sexta-feira, janeiro 30, 2009
amiga é pra essas coisas
essa canção, querida
é pra dizer que minha vida
hoje é eterna primavera
em teu sorriso, minha bela
passem anos, passem eras
fique sempre a amizade,
esse estrela de felicidade
pra quem ama deveras
vou dizer mais uma vez
o maior dos sentimentos
é a amizade, pois talvez,
em outros velhos tempos,
Deus que a tudo assiste
Deus me viu tão triste
que Deus então enfim
Deus fez você pra mim!
Antonio Thadeu Wojciechowski
a vida
não é bem assim
a vida
não termina
no primeiro páreo
a vida pertence
ao usuário
inventa
quem passou
pelo inventário
não é bem assim
a vida
não termina
no primeiro páreo
a vida pertence
ao usuário
inventa
quem passou
pelo inventário
aa
a
a
Estações da Alma
ainda que duro você caia,
é muito bom que saiba,
um sol não cai antes da hora,
também a lua não demora.
não desanime, não esmoreça,
nem deixe que a mágoa cresça,
a vida vai e vem em ciclos,
tonteia quem anda em círculos!
ainda que você não possa
trazer todo encanto de volta
e tenha que pisar na relva
e em suas flores ressequidas,
não se aflija por essas vidas,
acalma o peito e sossega.
em tudo o tempo é remédio,
basta a força do teu credo!
ainda que você não a veja
a beleza existirá pra sempre
e onde quer que você esteja
ela estará bem à tua frente!
haverá tempo para a aflição
mas nunca para a rendição.
haverá tempo para a alegria,
hoje vai ser um grande dia!
Antonio Thadeu Wojciechowski
Vida de Poeta
Até onde vou, todo mundo sabe,
vou ver se ainda estou na esquina
antes que essa poesia louca acabe
e eu já não saiba a que ela se destina.
O coração no peito rufa, bate,
escoiceia e vai ao encontro da rima,
como um cão que pra própria cauda late,
e dá voltas, e, em círculos, gira.
Talvez esse lirismo que me invade
e me leva a escrever linha após linha
seja só ego e o cúmulo da vaidade.
Pode ser também apenas a idade,
lindezas que o tempo na gente inspira
só depois de muita espera na fila!
Antonio Thadeu Wojciechowski
Mulher da Vida
Ela é turrona, anda armada,
Gosta de armar o maior barraco,
Bebe pra caralho e dá risada,
Depois chora e fica um caco
Todo mundo por aqui já comeu,
Ela chupou até o pau do papa,
O do pastor ela disse que mordeu
E por muito pouco não capa
Diz que me ama mais que tudo
Só pra mim dá sem camisinha
Às vezes me acho um sortudo
Ganha bem rodando a bolsinha
Ela é tão bonita que dá gosto
Vê-la se aprontando para sair
Se tentam beijá-la, vira o rosto,
Na boca, só eu, não vai me trair
Dá casa, comida e roupa lavada,
Mas eu não tô nem aí pra isso
De mim, não reclama de nada
Acha escrever um bom serviço
Diz que me mata se eu deixá-la
E em seguida toma formicida
Eu sou poeta e não faço sala
Acho que achei a mulher da vida
Comedor de Ranho
Cu na reta é a menor distância
Ah! falsários de QIs incomensuráveis,
Formadores das opiniões elitistas,
Inventores de bombas e armas químicas,
Formuladores de teses caga-regras,
Criadores de desejos irrealizáveis,
Ah! olhem para essa multidão às cegas!
Sei quando um rosto dá de cara com a outra face,
A partir de agora, não há mais desculpa nem disfarce.
Não será vingança nem carnificina, apenas cobrança,
Quem deve deve temer. Uma força medonha avança
E essa carranca no espelho é a imagem mais bela
Dos que têm o coração em paz mas declaram guerra!
Comedor de Ranho
Roleta Russa
Não tenho a melancolia bêbada dos poetas malditos
Nem a inadimplência de seus enunciados etílicos.
Minha revolução cabe e sobra na palma da mão,
E na elasticidade trôpega de meus cambitos.
O resto é com vocês, mantenedores da solidão!
O velhinho, míope e gago, precisa atravessar a rua;
A boa senhora, chegar com as compras em casa;
Eu, fazer versos que os levem ao mundo da lua!
Não ao tiro de Maiakóvski e à corda de Iessiênin,
Para o suicídio, já bastam as mil obras de Lênin!
Estou neste mundo e nele me arrasto sem medida.
Sou grande demais para o meu tamanho, e daí?
Que estes versos possam ao menos confirmar a vida,
Calando a boca dos que dizem que o inferno é aqui
E fazem da alegria de chegar, lágrimas de despedida!
Comedor de Ranho
terça-feira, janeiro 27, 2009
Eu e Luana num bar da praça da república em sampa.
Sobre a necessidade do fracasso
Fracassei inúmeras vezes, obtive êxito eventualmente. Sem dúvida o melhor de mim veio das minhas piores experiências. Outro dia, conversando com o Marcelo Montenegro, falávamos de como os adolescentes de hoje são acomodados e em certa medida covardes. Eles não pensam em se aventurar em repúblicas estudantis, não estão dispostos a lavar o próprio prato, aliás, não estão minimamente interessados em preparar a própria refeição, ou lavar a própria roupa, etc. É preferível suportar os limites impostos pelos pais a ter que encarar sozinhos uma vida um pouco mais “independente”. Viver dá trabalho, exige responsabilidade e principalmente: a liberdade gera consequências. Hoje li uma entrevista onde uma jornalista norte-americana (Hara Estroff Marano) diz o quanto esse comportamento é perigoso para o futuro (?) da nossa sociedade, pois os adultos do porvir não estão dispostos a correr riscos, não suportam um mínimo de pressão ou frustração. Isso porque seus pais os prepararam para o “mercado global”, rumo à perfeição, com um fator mínimo de erro, eles retiraram cada pedra que porventura se coloque em seu caminho para que sua escalada rumo ao sucesso seja rápida e indolor. Acredito que ao mesmo tempo em que esse tipo de educação gera covardia, gera pessoas sem o mínimo de paixão (afinal, como sentir paixão sem correr riscos?), serão seres acéticos e imorais que compram tudo por atacado. Viver dói. E como já disse Vinícius de Moraes “são muitos os perigos dessa vida para quem tem paixão”.
Luana Vignon
Sobre a necessidade do fracasso
Fracassei inúmeras vezes, obtive êxito eventualmente. Sem dúvida o melhor de mim veio das minhas piores experiências. Outro dia, conversando com o Marcelo Montenegro, falávamos de como os adolescentes de hoje são acomodados e em certa medida covardes. Eles não pensam em se aventurar em repúblicas estudantis, não estão dispostos a lavar o próprio prato, aliás, não estão minimamente interessados em preparar a própria refeição, ou lavar a própria roupa, etc. É preferível suportar os limites impostos pelos pais a ter que encarar sozinhos uma vida um pouco mais “independente”. Viver dá trabalho, exige responsabilidade e principalmente: a liberdade gera consequências. Hoje li uma entrevista onde uma jornalista norte-americana (Hara Estroff Marano) diz o quanto esse comportamento é perigoso para o futuro (?) da nossa sociedade, pois os adultos do porvir não estão dispostos a correr riscos, não suportam um mínimo de pressão ou frustração. Isso porque seus pais os prepararam para o “mercado global”, rumo à perfeição, com um fator mínimo de erro, eles retiraram cada pedra que porventura se coloque em seu caminho para que sua escalada rumo ao sucesso seja rápida e indolor. Acredito que ao mesmo tempo em que esse tipo de educação gera covardia, gera pessoas sem o mínimo de paixão (afinal, como sentir paixão sem correr riscos?), serão seres acéticos e imorais que compram tudo por atacado. Viver dói. E como já disse Vinícius de Moraes “são muitos os perigos dessa vida para quem tem paixão”.
Luana Vignon
segunda-feira, janeiro 26, 2009
CONVERSA COM VERSO
Temos aqui em Curitiba um grupo de amigos poetas, que se comporta, às vezes, como quadrilha, bando ou banda. Um pessoal, digamos assim, meio extravagante, maltrapilho, desastrado, meio... para ser bem sinceros mesmo, meio jacus. Mas, por conjunções cósmicas desconhecidas, até que fazemos uns versinhos interessantes de vez em quando. Pois bem. Os nossos amigos famosos no mundo das letras e das artes vivem tentando ajudar a gente e reclamam que os modos da turba assustam às visitas. Fazemos força, tentamos tranqüilizá-los:
pão seco na porta
eu bem que tento fazer tudo certinho
só preciso de um pouco de compreensão
o doutor disse: "- você vai ficar bom!"
e já me sinto bem mais bonzinho
tenho fé de que tudo vai melhorar
nunca mais vou precisar me desculpar
a vida não é brinquedo vocês sabem
e por mais que cuide acaba saindo bobagem
eu nunca fui ladrão, prefiro pedir
perdão se um dia ofendi sendo sincero
devo tudo a vocês, não canso de repetir
amor carinho é tudo que eu quero
que seja um bálsamo para tu’alma estas rimas
fiz de coração aberto e espírito desarmado
por sensível, acabam me tomando por viado
viu? acabei de fazer mais uma das minhas
(Roberto Prado e Thadeu W)
Certa vez, estávamos prestes a nos dar bem com um grande editor de São Paulo (obrigado, amigos famosos), mas não resistimos à tentação de lhe mostrar nossa última criação, achando que, por ser um soneto, ia pegar bem:
ponto crítico
Saúde, luz e vida longa ao crítico,
Alma humana que merece salvação.
Escura morte morna à Crítica,
demônio doente com o diabo no corpo são.
Não odeia, aquele que foi bafejado pela razão,
os afastados de Deus pela ausência de prazer.
Não se exija do necrófilo nada além de saber
arrastar cadáveres para a prostituição.
As lingüiças existem, carentes de encheção.
Não erga a voz para justiçar sem dó
Àqueles que a dor do silêncio já respondeu.
Ame, também, os que estão abaixo da abstração,
sem querer chorar o que é riso só,
sem querer sorrir o que entristeceu!
(Roberto Prado, Marcos Prado e Thadeu W)
Bem, o editor foi educadíssimo, mas – acreditam nessa? – reclamou aos nossos amigos famosos que éramos talentosos, mas muito agressivos. Claro que não publicou nada: "fora do perfil". Nossa indignação foi proporcional ao tamanho da injustiça:
me enterrem vivo
Você vai acabar gostando
No começo pode até estranhar
Só que chorar não adianta
Chega uma hora que a gente cansa de lutar
Aí você bebe até se enlamear
De boca na valeta não levanta
Mas amanhã será o mesmíssimo dia
De todos eles a censura e o rancor
Dá raiva saber que o mundo é assim
Só o vírus da dor me contagia
Não tenho amor nem por mim
E se você pensa que não vai cair na vida
Alegria, alegria, alegria, alegria
Começou a sua festa de despedida
(Roberto Prado e Thadeu W)
Mas não somos de guardar mágoa. Logo nos reunimos à maloqueirada, conversamos, cantamos, demos umas boas gargalhadas e, inspirados, transformamos a frustração em uma mensagem altamente edificante:
sentado à beira do campinho
ninguém vai querer saber
se você presta ou não presta
a grande maioria te odeia
e o resto te detesta
eu já fui como você
não tenho vergonha de dizer
agora pernas pra que te quero
que ninguém é de ferro
na guerra entre o ponteiro
e o quarto zagueiro
quem vai na bola
sai pra reserva de padiola
só não me use como espelho
eu sou bonito e você é feio
tire a minha imagem do tubo
quadrado é o teu cubo
(Roberto Prado e Thadeu W )
Bom, hoje os nossos amigos famosos evitam apresentar a gente para as novas patroas ou nos convidar para as suas casas novas com as patroas antigas. E só nos chamam à festa para carregar caixa (depois que a festa começa, a gente fica na cozinha). Mas, só para você ter uma idéia da nossa boa vontade, desprendimento e superioridade moral, chegamos ao cúmulo de dar explicações e até revelar as origens do nosso transtorno:
imaginem se eu tivesse infância
não me venha cobrar pela agressão gratuita
ensinar que é bom ninguém ensina
depois ficam falando por trás das minhas gracinhas
paródias, deboches, escárnios sem o menor respeito
entendam de uma vez que esse é o meu jeito
nunca tive dinheiro pra comprar um livro
os que roubei eram de um mau gosto incrível
todos diziam que eu não valia o sermão que ouvia
dicas, palpites, orientações, exemplos sadios
meus amigos eram todos uns vadios
ler e escrever pra mim já é muito
os bons se acham demais pra perder tempo comigo
pra chegar onde cheguei só eu sei o que engraxei
disso ninguém lembra na hora de exigir qualidade
meu escrito e escarrado é o retrato dessa realidade
subnutrido não aprende nada na escola
a dureza da vida foi minha tese de pós-graduação
quem não teve sapato pra jogar tem que entrar de sola
repetidor, inculto, kitch, demodê, estilo indefinido
o que vocês tiram dos livros, eu tiro do ouvido
guardei na pele toda a sorte de humilhações
hoje, quando me querem no picadeiro de letrados
vejo que estava até certo ponto errado
abraços, beijos, elogios: dêem ao coitado do porteiro
minha parte da glória eu quero em dinheiro
(Roberto Prado e Thadeu W)
É. Impressionante como esse mundo é mau mesmo. A gente crente que está abafando, quase com a mão na taça, a um passo do nirvana e na hora h, no dia d, sempre aparece alguém para sacanear. Você pode até achar que tudo isso é o fim do mundo. Com toda razão, pois é mesmo:
desta vez vai bater
em todos os textos antigos
desde os tempos mais remotos
maremotos e terremotos
ainda não foram castigos
o pior não está acontecendo
deixe o cometa halley voltar
o céu prepara um calote polar
nada se verá de tão tremendo
daquela vez ia bater
da próxima vez vai bater
desta vez vai bater
tem que bater
o mudo terror de tua alma em alarde
nem o mais escuro esconde
quer correr mas agora é tarde
quer gritar mas agora é longe
(Roberto Prado e Thadeu W)
Essa é apenas uma das conversas que dá para montar com os poemas do livro Conversa com Verso, que logo vai sair, só com poemas em parceria. Se algum amigo famoso quiser dar uma força, pode ficar tranqüilo, vamos nos comportar como sempre.
Roberto Prado
Decifrando o DNA
Também senti o meu encanto imaturo,
desgraça milenar em mim impressa,
pois sei que minha imagem é só essa
sombra de antepassados no futuro!
Tenso e devagar, com medo do escuro,
tateei livros procurando uma brecha,
uma verdade pura e tão complexa
que iluminasse o vácuo em que mergulho.
Ah, não terei respostas às perguntas!
Porém, se imploro, agora, de mãos juntas,
à musa, a gentileza de um verso
é porque trago, preso na garganta,
o terror mudo de uma alma infanta
que ainda não criou seu universo!
Antonio Thadeu Wojciechowsi
segunda-feira, janeiro 12, 2009
Do eu para mim mesmo.
O que que deu nesse rapaz?
Vai tirar uns dias de férias
para trabalhar mais!?
Vou terminar a tradução de uma peça do Brecht. Portanto, estarei de férias até o fim de janeiro. Espero terminar em 15 dias e começar meu novo romance. Portanto virem-se sem meus posts. Ficam todos esses poemas e poetas a dizer por mim.
Polaco da Barreirinha
a
a
a
Quase blues
eu sórdido
eu maldito
eu vira-lata
eu pequenino
que nem um verme
que nem um cisco
sentado no topo do mundo
espantando mosquitos
Fabrício Marques
a
Quase blues
eu sórdido
eu maldito
eu vira-lata
eu pequenino
que nem um verme
que nem um cisco
sentado no topo do mundo
espantando mosquitos
Fabrício Marques
a
a
Presença
Coragem de andar
sobre os precipícios
sem desfalecer,
entre labaredas,
mas não se queimar,
com os violentos
e os indiferentes,
no mundo inimigo,
sem deixar de amar.
Helena Kolody
Epílogo do carnaval e da vida
É preciso um pierrô a chorar.
Um desses que chora rindo, no fim.
Que chora a cantar
De braços abertos no meio do salão
Quando as luzes já se se apagaram.
Rui Werneck de Capistrano
a
Presença
Coragem de andar
sobre os precipícios
sem desfalecer,
entre labaredas,
mas não se queimar,
com os violentos
e os indiferentes,
no mundo inimigo,
sem deixar de amar.
Helena Kolody
Epílogo do carnaval e da vida
É preciso um pierrô a chorar.
Um desses que chora rindo, no fim.
Que chora a cantar
De braços abertos no meio do salão
Quando as luzes já se se apagaram.
Rui Werneck de Capistrano
a
a
Sorri-se
quando disse, na saída,
deixo meu sorriso,
disse bem,
até sorrir pra você
não vou sorrir pra mais ninguém
também disse,
o que se deixa é o que permanece
não esqueca, essa sou eu
que agora desapareceu
e se mais não disse
é que sorria
um sorriso que ficasse
para depois de ter ido
como se nunca partisse
como se tudo existisse
ah se eu soubesse
ah se você me visse
Alice Ruiz
Quanto tempo dura um poema?
Quanto tempo dura um poema?
O tempo do olho
sobre a página?
O tempo do corpo
vida afora?
O tempo da pátina
na memória?
Quanto tempo dura um poema?
Este poema.
Este,
que você lê agora.
Marcelo Sandmann
j.l.33
pedras,
lapidadas
sobre as lonas,
luto
a costurar cada
fio
mão trêmula
bordadas
jóias
transparentes eram
os dedos
textura, os panos
veludo -
sob a estopa,
gasta.
Virna G. Teixeira
O poema
O poema
in
Comoda
Como 01 cisco no olho
íngua na língua
O verso martela
Reverte - revela
Ressoa - Pessoa
Se há poesia
A pedra pousa
E o poema
Alça voa
Aroldo Pereira
Mira Cetti
os cabelos de
marayr
aos vinte antes
longos
se ao vento
enroscam
se os dedos suas luvas
ao mesmo sol
homofônico.
e na umidade
sobre a epiderme
um eco
de estranhos
pássaros
Jussara Salazar
No baldio
no baldio
um ipê floresce
mais amarelo que o sol
Joba Tridente
Touro sentado na pedra
touro sentado na pedra
à lápide pálida cara
contemplo a calma
deste lugar deserto
tanta cruz
e nenhuma alma por perto
Palito
Vieste
vieste
voraz e vertigem
e de tê-la
me contive
que de plantar amores
colhi
versos e tempestades
Pagu
Teatro lotado
teatro lotado
lugares marcados
falas erradas
papéis trocados
a cenografia da vida
nos melhores teatros da idade
Alessandra Kalko
Mensagen cifrada
Madeira, corda e pano
animais dentro do peito
Transparência
quebra de ciclo
um vento,
uma folha
O sentido de existir.
Sônia Wolff
Quixote
cavalos náufragos
nua noite dentro de nós
num tropel de barcos
um marujo em meus olhos
um copo cheio de cervantes
Márcio Davie Claudino
vertigem
uma lua cheia
todo telhado passeia
sob a noite imensa
tontos ficaram meus olhos
o céu no dobrar de um lenço
Wilson Bueno
Semente
Rainha no meio do povo
te resgata de novo
e te faz florir
É como uma pequena semente
que tão de repente
vai se explodir
Efigênia R. Rolim
Viagem de trem
Trabalhadores
pedaços de pão
mil bananeiras
olhos de amplidão
Ferros dispersos
dedos de verão
Trilhos dormentes
despontam do chão
Desesperanças
dormem nos vagões
águas correntes
que só dizem não
Sujas crianças
acenos de mão
casas caladas
verdes solidões
Reinoldo Atem
a
Sorri-se
quando disse, na saída,
deixo meu sorriso,
disse bem,
até sorrir pra você
não vou sorrir pra mais ninguém
também disse,
o que se deixa é o que permanece
não esqueca, essa sou eu
que agora desapareceu
e se mais não disse
é que sorria
um sorriso que ficasse
para depois de ter ido
como se nunca partisse
como se tudo existisse
ah se eu soubesse
ah se você me visse
Alice Ruiz
Quanto tempo dura um poema?
Quanto tempo dura um poema?
O tempo do olho
sobre a página?
O tempo do corpo
vida afora?
O tempo da pátina
na memória?
Quanto tempo dura um poema?
Este poema.
Este,
que você lê agora.
Marcelo Sandmann
j.l.33
pedras,
lapidadas
sobre as lonas,
luto
a costurar cada
fio
mão trêmula
bordadas
jóias
transparentes eram
os dedos
textura, os panos
veludo -
sob a estopa,
gasta.
Virna G. Teixeira
O poema
O poema
in
Comoda
Como 01 cisco no olho
íngua na língua
O verso martela
Reverte - revela
Ressoa - Pessoa
Se há poesia
A pedra pousa
E o poema
Alça voa
Aroldo Pereira
Mira Cetti
os cabelos de
marayr
aos vinte antes
longos
se ao vento
enroscam
se os dedos suas luvas
ao mesmo sol
homofônico.
e na umidade
sobre a epiderme
um eco
de estranhos
pássaros
Jussara Salazar
No baldio
no baldio
um ipê floresce
mais amarelo que o sol
Joba Tridente
Touro sentado na pedra
touro sentado na pedra
à lápide pálida cara
contemplo a calma
deste lugar deserto
tanta cruz
e nenhuma alma por perto
Palito
Vieste
vieste
voraz e vertigem
e de tê-la
me contive
que de plantar amores
colhi
versos e tempestades
Pagu
Teatro lotado
teatro lotado
lugares marcados
falas erradas
papéis trocados
a cenografia da vida
nos melhores teatros da idade
Alessandra Kalko
Mensagen cifrada
Madeira, corda e pano
animais dentro do peito
Transparência
quebra de ciclo
um vento,
uma folha
O sentido de existir.
Sônia Wolff
Quixote
cavalos náufragos
nua noite dentro de nós
num tropel de barcos
um marujo em meus olhos
um copo cheio de cervantes
Márcio Davie Claudino
vertigem
uma lua cheia
todo telhado passeia
sob a noite imensa
tontos ficaram meus olhos
o céu no dobrar de um lenço
Wilson Bueno
Semente
Rainha no meio do povo
te resgata de novo
e te faz florir
É como uma pequena semente
que tão de repente
vai se explodir
Efigênia R. Rolim
Viagem de trem
Trabalhadores
pedaços de pão
mil bananeiras
olhos de amplidão
Ferros dispersos
dedos de verão
Trilhos dormentes
despontam do chão
Desesperanças
dormem nos vagões
águas correntes
que só dizem não
Sujas crianças
acenos de mão
casas caladas
verdes solidões
Reinoldo Atem
a
a
a
retardatário
felizes estigmas
dos ventos de outono
se deixam
levados
álamos sejam louvados
mesmo que varridos
pelos garis
Jane Sprenger Bodnar
Amor
Apesar de sua induração,
o ferro,
renitente e inflexível,
consente à umidade
o gozo escarlate da ferrugem.
Edival Perrini
Deixo os papéis sobre a mesa da memória
Deixo os papéis sobre a mesa da memória
Esqueço versos sob o arco do céu
Arranjo numismáticas e lógicas para o tempo
Retiro celulóidedos filmes, esgaço sulcos dos discos
Reparto nuvens com a solidez de vidraça
Armazeno fios de tapete
Cravo dores nos recortes fotográficos
Do sol, os avarandados
Do vaso, a mínima rosa.
Marco Antônio de Menezes
Ecos para Catatau
Vai, Paulo! Ser pedreira na vida.
Saiba que viver será sucinto
e que não serás freguês distinto
com o peito infernado de tanto coração.
Aqui neste lugar, onde nada pára
para ser ventura,
carregarás o peso da dor
como se doer fosse poesia.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto será teu coração
condenado a ser exato:
- matéria é mentira.
Mestre em desastres numa Curitiba acrílica e comportada,
passarás como quem fica, puro plagiário da Ilíada:
vulto suspeito amando a esmo.
Luiz Alberto Pena Kuchenbecker
O poema ontem
o poema ontem
me pegou no adormecer.
mandei que fosse.
qual goteira em desamarro
tanto mar bateu às portas
tive eu
de construir torneiras
a estancar a enxurrada.
na úmida manhã
feito destino
acordado sobre a mesa
o poema das marés.
Jandyra Kondera Mengarelli
vovô
O velhinho lá da esquina
já sabe que te amo.
Riu muito quando me viu
passar na tua porta
com este olhar imbecil
que fico quando te vejo
É um velhinho
muito esperto
e reconhece o desejo
que carrego escondido
até de mim...
mas que não engana
esta ciência que só
os velhinhos tem...
Wilmar Gonçalves de Lima
Guerra moderna
corre
abaixa
é natasha
ela morre
agorinha
na minha tv
as pessoas na ponte
com alvos no peito
estão tão prontas no prompt
já mortas de medo
mas ainda querem morrer
ao vivo na minha tv
João Otávio Malheiros
O vento outonal
O vento outonal
tece um tapete folhado
ao longo da rua.
Delores Pires
Primaveril
O cheiro da flor
e a risada dos meninos
dentro da chuva
são da mesma cor
Hamilton Faria
Ao ais
Dentro deste minuto
(oportuno?)
os ais dos homens pararam.
Leopoldo Scherner
Que fumaça pálida
Que fumaça pálida
Tentando atravessar
Minha garganta travada
Que bar enfumaçado
Tudo fechado
Que bando de olhos arregalados
Tentando transpassar a fumaça
Que fumaça atrevida
Tentando parar meu coração
Que fumaça esganiçada
Tentando cantar um rock-and-roll
Decididamente que fumaça louca.
Tentando clivar meu coração
Bia de Luna
retardatário
felizes estigmas
dos ventos de outono
se deixam
levados
álamos sejam louvados
mesmo que varridos
pelos garis
Jane Sprenger Bodnar
Amor
Apesar de sua induração,
o ferro,
renitente e inflexível,
consente à umidade
o gozo escarlate da ferrugem.
Edival Perrini
Deixo os papéis sobre a mesa da memória
Deixo os papéis sobre a mesa da memória
Esqueço versos sob o arco do céu
Arranjo numismáticas e lógicas para o tempo
Retiro celulóidedos filmes, esgaço sulcos dos discos
Reparto nuvens com a solidez de vidraça
Armazeno fios de tapete
Cravo dores nos recortes fotográficos
Do sol, os avarandados
Do vaso, a mínima rosa.
Marco Antônio de Menezes
Ecos para Catatau
Vai, Paulo! Ser pedreira na vida.
Saiba que viver será sucinto
e que não serás freguês distinto
com o peito infernado de tanto coração.
Aqui neste lugar, onde nada pára
para ser ventura,
carregarás o peso da dor
como se doer fosse poesia.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto será teu coração
condenado a ser exato:
- matéria é mentira.
Mestre em desastres numa Curitiba acrílica e comportada,
passarás como quem fica, puro plagiário da Ilíada:
vulto suspeito amando a esmo.
Luiz Alberto Pena Kuchenbecker
O poema ontem
o poema ontem
me pegou no adormecer.
mandei que fosse.
qual goteira em desamarro
tanto mar bateu às portas
tive eu
de construir torneiras
a estancar a enxurrada.
na úmida manhã
feito destino
acordado sobre a mesa
o poema das marés.
Jandyra Kondera Mengarelli
vovô
O velhinho lá da esquina
já sabe que te amo.
Riu muito quando me viu
passar na tua porta
com este olhar imbecil
que fico quando te vejo
É um velhinho
muito esperto
e reconhece o desejo
que carrego escondido
até de mim...
mas que não engana
esta ciência que só
os velhinhos tem...
Wilmar Gonçalves de Lima
Guerra moderna
corre
abaixa
é natasha
ela morre
agorinha
na minha tv
as pessoas na ponte
com alvos no peito
estão tão prontas no prompt
já mortas de medo
mas ainda querem morrer
ao vivo na minha tv
João Otávio Malheiros
O vento outonal
O vento outonal
tece um tapete folhado
ao longo da rua.
Delores Pires
Primaveril
O cheiro da flor
e a risada dos meninos
dentro da chuva
são da mesma cor
Hamilton Faria
Ao ais
Dentro deste minuto
(oportuno?)
os ais dos homens pararam.
Leopoldo Scherner
Que fumaça pálida
Que fumaça pálida
Tentando atravessar
Minha garganta travada
Que bar enfumaçado
Tudo fechado
Que bando de olhos arregalados
Tentando transpassar a fumaça
Que fumaça atrevida
Tentando parar meu coração
Que fumaça esganiçada
Tentando cantar um rock-and-roll
Decididamente que fumaça louca.
Tentando clivar meu coração
Bia de Luna
sábado, janeiro 10, 2009
sexta-feira, janeiro 09, 2009
pensar até explodir
(para Reka)
Pensar pensar até explodir
e não estar nem mais lá nem aqui
Em você apenas e
mudar a cada susto tomado
a cada choque em tomadas
a cada tomada de decisão
Parar pra pensar em você
enquanto o relógio preso na bomba
cria a intenção da
primeira guerra nuclear
Beijar a sua boca e cortar
o fio azul que controla
o tempo
Pensar pensar e explodir mesmo
em segundos, minutos, meses, anos,
da sua vida.
Alexandre França
Paula (de costas), Priscila, Marcelo (de costas).
a
a
a
abúlicos também amam
Beber no bar é alucinação coletiva,
terapia de grupo em trânsito de doido.
Sofrer entre amigos custa mais e não dói,
a lágrima corre menos que a bebida,
mas antes gargalhos sobem pelos gargalos.
Cada um sabe de si aonde apertam os calos.
Ninguém está a salvo do vexame total:
cair de quatro após pendurar a conta.
Divergir de alguém na euforia sempre é fatal
e pro bar um prejuízo certo de grande monta.
Depois da décima segunda saideira,
podemos ficar aqui, juntos, a vida inteira!
Édson de Vulcanis e Thadeu W
Beber no bar é alucinação coletiva,
terapia de grupo em trânsito de doido.
Sofrer entre amigos custa mais e não dói,
a lágrima corre menos que a bebida,
mas antes gargalhos sobem pelos gargalos.
Cada um sabe de si aonde apertam os calos.
Ninguém está a salvo do vexame total:
cair de quatro após pendurar a conta.
Divergir de alguém na euforia sempre é fatal
e pro bar um prejuízo certo de grande monta.
Depois da décima segunda saideira,
podemos ficar aqui, juntos, a vida inteira!
Édson de Vulcanis e Thadeu W
incomodados que se retirem
Eu, sentado sozinho no bar,
ela, único destino do meu olhar.
O cara que a acompanha vê
que eu a vejo e deixo perceber.
Não estou nem aí pro idiota,
sei quando uma fêmea me nota
e põe em cada gesto sedução,
malícia e uma segunda intenção.
Quanto mais tentam disfarçar,
muito mais eu tenho a observar.
Nela, a feminilidade, a graça;
nele, a instabilidade, a farsa.
Nos dois, o real desequilíbrio,
todo movimento deixa vestígio.
Como não levanto, vão embora
e dizem algo da boca pra fora!
Comedor de Ranho
vida embriagada
fugi pra onde te conheci
você percebeu que eu te percebi
disse oi na chegada e
vem cá na saída
único amor da minha vida embriagada
passei por cima do seu cadáver
e vi que você ressuscitou
subiu aos céus da minha vida
daqui não sai
daqui ninguém te tira
único amor da minha vida embriagada
(thadeu w, marcos prado e walmor goes)
café de sempre
é bom bebê-lo, café, o dia inteiro
no caneco de chope, incessantemente,
essa mania de ficar fraco e doente
é pra quem escreve de caneta tinteiro
na língua marrom se insinua
bálsamo enigmático elegido
néctar que me põe comovido
solene labirinto da sempre alma nua
lá pelas tantas no sorvedouro do sabor
ergue-se um altar onde docemente
o café é melhor que muita gente
minha vida vai moída com você no coador
e mesmo que nos pele a água fervente
um bule só não basta para tanto amor
(thadeu w e roberto prado)
quinta-feira, janeiro 08, 2009
Rir faz bem.
Kato Matsuda, descendente de japoneses e nascido em Curitiba, um dos maiores inventores do mundo, finalmente fez contato com um grupo internacional de mega investidores:
- Encontro vocês então às 8,00 h da manhã no saguão do Maksoud Plaza.
- Não se atrase, pois às 8,30 h embarcamos para Paris e esta viagem é inadiável.
- O valor da entrada vem em dinheiro, como eu pedi.
- Sim, 20 milhões de dólares, em cash – finalizou e desligou Henry Mallory, presidente do mega grupo Star Money de investimentos.
Kato, deu pulos de alegria e, imediatamente, tratou de planejar a sua viagem. Primeiramente ligou para o Serviço de Metereologia. Tempo ruim, sujeito a chuvas e tempestades ocasionais. Decidiu, então, que a maneira mais segura, para chegar em São Paulo, seria de ônibus. Foi à Rodoviária e, depois de muito insistir, conseguiu comprar uma passagem para o Rio de Janeiro, já que para a capital paulista estava tudo lotado.
"Vai ser ótimo, chego às 4,00 h, vou direto ao hotel, tomo um bom banho, desço para o café, fecho o negócio e meto a mão na bufunfa." Esfregou feliz as mãos e, em seguida, começou a pular e a gritar de euforia: "Estou rico, rico! Milionário!"
Às 21,00 h, Kato já estava na rodoviária. Foi direto ao escritório da empresa de ônibus, conversar com o gerente, para explicar que tinha um sono muito profundo e que haveria necessidade de acordá-lo na parada em São Paulo. Deu ao gerente, como estímulo, uma gorjeta de 2 mil dólares. O gerente, imediatamente, chamou o motorista. Depois de tudo mais um vez bem explicado e combinado, Kato deu também ao motorista a mesma quantia de gorgeta.
Às 21,30 h, pontualmente, o ônibus partiu. Antes de pegar no sono, Kato pensou: "Está tudo certo, não há maneira de sair alguma coisa errada, posso dormir tranquilo."
Ao acordar, a primeira coisa que Kato viu foi o Cristo Redentor de braços abertos para a cidade do Rio de Janeiro. Aos berros atirou-se na direção do motorista: "Eu te mato, filho da puta! Desgraçado, porco, miserável. Eu vou te esfolar vivo." Chutando pessoas e poltronas, finalmente, alcançou o motorista e começou a porreteá-lo.
Toda aquela gritaria, acabou acordando um passageiro: "Que cara nervosinho esse japonês, hein?" Disse ao passageiro, sentado ao seu lado.
- Nervoso? Esse aí pra você é nervoso? Você não viu nada ainda, amigo. Você precisa ter visto o japonês que deixaram em São Paulo.
segunda-feira, janeiro 05, 2009
O Sérgio Viralobos ainda mora aqui.
Domingão, 2 da tarde, eu, Edson e Catarina marchamos para o centro. Destino: Stuart, no comecinho da Cabral. Objetivo: encontrar o Sérgio Viralobos e escrever. Dei uma passada na Caixa e saquei R$ 60,00. Catarina nos deixou e da rua das flores fomos a pé até o bar. Chegamos exatamente às 2,45 h. Sentamos, ao fundo, à mesa onde estavam os jornais. O garçom lépido aproximou-se e ouviu:
“daqui a pouco a gente pede.”
O Edílson liga dizendo que está no brasileirinho e ouve: “vamos para aí assim que o Sérgio chegar.” Ele demora e o garçom nos olha. Pedimos dois chopps e o Sérgio chega junto com os chopps. Pede mais um. Bebemos e lemos uma matéria sobre Lou Reed, o roqueiro ranzinza. Decidimos qual seria o primeiro tema. Pagamos e caímos fora. Vamos andando até o largo da ordem, no caminho mais um tema o calote que os EUA ameaçam dar no mundo. Só para o Brasil eles devem duzentos bilhões de dólares. Pra China, um trilhão.O jornal Economist já deu as tintas: moratória! Pagar em 50 anos sem juros. Ou seja : calote. Chegamos ao brasileirinho, o bar completamente lotado. Não dá pra escrever. Vamos para o marco zero. Completamente vazio. Estamos sem papel. O dono nos dá um calendário de parede de 2008. Escrevemos o primeiro poema O ROQUEIRO RANZINZA. Pinta um novo tema, ABORTO. Saio e arranjo duas folhas de toalha de papel. Oito cervejas já estavam no papo. Pedimos mais 4. E terminamos o segundo poema. O Sérgio diz que chega de escrever. Eu insisto em continuar e escrevermos sobre o CALOTE. Vai que é um upa. Guardo no bolso os 3 poemas e digo: “amanhã estão no blog.” Tomamos mais 4 e o Sérgio tem que ir. Amanhã de manhã ele tem que estar no Pará. Sai. Ficamos eu, Edilson e Edson, como sempre. Daí chegou um pseudo poeta completamente bêbado e encheu nosso saco. Fomos embora, cada um para um lado, a tarde já estava caindo de madura. E o domingo já tinha dado tudo
O Edílson liga dizendo que está no brasileirinho e ouve: “vamos para aí assim que o Sérgio chegar.” Ele demora e o garçom nos olha. Pedimos dois chopps e o Sérgio chega junto com os chopps. Pede mais um. Bebemos e lemos uma matéria sobre Lou Reed, o roqueiro ranzinza. Decidimos qual seria o primeiro tema. Pagamos e caímos fora. Vamos andando até o largo da ordem, no caminho mais um tema o calote que os EUA ameaçam dar no mundo. Só para o Brasil eles devem duzentos bilhões de dólares. Pra China, um trilhão.O jornal Economist já deu as tintas: moratória! Pagar em 50 anos sem juros. Ou seja : calote. Chegamos ao brasileirinho, o bar completamente lotado. Não dá pra escrever. Vamos para o marco zero. Completamente vazio. Estamos sem papel. O dono nos dá um calendário de parede de 2008. Escrevemos o primeiro poema O ROQUEIRO RANZINZA. Pinta um novo tema, ABORTO. Saio e arranjo duas folhas de toalha de papel. Oito cervejas já estavam no papo. Pedimos mais 4. E terminamos o segundo poema. O Sérgio diz que chega de escrever. Eu insisto em continuar e escrevermos sobre o CALOTE. Vai que é um upa. Guardo no bolso os 3 poemas e digo: “amanhã estão no blog.” Tomamos mais 4 e o Sérgio tem que ir. Amanhã de manhã ele tem que estar no Pará. Sai. Ficamos eu, Edilson e Edson, como sempre. Daí chegou um pseudo poeta completamente bêbado e encheu nosso saco. Fomos embora, cada um para um lado, a tarde já estava caindo de madura. E o domingo já tinha dado tudo
que tinha que dar.
Polaco da Barreirinha
Polaco da Barreirinha
O DIA QUE TITIO SAM DEU O CALOTE
a queda do muro de wall street
trouxe a américa de novo ao mundo
e a merda deles fedeu mais que a nossa
se eu te contar o que vem por aí
vou ter que te matar depois
os carrões não bombam mais gasolina
e a era de aquarius acabou em pisces
venham me cobrar, seus vagabundos,
pra eu encher seus cus de mísseis!
(edílson del grossi , edson vulcanis,
sérgio viralobos e thadeu w)
ESTADO DESINTERESSANTE
passei a tarde te esperando
na saída da clínica do dr. amarantes
você saiu com a cara murcha
e me deixou ainda mais sem graça
pena que a garrafada não fez efeito
e agulha de tricô é muita judiação
sei que deus nunca vai me perdoar
mas pelo menos tem mais um anjinho no céu
(edílson del grossi , edson vulcanis,
sérgio viralobos e thadeu w)