagam diante de tuas vistas!

thadeu w


terça-feira, março 04, 2008


Catarina, Polaco da Barreirinha, Mary, Édson de Vulcanis, Márcio Cobaia, no Bar do Meio.




Dia desses, o Édson de Vulcanis, esteve lá em casa. E depois de nos refestelarmos com belos nacos de uma picanha e algumas cervejinhas em condições excelentes para serem bebidas, pomo-nos a observar o mundo e a delirar. Foram 374 poemas, que, brevemente, serão publicados. Eis uma pequena amostra da monstruosa produção daquele fatídico dia de um mês perdido no calendário das nossas vidas estupidamente maravilhosas.



confusão atônita ou confissão atômica


o pé não tem dedo duro
porque toca o chão
e vê que a mão do destino
é cheia de dedos
você pode pedir socorro
gritar até arrebentar
suas cordas vocais
a iluminação é um chafariz
a te tocar como um jorro
em teus sonhos
você formaria mil casais,
apesar do pau mole,
mas você quer falar
e o povão já não o engole


antonio thadeu wojciechowski & édson de vulcanis




fábrica de sonhos


a mandíbula está armada até os dentes
não é porque estás triste
que não sei o que sentes
a vida, pífia, insignifica
o ignorante
volte ao pó
ou atravesse o inferno de Dante
Beatriz não foi tua,
apenas por um triz,
ou porque
você foi ator
e ela, atriz


antonio thadeu wojciechowski & édson de vulcanis



cor de burro


procura-se um fugitivo
morto ou vivo
se vivo irá a julgamento
se morto
desde já lamento
não pelo indivíduo
mas, pela família
aliás, nem pela família
mas, pela mãe
morta, seca, atrás da porta
do pai a gente nem fala
porque a última vez
que ele estava na sala
peidou, reclamou
e saiu rasgando


antonio thadeu wojciechowski & édson de vulcanis




história para boi acordar



cadeira de rodas em chamas
o inválido tropeça na hora h
quem achar que já sabe pensar
abra todos seus livros
e comece a meditar
você, que sabe tudo, papudo
a sua sapiência já foi pro brejo
nenhuma princesa vai querer
transformar seu príncipe em sapo
sacou, o papo
ou tudo isso era apenas uma vez



antonio thadeu wojciechowski & édson de vulcanis

segunda-feira, março 03, 2008